R.B. 31/MAR/17 "Aumenta o monopólio bursátil tupiniquim"



"Aumenta o monopólio bursátil tupiniquim"

São Paulo, 31 de março de 2017 (SEXTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve voltar cair, acompanhando as perdas das demais bolsas mundiais, prejudicada pelo recuo das commodities e pressionada pelos sinais de que a economia tupiniquim segue sem dar sinais de recuperação e (2) o DÓLAR pode subir, desta vez com os comprados ganhando a “briga” para a formação da cotação de fechamento do mês, seguindo a esperada piora do “humor” na Bovespa e influenciada pelo aumento das “apostas” de corte mais intenso dos juros no Brasil e de elevação maior dos juros nos EUA.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -0,4%, devolvendo uma pequena parte dos ganhos acumulados em 6 pregões seguidos de alta, diante do aumento das tensões políticas no Brasil e do anúncio de um bloqueio de R$ -42,1bi de despesas previstas no Orçamento tupiniquim de 2017 e (2) o DÓLAR subiu 0,9% à R$ 3,15, acompanhando a piora do “humor” na bolsa brasileira e influenciado pela trajetória internacional da moeda norte-americana.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão -0,9% e China -1,0%, cada dia mais pressionadas pelas preocupações com um recente aperto da liquidez financeira por parte dos órgãos chineses de regulação do mercado financeiro, (2) da EUROPA, sem uma tendência única, Inglaterra -0,1%, com investidores atentos ao desenrolar do processo de negociação da saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, porem França 0,4% e Alemanha 0,4%, sustentadas pela valorização do petróleo e pela divulgação de um indicador alemão de inflação abaixo do esperado e (3) dos EUA, recuperando as perdas da abertura, S&P 0,3%, DJ 0,3% e NASDAQ 0,3%, com destaques de alta para as companhias dos setores financeiro e de energia, diante da divulgação de que o PIB do país do quarto trimestre do ano passado (2,1%) ficou ligeiramente melhor que o esperado (2,0%).

As apostas de que o BC deverá reduzir a taxa básica de juros em -1%, de 12,25% para 11,25%, na próxima reunião do Copom foram reforçadas com a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, já que a referida autoridade monetária foi clara ao falar em "intensificação moderada" do ritmo de cortes da Selic.

Para este ano a meta do governo Temer para o rombo das contas públicas, o chamado déficit do setor público, é de R$ -139bi, patamar menor do que no ano passado (R$ -156bi), porem, para ter “sucesso”, a economia tupiniquim precisa se recuperar, crescendo no mínimo 0,5% este ano e elevando assim a arrecadação de impostos.

Pior do que o esperado, como a economia tupiniquim não tem reagido, em FEV/17 as contas do governo federal tiveram um déficit primário (receitas menos despesas antes do pagamento de juros) de R$ -26,2bi, o que representa um crescimento real (descontada a inflação do período) de 0,3% na comparação com FEV/16 e também é o pior resultado para o mês de fevereiro desde o início da série histórica (em 1997).

Dificultando o cumprimento das metas do governo, em JAN/17, prejudicado principalmente pelo forte recuo na comercialização de combustíveis e de materiais para escritório, o comércio tupiniquim surpreendeu negativamente e registrou -0,7% na comparação com DEZ/16 e despencou -7,0% na comparação com JAN/16, patamares bem abaixo das expectativas do “mercado” (respectivamente 0,6% e -4,15%).

O IGP-M, que é utilizado como referência para a correção de valores de contratos, como os de energia elétrica e aluguel de imóveis, registrou inflação de 0,01% em MAR/17, influenciado principalmente pelo recuo mais acentuado dos preços no atacado.

Relativamente satisfeito com o comportamento dos preços, Meirelles, ministro da Fazenda, afirmou que em JUN/16 o governo Temer vai revisar sua meta de inflação de 2018, provavelmente de 4,5% para 4,25%, e estabelecer a meta de 2019, que ao que tudo indica será de 4,0%.

Com o BNDES duramente criticado por reduzir substancialmente suas operações, ontem, um dia após anunciar o fim da desoneração da folha de pagamento para cerca de 50 setores, a equipe econômica de Temer anunciou o corte, de 7,5% para 7,0%, da taxa de juros que serve de referências para os empréstimos do referido Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Intervindo no mercado, o que sempre é ruim, para proteger os “pobre velhinhos” que consomem o que não podem e para ajudar a aumentar o consumo, o governo anunciou a redução do teto dos juros dos empréstimos consignados para servidores públicos da União, aposentados e pensionistas.

