R.B. 6/JUN/18 "A Venezuela começou assim"



"A Venezuela começou assim"

São Paulo, 6 de junho de 2018 (QUARTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em queda, para zerar a valorização ainda acumulada no ano (0,4%), prejudicada pelo aumento das tensões políticas e pela redução das expectativas de recuperação da economia tupiniquim e (2) o DÓLAR pode subir, novamente desprezando os leilões de venda do BC, que a esta altura do campeonato só queimam reservas e não servem para nada, e novamente seguindo a esperada piora do “humor” na bolsa brasileira.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -2,5%, retornando à sua trajetória rumo aos 70.000pts após 4 pregões seguidos de alta, já que é cada dia mais pressionada pelo gradativo e constante aumento da instabilidade política e econômica tupiniquim e (2) o DÓLAR subiu 1,8% à R$ 3,81, para fechar o dia no maior patamar desde 3/MAR/16, impulsionado pelos mesmos motivos que derrubaram a bolsa brasileira e reduziram o fluxo positivo de recursos externos.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,3% e China 0,7%, seguindo o tom positivo de NY no dia anterior e impulsionadas por ações de fabricantes de bens de consumo, (2) da EUROPA, sem uma tendência única, Inglaterra -0,7%, pressionada pela venda pelo governo britânico de uma fatia de 7,7% de suas ações no Royal Bank of Scotland, que recuaram -5,30%, França -0,2%, com destaque de queda para a da aérea Air France-KLM (-5,0%) e Alemanha 0,1%, sustentada pelo bom desempenho das ações do setor de tecnologia, como SAP (1,2%) e Infineon (2,7%) e (3) dos EUA, sem direção única, porem com o NASDAQ fechando no maior patamar da história pelo segundo pregão seguido, S&P 0,1%, DJ -0,1% e NASDAQ 0,4%, já que o otimismo visto com as techs não ocorreu com as ações do setor financeiro por conta das tensões comerciais envolvendo o país.

Segundo Hersz Ferman, economista da Elite Corretora, o “mau humor do mercado” vem da constatação de que o governo Temer, que se apresentava como liberal, reformista e de gestão profissional, parece ter jogado tudo isto fora e, o apoio popular à greve dos caminhoneiros, evidenciou que os eleitores se mostram resistentes a reformas, fatores que somados devem piorar ainda mais o quadro fiscal doméstico e fazer o Brasil perder atratividade aos olhos do investidor estrangeiro.

Apesar da forte oposição dos donos de farmácias, que não desejam o aumento da concorrência, o governo federal avalia permitir que supermercados atuem na venda de remédios sem prescrição médica, o que ajudaria a reduzir os preços.

Causando enormes prejuízos aos cofres públicos e por isto sob protestos da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, ontem à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou um projeto que regulamenta a concessão de benefício fiscal no país, flexibilizando ainda mais o Refis, o que beneficia principalmente as grandes empresas caloteiras.

Começando a matar, conforme já era de se esperar, a política de preços da Petrobrás, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis anunciou ontem que vai abrir consulta pública para discutir a periodicidade dos reajustes de combustíveis no país.

Em ABR/18, ainda sem impacto da greve dos caminhoneiros, as vendas dos supermercados brasileiros recuaram -5,84% na comparação com ABR/17 e despencaram -12,6% na comparação com MAR/18.

Segundo um comunicado divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, a paralisação dos caminhoneiros gerou prejuízos de cerca de R$ -5bi ao setor agropecuário, exigirá em alguns casos mais de um mês para regularização do abastecimento e causará aumentos de preços para os consumidores nas próximas semanas.

Provavelmente obrigando o Copom a começar pensar em elevar a taxa básica de juros, (1) segundo projeções da FGV, a paralisação dos caminhoneiros ocorrida em MAI/18 deve impulsionar o IPCA de JUN/18, que pode superar 1,0% de inflação e assim atingir o maior patamar desde JAN/16 e (2) os consumidores tupiniquins devem pagar, em média, 25,7% a mais na conta de luz no final deste mês, na comparação com JUN/18.

Na última sexta-feira, quando a Petrobrás despencou -14,6% por conta da confirmação da saída de Pedro Parente da empresa, e mesmo assim o Ibovespa subiu 0,6%, os investidores estrangeiros, que não são bestas, retiraram R$ -912,4mi da bolsa tupiniquim, ampliando o saldo líquido negativo acumulado em 2018 para R$ -4,9bi.

