R.B. 22/JAN/18 "Efeito cascata"



"Efeito cascata"

São Paulo, 22 de janeiro de 2018 (SEGUNDA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, realizando lucros após avançar 2,4% na semana passada, 6,3% no ano e 25,9% nos últimos 12 meses, seguindo as perdas das demais bolsas mundiais, influenciadas pela paralização do governo norte-americano, e em um movimento de cautela antes do julgamento de Lula e (2) o DÓLAR pode subir, respeitando o “suporte” dos R$ 3,20, impulsionado pelos mesmos motivos que devem derrubar a bolsa tupiniquim e acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana.

Sexta-feira, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,3%, recuperando no final do pregão as perdas da abertura, para fechar o dia novamente no maior patamar da história (aos 81.219pts), sustentada principalmente por ordens de compra de investidores não-residentes em blue chips do setor financeiro, como Itaú (0,8%) e Bradesco (0,7%) e (2) o DÓLAR caiu -0,3% à R$ 3,20, se firmando no terreno negativo apenas no período da tarde, influenciado por um maior ingresso de recursos no País, apesar da queda do petróleo no mercado internacional e da cautela dos mercados em relação a uma possível paralisação do governo norte-americano.

Também sexta-feira, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, desdenhando das perdas das bolsas de NY no dia anterior, Japão 0,2% e China 0,4%, com destaques de alta para as ações de corretoras e financeiras, (2) da EUROPA, fechando a terceira semana consecutiva com ganhos, Inglaterra 0,4%, França 0,6% e Alemanha 1,1%, impulsionadas pelas ações de empresas dos setores industrial e de tecnologia e (3) dos EUA, com o S&P e o NASDAQ nos maiores patamares da história, já que os investidores desdenharam da possibilidade de paralisação do governo do País, S&P 0,4%, DJ 0,2% e NASDAQ 0,6%, beneficiadas principalmente pela valorização das ações dos bancos, como Goldman Sachs (2,0%), Citigroup (1,2%) e Morgan Stanley (2,9%).

Lançada, como já é tradição, na véspera do início dos encontros anuais do Fórum Econômico Mundial, que é o grande convescote da elite empresarial do planeta, a pesquisa da consultoria PwC, que mede o estado de ânimo do empresariado global, indicou que neste ano 57% dos consultados estão otimistas e dizem que o crescimento da economia global vai melhorar nos próximos 12 meses, número que praticamente duplica a porcentagem de otimistas do ano anterior (29%), com destaque positivo para o Brasil, onde 80% dos executivos esperam um maior crescimento global.

Sem a reforma da Previdência aprovada e com a “nota” do Brasil recentemente rebaixada pela S&P, a única coisa legal sobre o seu país que o presidente Temer levará para o fórum econômico de Davos é o projeto de lei que pretende privatizar a Eletrobrás.

Confirmando o “apetite” dos investidores externos para ativos brasileiros, com uma demanda 4 vezes maior que a oferta e pagando juros menor que o esperado, o governo brasileiro realizou uma emissão de US$ 1,5bi em bônus externos com vencimento em 2047.

Após o rebaixamento da “nota” do Brasil pela S&P, a equipe econômica tupiniquim prevê um “efeito cascata” nas agências Moody’s e Fitch, porem a ordem de Meirelles, ministro da Fazenda, é repetir como um papagaio que a inflação e os juros estão nos menores patamares da história e que o país tem reservas cambiais para blindar sua economia.

Se aproveitando do fim da recessão econômica e da melhora das margens de lucro para, pela primeira vez em 4 anos, aumentar o envio de lucros e dividendos do Brasil para suas matrizes no exterior, entre NOV/17 e os primeiros dias de JAN/18 a remessa de lucros e dividendos de multinacionais cresceu 34% na comparação com 1 ano antes.

Segundo a consultoria KPMG, no ano passado, diante da queda da taxa de juros e do aumento da confiança, foram registradas 830 operações de fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras, atingindo assim o maior patamar anual da história e representado um crescimento de 12% em relação ao resultado de 2016.

