R.B. 29/MAI/17 "É um ótimo negócio ser uma empresa caloteira no Brasil"



"É um ótimo negócio ser uma empresa caloteira no Brasil"

São Paulo, 29 de maio de 2017 (SEGUNDA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, com baixo volume de negócios diante do feriado em NY, devolvendo uma boa parte dos lucros acumulados na semana passada (2,3%) e prejudicada pela ameaça de redução da “nota” do Brasil pela agencia de classificação de riscos Moody's e (2) o DÓLAR pode subir, ampliando os ganhos registrados na semana passada (0,5%), influenciado pelo mesmo motivo que deve derrubar a bolsa tupiniquim e também impulsionado pelas “apostas” de queda da taxa básica de juros na reunião do Copom desta semana.

Sexta-feira, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 1,4%, novamente com bom volume de negócios (R$ 8,7bi) e desta vez impulsionada principalmente pelas ações do setor financeiro, como Banco do Brasil (4,2%) e Itaú (2,7%) e (2) o DÓLAR caiu -0,5% à R$ 2,27, acompanhando a melhora do “humor” na bolsa tupiniquim, diante de um cenário político mais tranquilo, e seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana.

Também sexta-feira, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão -0,6%, prejudicada pela valorização da moeda local (o iene) frente ao dólar, que dificulta as exportações do país, como das fabricantes de veículos Honda (-1,2%) e Toyota (-0,7%) e China 0,1%, após o BC local anunciar uma nova regra que visa evitar grandes oscilações cambiais, (2) da EUROPA, também sem uma tendência única, Inglaterra 0,4%, sustentada pelas ações da Kodal Minerals (2,4%), que divulgou resultados melhores do que o esperado, porem França -0,1% e Alemanha -0,1%, prejudicadas pelo recuo das ações dos bancos, como Commerzbank (-1,5%) e Société Générale (-1,6%) e (3) dos EUA, próximas da estabilidade, S&P 0,1%, DJ -0,1% e NASDAQ 0,1%, em uma sessão mais calma e com pouca volatilidade antes do feriado do Memorial Day nesta segunda-feira.

“Cobertíssima de razão”, na sexta-feira, após o fechamento do pregão, a agencia de classificação de risco Moody's voltou a alterar sua perspectiva para sua “nota” do Brasil, desta vez de estável para negativa, ressaltando que fez isto por conta do aumento da incerteza em relação à aprovação das reformas após a crise política deflagrada na semana passada, o que ameaçaria a recuperação econômica e a solidez da economia do país.

“Apostando no Brasil” e mostrando que estão despreocupados com o desfecho da crise política no país, representantes do governo chinês mantiveram posição e se preparam para lançar um fundo de investimento de US$ 20bi em parceria com o governo brasileiro.

Tirando dos pobres e dos pequenos e médios empresários, que aliás são os que mais empregam no país, para dar às grandes empresas, que financiam o caixa 2 de suas campanhas, o governo Temer, no mesmo momento em que se esforça para cortar despesas para reduzir o déficit orçamentário, gastou em 2016 a incrível cifra de R$ 107bi com subsídios financeiros.

Finalmente dando uma notícia positiva da economia tupiniquim, nos 5 primeiros meses deste ano foi registrado um aumento de 0,2% nos emplacamentos de veículos de passeio e de 0,8% nos de comerciais leves.

Apresentando um lado positivo da enorme incerteza em torno da previdência pública, cujo futuro é cada vez mais incerto e cujos rendimentos são vergonhosamente baixos, em MAI/17 os investidores paulistanos aplicaram 8,7% de suas reservas em previdência privada, contra 7% em MAI/16.

Também “cobertos de razão”, os diretores do BC tupiniquim temem que Paulo Rabello de Castro, novo presidente do BNDES, abra linhas de crédito subsidiados para empresas “amigas do poder” e afete o esforço de controle dos gastos do governo.

