"Na média, a população brasileira é tão corrupta quanto os políticos que elege"
São Paulo, 17 de abril de 2017 (QUINTA-FEIRA).
Mercados e Economia:
Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em queda, reduzindo os ganhos registrados no ano (6,1%) e ampliando as perdas acumuladas no mês (-1,7%), acompanhando as perdas das demais bolsas mundiais e ainda afetada pela piora do clima político tupiniquim, porem deve-se ressaltar que o patamar é interessante para compras ,principalmente para quem “aposta” que, para “mostrar serviço”, os parlamentares tupiniquins podem, acelerar o andamento das reformas e (2) o DÓLAR pode subir, com algumas chances de retomar o patamar dos R$ 3,15, seguindo a esperada piora do “humor’ na bolsa e influenciado pela redução de -1,0% da taxa básica de juros da economia brasileira.
Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -0,7%, influenciada pela instabilidade das principais bolsas mundiais, prejudicada pelo recuo das commodities e pressionada principalmente pela divulgação da lista de Fachin, que pode “azedar” o clima político e dificultar a aprovação da Reforma da Previdência e (2) o DÓLAR caiu -0,2% à R$ 3,13, revertendo uma abertura positiva, diante de comentários de Trump, presidente dos EUA, reclamando que a divisa norte-americana está "ficando muito forte" e que isso prejudica a economia do seu país.
Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão -1,0% (no menor nível em 4 meses) e China -0,5%, ainda prejudicadas por riscos geopolíticos ligados à Coreia do Norte e à Síria e também pelos rumores de que fundos apoiados pelo governo chinês estariam vendendo ações relacionadas à futura zona econômica de Xiongan, (2) da EUROPA, sem uma tendência única, Inglaterra -0,2%, com destaques de queda para as mineradoras, como Rio Tinto (-4,0%) e BHP Billiton (-3,5%), França -0,1%, pressionada pelas ações dos bancos, como Crédit Agricole (-1,1%) e Société Générale (-1,4%) e Alemanha 0,1%, sustentada pelo bom desempenho das montadoras, como BMW (-0,9%) e Daimler (0,3%) e (3) dos EUA, ainda realizando lucros recentes, S&P -0,4%, DJ -0,3% e NASDAQ -0,5%, novamente em um movimento de cautela antes do início da temporada de balanços e diante da redução das “apostas” de que Trump conseguirá aprovar sua reforma tributária.
Coberta de razão, Christine Lagarde, a diretora-gerente do FMI, afirmou que a recuperação econômica está ganhando força, mas pode ser golpeada por uma "espada de protecionismo" que ameaça agora o comércio global, e pediu que os países fortaleçam a arquitetura do livre comércio pós-guerra por meio da cooperação multilateral para resolver questões como a redução dos desequilíbrios externos excessivos.
Ontem, após fechamento do pregão, conforme esperado por cerca de 90% do “mercado”, o Copom, diante dos sinais de controle da inflação e da necessidade de se estimular a recuperação da economia tupiniquim, reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira em -1,0%, de 12,25% para ainda estratosféricos 11,25% ao ano.
Como, após a divulgação das delações da Odebrecht, obviamente notou uma maior preocupação no mercado externo com a escalada da crise política no Brasil, Meirelles, ministro da Fazenda, decidiu usar viagem aos EUA na próxima semana, quando participa de reuniões do FMI e do Banco Mundial, para fazer uma rodada de conversas e tentar convencer os investidores estrangeiros de que o governo Temer tem força suficiente para aprovar as reformas e robustecer o ambiente econômico.
Em caminhos opostos, ontem (1) a Organização Mundial do Comércio anunciou que suas projeções indicam que o comércio mundial terá um crescimento de 2,4% neste ano e (2) o IBGE informou que em FEV/17 as vendas do varejo brasileiro surpreenderam negativamente e recuaram -0,2% na comparação com JAN/17 e -3,2% na comparação com FEV/16, o que representa a 23ª taxa negativa na comparação anual.