Praticamente confirmando que vai destruir a política de preços da Petrobrás, o presidente Temer, desconsiderando as noções básica de comercio global de commodities, afirmou que a diminuição da dependência do Brasil na importação de combustíveis evitará futuras greves nacionais pela redução do preço de derivados do petróleo.

-    O Banco do Brasil recuou -6,4%, já que é um importante termômetro do risco político e sofre com as medidas cada dia mais populistas do corrupto, ineficiente e impopular governo Temer.
-    A Petrobras caiu -5,4%, diante dos sinais cada vez mais claros da intenção do governo Temer de destruir a política de preços da empresa e de, assim como faziam Dilma, Lula e FHFC, usar politicamente a empresa para fazer populismo com o dinheiro dos acionistas.

Política:

Sem moral e provavelmente “já dando bom-dia para cavalo”, o presidente Temer ordenou à sua submissa e corrupta equipe ministerial que não divulgue mais especulações que causem alarmismo no mercado financeiro.

Sem nenhum interesse dos “nobres parlamentares”, que em sua grande maioria são financiados e corrompidos pelas grandes empresas tupiniquins, já foi adiada 2 vezes a votação de um projeto de lei que pretende criar incentivos para empresas lesadas por cartéis buscarem a Justiça.

Esquecendo-se de que “quem pergunta quer resposta”, Alckmin, candidato tucano a presidente com o pior desempenho da história, questionou publicamente seus correligionários sobre a vontade deles de trocar de candidato ao Palácio do Planalto.

O fantasma de Doria ronda Alckmin como um possível substituto na campanha, mas as sondagens mais recentes mostram que o ex-prefeito de SP tem um desempenho tão tímido quanto o de seu padrinho, o que de certa forma serve de alívio para o ex-governador, embora revele que o PSDB tem poucas alternativas.

Nanico e sem votos, Meirelles, cujo único atrativo ao PMDB são os milhões de reais que pretende injetar no partido para bancar seu sonho de ser presidente do Brasil, irritou bastante o presidente Temer ao afirmar em uma entrevista que não é candidato do governo.

Beneficiando pelo menos 4.000 servidores públicos e rapinando cerca de R$ -1bi dos cofres públicos de SP, ontem o plenário da Assembleia Legislativa de SP aprovou uma proposta do deputado estadual Campos Machado, do PDT, que equipara o teto salarial do funcionalismo público do Estado ao dos desembargadores do Tribunal de Justiça.

Certamente com uma boa dose de razão, Bolsonaro acredita que a desordem na centro-direita levará a um segundo turno entre ele e um candidato do campo da esquerda, o que obviamente é o melhor dos cenários para o candidato do PSL.

Rodrigo Maia recebeu ontem um pedido de instauração de uma “CPI das delações premiadas”, iniciativa que revela o desespero dos réus da Lava Jato com a recente condenação de Nelson Meurer, do PP, e o iminente julgamento de Gleisi Hoffmann, do PT.

Se isolando cada vez mais e, em defesa do bandido do Lula, levando o PT para o abismo, ontem os dirigentes do referido partido decidiram cancelar todas as alianças eleitorais nos estados do país.

Com o deputado Rodrigo Garcia, do DEM, praticamente escolhido para ser o candidato à vice-governador de SP na chama do tucano Doria, está quase certo que o PP apoiará a candidatura de Marcio França ao governo do referido estado.

A proposta de criação de um consórcio partidário que tenta assumir a marca de “centro”, que até agora vaga sem rumo falando apenas 4 meses para a eleição, tem o principal objetivo de manter os velhos corruptos no poder e impedir uma renovação política.

Crítica:

Apoiada por eleitores de Lula e de Bolsonaro, a greve dos Caminhoneiros, cujo desfecho foi o pior possível, confirmou, mais uma vez, que erros dos governos podem ser mais destrutivos do que os dos mercados e que, pior, sempre terminam na socialização dos prejuízos, isto é, a conta é paga por quem não tem nada a ver com eles, ou seja toda a sociedade tupiniquim.

Ressaltando que “a Venezuela começou assim”, as distribuidoras de combustíveis dizem desconhecer base legal para o controle de preços nos postos e criticaram declarações de ministros de Temer sobre o uso de força policial para garantir que o repasse dos descontos prometido pelo governo chegue de forma integral às bombas.

PAZ, amor e bons negócios;

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