R.B. 8/JUN/18 "Quase todas suas cartas na mesa"



"Quase todas suas cartas na mesa"

São Paulo, 8 de junho de 2018 (SEXTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, para fechar em território negativo pelo quarto pregão consecutivo, acompanhando as perdas das demais bolsas mundiais, prejudicada pelo recuo das commodities e em um movimento de cautela antes da divulgação de uma pesquisa eleitoral com intenções de voto para presidente e (2) o DÓLAR pode cair, “aliviado artificialmente” pelo aumento substancial do volume de vendas do BC, porem deve-se ressaltar que a tendência da moeda norte-americana segue sendo de alta, impulsionada tanto por fatores internos quanto externos.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -3,0%, ampliando as perdas acumuladas no ano (-3,3%) e nos últimos 30 dias (-11,0%), com excelente volume de negócios (R$ 20,0bi) e influenciada pela crescente deterioração da confiança na política e na economia tupiniquim, que se intensificam diante dos “rumores” de saída de Ilan Goldfajn da presidência do BC e de nova queda de Alckmin nas pesquisas de intenção de votos e (2) o DÓLAR 2,1% à R$ 3,91, para fechar no maior patamar desde 1/MAR/16, acompanhando a piora do “humor” na bolsa tupiniquim e impulsionado pela fuga cada vez maior de investidores estrangeiros, mesmo com o BC fazendo leilões extras de venda de swap cambial.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão 0,9%, em alta pelo quarto pregão seguido, desta vez graças ao bom desempenho de ações financeiras e de montadoras e China -0,2%, apesar de Pequim ter assegurado que teve um "progresso concreto" em sua mais recente rodada de negociações comerciais com Washington, (2) da EUROPA, Inglaterra -0,1%, França -0,2% e Alemanha -0,2%, em um dia marcado pela cautela com incertezas políticas no Reino Unido e na Itália e pela força do euro, que prejudica companhias exportadoras listadas nas bolsas do continente e (3) dos EUA, sem uma tendência única, S&P -0,1% e DJ 0,4% e NASDAQ -0,7%, divididas entre a realização de lucros do setor de tecnologia e a consolidação das “apostas” de dos investidores de economia mais forte em solo norte-americano.

Em uma espécie de 6 contra 1, na qual o 1 é mais forte, hoje as 7 maiores potências econômicas mundiais irão se reunir para a cúpula do G7 e Trump, presidente dos EUA, enfrentará sozinho, e com bons argumentos e boas chances de vitória, as reclamações e “o chororô” de França, Reino Unido, Alemanha, Canadá, Japão e Itália sobre (1) tarifas contra o aço e o alumínio, (2) saída do acordo nuclear com o Irã e (3) a questão da farsa do aquecimento global.

“Na frente” do Brasil em termos de reformas, a Argentina, governada pelo brilhante presidente Macri, anunciou ontem que concluiu um financiamento de US$ 50bi com o FMI, o que representa o maior empréstimo já negociado pelo país com o Fundo.

Colocando “quase todas suas cartas na mesa”, ontem, após o fechamento do pregão, Ilan Goldfajn, presidente do BC tupiniquim, “avisou” que (1) intervirá no mercado vendendo US$ 20bi até o final da próxima semana para conter a disparada do dólar e usará todos os recursos disponíveis caso a volatilidade cambial se agrave e (2) não realizará uma reunião extraordinária para elevar os juros com o objetivo de conter a desvalorização do real ante o dólar.

O economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, ressaltou que os investidores, que antes estavam comprando bolsa e vendendo dólar, resolveram mudar estas posições radicalmente nos últimos dias, diante de um cenário eleitoral muito incerto e um quadro de deterioração fiscal sem solução à vista.

Segundo um relatório divulgado ontem pelo JP Morgan, a complacência dos investidores com o Brasil chegou ao fim desde que o governo Temer cedeu aos apelos dos caminhoneiros e empresários e decidiu intervir na elogiada política de repasse de preços praticada pela Petrobras

Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, alertou que o quadro político brasileiro é tão nebuloso que não se sabe com relativo grau de certeza nem quem vai para o segundo turno e, para piorar, a greve dos caminhoneiros levou o governo Temer a tomar medidas populistas que alimentam a expectativa de que um nome com esse perfil pode ter mais chances de vencer as eleições em OUT/18.