Ressaltando que recessão ajudou a reduzir os preços de ativos e atraiu investidores, o Ministério do Planejamento brasileiro anunciou que no ano passado a China investiu US$ 20,9bi no Brasil, o que representou o maior valor desde 2010.

Se preparando para ir à Davos, na Suíça, para representar seu banco, Luiz Trabuco, presidente do Bradesco, afirmou que a idade mínima de aposentadoria já é um consenso entre os brasileiros e que a reforma da Previdência vai acontecer neste governo ou no próximo.

Ressaltando que a eventual capitalização de R$ 15bi do banco com recursos dos trabalhadores depositados no FGTS teria como objetivo apenas elevar o crédito em ano eleitoral, especialistas e integrantes do próprio governo “garantem” que a Caixa não precisa de dinheiro novo para continuar emprestando neste ano e, talvez, nem mesmo em 2019.

-    A Thyssenkrupp disparou 4,2% na bolsa de Londres, após o executivo-chefe da empresa ter confirmado as metas da fabricante de aço para 2018 e que seguem com os planos de fusão com a Tata Steel.
-    A IBM caiu -4,0% na bolsa de NY, após a empresa anunciou que registrou prejuízo líquido de mais de US$ -1bi no quarto trimestre do ano passado.
-    A Volkswagen avançou 2,1% na bolsa alemã, após o Deutsche Bank divulgar um relatório elevando sua recomendação de compra para as ações da empresa.

Política:

Indicando, como já era de se esperar, que são remotas as chances de aprovação da reforma da Previdência em FEV/18, o governo Temer já trabalha com um “plano B”, que seria fazer um último esforço de aprovação da matéria em NOV/18, após as eleições.

Confirmando as suspeitas, uma investigação encomendada pela Caixa a escritórios externos indica que o presidente do banco, Gilberto Occhi, usa o cargo para atender interesses de políticos de seu partido, o PP, e de outras siglas da base aliada de Temer.

Em cerca de 10 dias, o Ministério de Minas e Energia, espera apresentar ao Congresso um projeto de lei com um novo marco legal para o setor elétrico do país que deve reduzir o papel do governo, alterar o modelo de dinheiro subsidiado para o setor e uso de estatais, além de abrir o mercado.

Preso em 2015 por ser suspeito de planejar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, André Esteves, do BTG, é um dos banqueiros e empresários com quem Meirelles, ministro tupiniquim Fazenda, se reunirá em Davos.

Uma investigação independente contratada pela Caixa Econômica Federal encontrou uma troca de e-mails que prova que o grupo de José Sarney recorreu a um indicado dele no banco para um favor eleitoral em 2010.

Prevendo uma derrota nesta semana, a defesa de Lula marcou novo ato público para debater o caso “nos âmbitos nacional e internacional”, para o dia 29/JAN/18, em SP, quando deve ser anunciada uma nova petição do ex-presidente à ONU.

Pré-candidato ao Planalto e presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, com o objetivo de costurar alianças, viajará uma vez por semana a Brasília até ABR/18, quando deixa o governo paulista para entrar definitivamente em campanha.

Aliados e entusiastas da candidatura presidência do democrata Rodrigo Maia, atual presidente da Câmara, querem que ele coloque na pauta de votação da Casa temas de apelo popular, como a revogação do Estatuto do desarmamento.

Crítica:

Para o desespero dos corruptos, a partir de 27/FEV/18 Brasília terá uma nova vara especializada em casos de lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e aqueles praticados por organizações criminosas, o que certamente vai agilizar ações penais contra o ex-presidente Lula e outros políticos acusados de envolvimento em esquemas de corrupção.

Com o objetivo claro de perpetuar no poder os bandidos e as organizações criminosas que dominam e governam o Brasil, a Advocacia Geral da União vai recorrer da decisão de uma juíza de primeiro grau de Goiás que mandou o Tribunal Superior Eleitoral permitir a inscrição de candidaturas avulsas, argumentando que isto comprometeria a segurança das eleições.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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