Com juros estratosféricos, desemprego elevado e uma população sem educação financeira, em MAR/17, mesmo com a liberação do dinheiro do FGTS de contas inativas, (1) a proporção de famílias paulistanas endividadas subiu atingiu 50,2%, o que representa um patamar 1,7% maior que em FEV/17 e (2) a proporção de famílias com contas em atraso atingiu 17,5%, o que representa um aumento de 1,0% na mesma base de comparação.
Segundo uma pesquisa elaborada pela consultoria Dunnhuby, a Páscoa será a primeira data festiva com uma expectativa de gastos maiores que no ano anterior desde 2015, já que a porcentagem de consumidores otimistas ou neutros neste ano é de 60%, contra 32% no ano passado e 18% na Páscoa de 2015.
- A brasileira de comércio eletrônico Netshoes caiu -10,6% no seu dia de estreia na bolsa de NY.
Política:
Tentando reagir ao tsunami de acusações contra ele, contra a cúpula de seu governo e contra boa parte de sua base aliada, o presidente Temer, preocupado com o andamento da reforma da Previdência, afirmou que não se pode jamais paralisar o governo e deve se dar sequência à atividade legislativa do país.
“Jogando contra” e perdendo uma excelente oportunidade para ficar calado, o deputado peemedebista Fábio Ramalho, que é vice-presidente da Câmara, defendeu que o presidente Temer retire do Congresso Nacional a reforma da Previdência, que é a prioridade número 1 do governo em 2017, ressaltando que “é melhor recolher do que perder”.
Como, mesmo sendo inimigos, “os bandidos se unem na adversidade”, Nelson Jobim, ex-ministro do STF, e Gilmar Mendes, atual ministro da Corte, tem trabalhado arduamente para aproximar Lula, FHC e Temer em torno de um “pacto de não agressão” para garantir a sobrevivência política de PT, PSDB e PMDB após as centenas de casos de corrupção descobertos pela Lava Jato.
Aliados de Alckmin estão de olho em ação que está parada no STF e questiona a necessidade de a Assembleia de Minas autorizar a abertura de processo criminal contra o governador petista Fernando Pimentel, já que o resultado pode influenciar o futuro do governador paulista.
Mostrando que é “picareta de longa ata”, o cunhado do governador Alckmin, Adhemar César Ribeiro, citado como o homem que recebeu R$ 10,3mi em caixa dois para referido tucano, teve sua empresa acusada, em 2011, de fraudar documentos imobiliários para pagar menos IPTU.
Um dos ex-executivos da Odebrecht afirmou em sua delação premiada que o presidente Temer comandou em 2010, quando era candidato a vice-presidente, uma reunião em SP em que se acertou o pagamento de US$ 40mi de propina relativos a 5% de um contrato da empreiteira com a Petrobras.
- Apesar do discurso de que não vê chances de paralisia, o Planalto trabalha diariamente para convencer parlamentares de que a tábua de salvação para a política é a economia, e que uma melhora significativa só virá após a aprovação das reformas.
- Mesmo diante da chiadeira dos petistas e das centrais sindicais, o governo Temer quer acelerar a aprovação da reforma trabalhista para criar uma agenda positiva e mostrar que não está paralisado pela lista de políticos citados nas delações da Odebrecht.
- Com Serra, Aécio e Alckmin envolvidos em inúmeros casos de corrupção denunciados e investigados na Lava Jato, é cada vez maior a chance de Dória, prefeito de SP, ser o candidato do PSDB à presidente em 2018.
Crítica:
Confirmando, pela enésima vez, que, “na média, a população brasileira é tão corrupta quanto os políticos que elege”, depois de fazer um pente-fino em 87.517 trabalhadores que recebiam auxilio doença e aposentadoria por invalidez, o governo federal cancelou o benefício de 84% das pessoas que foram submetidas a perícia.
PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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