Esperando pelo pior, Rogério Xavier, um dos fundadores da SPX Capital, afirmou, em um evento do BTG, que o dólar pode bater R$ 5,30 ainda este ano, especialmente por conta da instabilidade eleitoral.

Confirmando, com números, os discursos pessimistas de investidores, economistas e analistas com o futuro da economia tupiniquim, ontem o risco Brasil, principal termômetro do “humor” dos investidores com o país, atingiu 254,2pts, o que representa o maior patamar desde MAI/17 e foi impulsionado principalmente pelas incertezas com o cenário eleitoral com os dois pré-candidatos mais bem colocados, Bolsonaro e Ciro, vistos como pouco reformistas.

-    A Tesla caiu -1,2% na bolsa de NY, após a Daimler, que subiu 1,0% na bolsa da Alemanha, divulgar um caminhão de grande porte totalmente elétrico que prometeu colocar em produção em 2021.

Política:

Hoje, 1 dia após a presidenta petista Gleisi ameaçar mais uma vez, obviamente sem assustar ninguém, que se Lula não for solto o “caos social” vai aumentar, o PT lançará a candidatura presidencial do referido ex-presidente e atualmente presidiário, que se tudo ocorrer dentro da lei e confirme esperado não poderá concorrer e levará o PT a encolher bastante após estas eleições.

Incapaz de ficar 1 dia sem dar uma declaração de impacto, geralmente negativo, ontem o tucano FHC escreveu um artigo para o “Washington Post” em que se diz preocupado com as “condições revolucionárias” que estão se desenvolvendo no Brasil, ressaltando que “os vingadores estão se preparando para cortar as cabeças dos poderosos e são aplaudidos pela população”.

Vagabundos, como a maioria dos eleitores que colocaram eles lá, o Senado decidiu que, nos dias de jogos da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo, os trabalhos serão reduzidos a meio expediente.

Podendo representar mais uma derrota para Alckmin, Marcio França, governador de SP e ex-vice do referido presidenciável tucano, afirmou ontem para Rodrigo Maia, presidente da Câmara e candidato à presidente do Brasil pelo DEM, que o PSB deve apoiar a candidatura presidencial de Ciro Gomes.

Ressaltando que “quem decola é avião”, ontem, em visita à Bahia, Alckmin, candidato tucano à presidente do Brasil, repetiu pela enésima vez que a campanha ainda não começou para tentar justificar seu desempenho pífio nas pesquisas.

Colocando mais um tucano à caminho da cadeia, Edson Fachin, ministro do STF, determinou a abertura de inquérito para investigar Paulo Bauer, senador pelo PSDB de Santa Catarina, que é acuado de corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro.

Mostrando que a ideologia passa longe de mais de 90% dos partidos políticos tupiniquins, o DEM, que não gosta de ser oposição, estuda seriamente apoiar a candidatura presidência de Ciro Gomes, do PDT.

Mostrando que existem usos um pouco mais “divertidos” para o maldito e criminoso fundo eleitoral do que comprar votos, Vitor Nósseis, fundador e ex-presidente do Partido Social Cristão, usou, segundo investigações do Ministério Público de MG, estes recursos para pagar prostitutas.

Crítica:

Lembrando bastante o fatídico governo Sarney, o tabelamento de fretes, uma das medidas que o governo Temer adotou para negociar o fim da paralisação dos caminhoneiros, conforme esperado já é motivo de uma grande quantidade de ações na Justiça, o que trará ainda mais insegurança jurídica ao país.

Confirmando, pela enésima vez, a urgência em se privatizar 100% das estatais tupiniquins, a Caixa torrou R$ 16,6mi para reunir, em MA/18, 6.000 funcionários no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para uma festa que terminou com uma micareta e foi apresentada por artistas globais.

PAZ, amor e bons negócios;

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