Apesar de seguir sendo como a aplicação favorita dos paulistanos, a poupança, que algumas vezes rende menos que a inflação e é “um símbolo da falta de educação financeira dos brasileiros”, foi em MAI/17 o destino de 57,5% do dinheiro poupado, percentual menor do que os 68,0% auferidos em MAI/16.

Comprovando, pela enésima vez, que “é um ótimo negócio ser uma empresa caloteira no Brasil”, na sexta-feira passado o governo Temer e os parlamentares, da base aliada e até alguns da oposição, aprovaram um novo programa de Refis que vai permitir o uso de créditos tributários para compensação de dívidas com desconto em juros e multa para devedores com dívidas de até R$ 15mi.

-    Podendo beneficiar o setor pecuarista brasileiro, o governo da Índia proibiu definitivamente o abate de gado e de búfalo em todo seu território.
-    Ajudando no controle da inflação, a bandeira tarifária que será aplicada nas contas de luz no mês de junho será a verde, o que significa que não haverá custo extra para o consumidor.

-    A JBS caiu -6,1% e, após o fechamento do pregão, os irmãos Joesley e Wesley Batista renunciaram aos cargos de comando do conselho de administração da empresa.

Política:

Dando maus um passo para tentar acabar com a Lava Jato, o presidente Temer, que já cortou em 2/3 as verbas da Polícia Federal, decidiu retirar o comando do Ministério da Justiça de Osmar Serraglio, que troca de cargo com o jurista Torquato Jardim, da pasta da Transparência e Controle.

Escancarando a péssima credibilidade externa do país, no seu editorial de hoje o prestigiado jornal britânico "Financial Times" afirma já no título, com foto de Temer, que "são necessárias mãos políticas limpas para reformar o Brasil".

Reduzindo ainda mais o já capenga “capital moral” do governo Temer, Maria Silvia, economista de renome e credibilidade que estava fazendo um excelente trabalho de “limpeza” à frente do BNDES, não resistiu às pressões para ajudar “empresários amigos do poder” e pediu demissão do cargo de presidente do referido banco de fomento tupiniquim.

Comandados por artistas que vivem em Paris, como Chico Buarque, e por artistas que sonham em trabalhar em Hollywood, como Wagner Mora, e bancado por uma fatia ínfima do dinheiro rapinado por Lula dos cofres públicos do país, ontem milhares de cariocas foram à praia para assistir a shows de música e pedir diretas já.

“Convocado” para ajudar os empresários que financiam as campanhas políticas, o economista Paulo Rabello de Castro foi nomeado pelo presidente Temer, que é seu amigo particular, para ser o novo presidente do BNDES.

Primeiro na linha sucessória em uma eventual queda do presidente Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que é do DEM do RJ, é um nome que agrada ao “mercado” para tocar a agenda de reformas, mas responde a 3 inquéritos que apuram suspeitas de uso do mandato para favorecer empresas.

-    Falando o que todo mundo já sabe, o prestigiado jurista Miguel Reale Jr afirmou, em entrevista dado ao Estadão, que atualmente os congressistas só pensam "em acabar com a Lava Jato".
-    Com muito mais colhões que os tucanos, as 6 principais centrais sindicais do país devem bater o martelo ainda hoje sobre a saída conjunta do Conselho Nacional do Trabalho do governo Temer.

Crítica:

Pressionada pelos políticos, que ao que tudo indica ainda mandam na empresa, e comprovando mais uma vez que a corrupção no Brasil é bastante tolerada e muitas vezes compensa, a diretoria da Petrobras aprovou assinatura de um acordo para retirar a Carioca Engenharia de sua lista de empresas impedidas de concorrer a obras ou contratos de serviços.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

O "R.B." representa uma opinião, não uma indicação, é proibida sua reprodução, sem a devida autorização, e qualquer crítica, dúvida ou sugestão, favor contatar: alfredo@relatoriobrasil.com

Conheça e indique nosso Blog: www.relatoriobrasil.com
Curta nossa página no Facebook: www.facebook.com/relatoriobrasil