Excelente forma de fugir dos juros exorbitantes dos bancos tupiniquins e também ótima opção de investimento, em 2016 os Fidcs, que são os fundos aos quais as empresas recorrem para antecipar valores a receber, tiveram aumento de 10% no patrimônio líquido em relação a 2015 e terminaram o ano com R$ 11,14bi em contas.

Tentando, aos poucos, pôr fim a uma inexplicável reserva de mercado, cujo principal prejudicado é o consumidor tupiniquim, o governo Temer prepara uma nova proposta para reduzir as restrições ao capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras, permitindo, em um primeiro momento, que as empresas vendam até 49% de suas ações para investidores externos, contra apenas 20% atualmente.

Beneficiadas por condições climáticas favoráveis e pelo uso cada vez maior de novas tecnologias, nos 2 primeiros meses deste ano (2) as exportações brasileiras de celulose totalizaram 2,3 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 3,4% na comparação com o mesmo período de 2016 e (2) a atual safra brasileira de soja cresceu 18% na comparação com o resultado anterior e será a maior da história.

Política:

Mostrando em que time ele joga, nos 2 primeiros julgamentos que preocupavam o Palácio do Planalto, o ministro Alexandre de Moraes, recém empossado por Temer no Supremo Tribunal Federal, se mostrou 100% alinhado às teses defendidas no tribunal pelo governo federal.

Com “o clima esquentando” e os petistas fazendo o que são craques, que é uma oposição xiita, ontem o deputado federal Arthur Oliveira Maia, do PPS da BA e relator da reforma da Previdência, bateu boca com o deputado petista Arlindo Chinaglia com um chamando o outro de "vagabundo" e "safado" em audiência pública na Câmara.

Aparelhando com “amigos” o Tribunal que vai julgar se ele deve ou não ter seu mandato cassado, ontem o presidente Temer indicou para o advogado Admar Gonzaga para o posto de ministro do Tribunal Superior Eleitoral, que inclusive trabalhou na campanha presidencial de Dilma em 2010.

Cada dia mais enciumado, o que é normal em um menino mimado, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, decidiu colocar um freio na euforia que toma conta do tucanato quando o assunto é uma possível candidatura do prefeito de SP, João Doria, à Presidência e afirmou que “cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.

Após reafirmar ontem sua disposição em disputar novamente a presidência do Brasil, ressaltando, com a maior cara de pau, que fará isto para que “os pobres voltem a ser prioridade”, o ex-presidente Lula fará hoje um giro pela periferia paulistana com a Central de Movimentos Populares.

A prisão de 5 dos 7 conselheiros do Tribunal de Contas do RJ instaurou um clima de desconforto e medo na corte homônima em SP, que também é formada por “raposas velhas” da política e por que, em sua delação, a Andrade Gutierrez diz ter subornado sete integrantes do TCE paulista.

Colocando mais um tucano no grupo dos picaretas, a Procuradoria-Geral da República denunciou ontem Marconi Perillo, governador de Goiás, pelo crime de corrupção passiva por receber, conforme denúncia do Superior Tribunal de Justiça, propina para beneficiar a construtora Delta em contratos do governo estadual.

Como não poderia ser diferente, aliados do governo na Câmara estão incomodados com as críticas que Renan Calheiros tem feito a projetos defendidos a pedido do Planalto na Casa, como a reforma da Previdência e a terceirização irrestrita.

Crítica:

A Bovespa se fundiu com a BM&F em 2008, criando a BM&FBovespa, mas até hoje a garantia depositada em uma bolsa não vale para a outra, porem ontem foi anunciada a criação da B3, que é a empresa que nasce da fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip, o que “aumenta o monopólio bursátil tupiniquim” e levanta dúvidas ainda maiores sobre o desenvolvimento mercado de capitais brasileiro.

Fazendo um importante alerta, o juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, fez duras críticas ao projeto da lei de abuso de autoridade em tramitação no Senado, ressaltando os magistrados podem passar a ter medo de atuar contra "poderosos".

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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