R.B. 19/JUL/17 "É um absurdo dar moleza para caloteiro"



"É um absurdo dar moleza para caloteiro"

São Paulo, 19 de julho de 2017 (QUARTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve voltar a subir, ampliando a valorização acumulada no mês (3,9%) e no ano (8,5%), acompanhando o movimento ascendente das principais bolsas mundiais e novamente beneficiada pela recuperação das commodities e (2) o DÓLAR pode voltar a cair, seguindo a esperada melhora do “humor” na bolsa brasileira, porem deve-se ressaltar que o patamar é interessante para compras, principalmente para quem “aposta” em um corte de -1,0% da taxa básica de juros na reunião do Copom da próxima semana.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,2%, recuperando as perdas da abertura, quando na mínima recuou -0,4%, beneficiada pela valorização das commodities e impulsionada pelas “apostas” de que a taxa básica de juros será cortada em -1,0% na reunião do Copom da próxima semana, porém com baixo volume de negócios (R$ 5,8bi) e (2) o DÓLAR caiu -0,9% à R$ 3,15, principalmente acompanhando a desvalorização internacional da moeda norte-americana, mas também influenciado pelo aumento do fluxo positivo de recursos externos oriundos de exportações, captações e “investimentos”.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão -0,6%, voltando a ficar abaixo da marca psicológica dos 20.000pts, prejudicada pelo fortalecimento do iene ante o dólar, fator que tende a afetar papéis de exportadoras e China 0,3%, favorecida pelo bom desempenho de ações de tecnologia, (2) da EUROPA, Inglaterra -0,2%, França -1,1% e Alemanha -1,2%, pressionadas pela valorização do euro frente ao dólar, pelo recuo das ações dos bancos, como Barclays (-1,9%), Deutsche Bank (-2,5%) e BNP (-1,7%), e pelo anúncio de que o indicador ZEW de sentimento econômico registrou queda em JUL/17 e (3) dos EUA, sem uma direção única, S&P 0,1%, DJ -0,2% e NASDAQ 0,5%, orientados pelos resultados trimestrais de duas empresas, a Netflix, que subiu 13,5%, e o Goldman Sachs, que recuou-2,6%.

Recebendo ao menos uma boa notícia, ontem, em reunião com empresários chineses, o presidente Temer, que visitará novamente a China em SET/17, ouviu que eles pretendem injetar cerca de US$ 65bi nos próximos 4 anos na economia brasileira.

Cobertas de razão, já que “é um absurdo dar moleza para caloteiro”, a Receita Federal e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional recomendaram ao presidente Temer o veto integral do projeto de lei que cria o Programa Especial de Regularização Tributária, popularmente chamado de Refis, e que se implementado lesará os cofres públicos em cerca de R$ -220bi.

Dando uma ótima notícia para a Petrobrás, que não terá mais que pagar tão caro, e ajudando no desenvolvimento da indústria nacional, que terá que evoluir para competir de igual para igual, a Agencia Nacional de Petróleo (ANP), que já tinha reduzido à metade as exigências de compras no país para os próximos leilões de petróleo, cedeu novamente e agora propõe alterar o conteúdo local de contratos já vigentes, com o argumento de que é preciso destravar o investimento no setor.

Com medidas que envolvem a simplificação de processos internos e o descontingenciamento de verbas do órgão, o Ministério da Indústria e Comércio vai abrir uma consulta pública nos próximos meses com propostas para acelerar a liberação de patentes, processo que atualmente demora hoje cerca de 10 anos.

Privatizando, para aumentar a concorrência, elevar a eficiência, reduzir o tamanho do Estado e atualmente também cobrir os rombos dos cofres públicos, o governo Temer espera arrecadar pelo menos R$ 30bi com a venda de usinas da Eletrobrás e pretende usar um terço do valor para compensar o aumento no preço da energia para o consumidor em razão dessa privatização.

Com o BNDES entrando cada dia mais no foco das investigações de corrupção, os desembolsos do referido banco de fomento ficaram em R$ 33,4bi no primeiro semestre deste ano, o que representa uma queda de -16,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o volume foi de R$ 40,2bi.

Tendo o BTG como principal concorrente do setor, a XP Investimentos, uma das maiores corretoras do Brasil, pretende lançar ainda neste ano uma comercializadora de energia elétrica para atuar principalmente em negócios com grandes volumes, no atacado, e na oferta de contratos financeiros de eletricidade.

No piso das expectativas, que variavam entre R$ 15,00 e R$ 19,00, ontem, após o fechamento do pregão, o Carrefour Brasil precificou em R$ 15,00 sua oferta inicial de ações (IPO), levantando R$ 5,1bi e se tornado a maior operação deste tipo no Brasil em 4 anos.

-    O Goldman Sachs caiu -2,6% na bolsa de NY, após anunciar um recuo de -40% na comparação anual em sua receita líquida com renda fixa, câmbio e commodities.
-    A Netflix disparou 13,5% na bolsa de NY, com os investidores “comemorando” o balanço positivo da empresa no segundo trimestre.
-    A Petrobrás subiu 0,4%, impulsionada pela notícia de que a Arábia Saudita está considerando um corte em suas exportações de petróleo e pelo anúncio de que a empresa iniciou as conversas com a Odebrecht para rever o acordo de acionistas da Braskem, medida considerada fundamental para que a estatal possa oferecer sua participação ao mercado.

Política:

Em busca de uma agenda positiva e agindo cada dia mais como um presidente populista e comunista, Temer, que está envolto em uma enorme crise político-policial, cogita (1) ampliar a lei da meia-entrada, obrigando estabelecimentos que não respeitarem a cota de 40% desse tipo de ingresso a cortarem o preço pela metade para estudantes, deficientes e jovens de baixa renda e (2) aumentar vantagens de jovens carentes em viagens interestaduais, que hoje garantem descontos e gratuidades em linhas convencionais.

Já na próxima semana o presidente Temer vai consultar líderes da base aliada sobre as chances de retomar a tramitação da reforma da Previdência, porem no começo de AGO/17, com a volta do Congresso, a ideia do governo é priorizar a aprovação da reforma tributária, já que a pauta agrada o empresariado e não é alvo de resistência social.

Petista e também empresário, algo que como a água e o óleo normalmente não se mistura, o ex-deputado estadual Francisco Carlos de Souza reconheceu em depoimento à Polícia Federal que recebeu recursos em caixa 2 da empreiteira UTC como pagamento de serviços prestados a candidatos do PT nas eleições de 2012, porem negou que tais valores serviram para quitar dívida de campanha do ex-prefeito de São Paulo, o também petista Fernando Haddad.

Sofrendo retaliações, como foi prometido, a deputada Renata Abreu, do Podemos-SP, que votou contra Temer na CCJ, recebeu ontem a notícia de que o diretor de Administração da Funasa, indicado por ela, será exonerado amanhã.

Ontem, em jantar pago com dinheiro público, o presidente Temer negou ao presidente da Câmara dos Deputados, o democrata Rodrigo Maia, que tenha atuado para evitar que dissidentes do PSB ingressem no DEM.

Ressaltando que o episódio demonstra que, diante de uma crise política, o presidente do Brasil está mais preocupado em "salvar a própria pele" do que com os problemas do país, Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, criticou de forma veemente aos convites feitos por Temer para que dissidentes do partido ingressem no PMDB.

Também agindo rapidamente para atrair dissidentes do PSB, o DEM fará uma reformulação para receber esse grupo, estimado em 14 deputados e 1 ao menos senador.

Crítica:

Por desconhecimento ou excesso de “malandragem”, mas em ambos os casos fazendo uma enorme bobagem, segundo estimativas oficiais cerca de 44% dos 4.765 brasileiros que compraram imóveis em Miami entre 2011 a 2015 não declararam à Receita Federal ou subavaliaram o bem.

Indicando que a suspensão da emissão de passaportes pode ter sido apenas a primeira de uma série de baixas que a crise orçamentária deve impingir a órgãos de segurança, João Goulart dos Santos, coordenador da Força Nacional, divulgou um memorando alertando que sem uma suplementação orçamentária de R$ 120mi será preciso desmobilizar ao menos 1.550 homens do programa.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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