R.B. 1/DEZ/16 "O golpe final na tradição"



"O golpe final na tradição"

Copenhagen, 1 de dezembro de 2016 (QUINTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, ainda realizando lucros recentes, influenciada pela “frustração” com a decisão conservadora do BC tupiniquim de, mesmo com a inflação cotrolada e a economia em retração, decidiu cortar a Selic em apenas -0,25% e (2) o DÓLAR pode subir, acompanhando a esperada piora do “humor” na bolsa brasileira e também seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 1,5%, recuperando parte das perdas registradas no pregão anterior, com ótimo volume de negócios (R$ 11,7bi), acompanhando a alta do petróleo (8,8%) e as “apostas” de redução da taxa básica de juros na reunião do Copom e (2) o DÓLAR caiu -0,1% à R$ 3,39, após operar com volatilidade pela manhã, influenciado pela “briga” para formação da taxa de fechamento de mês, que serve de referência para vários contratos cambiais.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão -0,1% e China -1,0%, pressionadas pela queda do minério de ferro, que pressionou os papéis de produtores de metais, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,2%, França 0,6% e Alemanha 0,2%, com destaques de alta para as petrolíferas, como BP (4,3%) e Shell (4,3%) e Total (2,4%), impulsionadas pelo acordo do cartel da OPE de cortar, pela primeira vez desde 2008, a produção do petróleo -1,2 milhão de barris por dia, e também pelo anúncio de um PIB melhor que o esperado em Portugal e (3) dos EUA, realizando uma pequena parte dos lucros acumulados no mês, S&P -0,3%, DJ -0,1% e NASDAQ -1,1%, pressionadas pela queda dos setores de tecnologia e de serviços públicos, apesar dos ganhos de energia.

Conforme esperava cerca de 90% do “mercado”, o Copom, refém da opinião alheia, decidiu cortar a taxa básica de juros da economia tupiniquim em apenas -0,25%, de 14,00% para 13,75%, alegando que a alta do dólar pode gerar pressão inflacionária e que ainda não foi aprovado o ajuste fiscal.

Com o país ainda apresentando dificuldades para sair da crise, no terceiro trimestre deste ano o PIB brasileiro registrou retração de ante os 3 meses imediatamente anteriores, acumulando uma queda de -4,4% nos últimos 12 meses, completando assim o sétimo trimestre consecutivo no negativo, o que representa a mais longa sequência de quedas de acordo com a atual série histórica das Contas Nacionais, do IBGE, iniciada no primeiro trimestre de 1996.

Em um movimento que pode ser classificado como “voo de galinha”, os investimentos na indústria, pós experimentarem uma ligeira alta de 0,5% no segundo trimestre, voltaram a cair -3,1% no terceiro trimestre (ambos ante o trimestre imediatamente anterior) e assim puxaram o PIB tupiniquim para baixo.

Ontem, um pouco antes do Copom anunciar uma redução minúscula da Selic, Fabio Kanczuk, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, “avisou” que, n melhor das hipóteses, a economia tupiniquim só deve voltar a crescer no primeiro trimestre de 2017.

Apresentando “luzes no fim do túnel”, que conjugadas com a aprovação das reformas podem ajudar na retomada da confiança e consequentemente da economia tupiniquim, em NOV/16 (1) 57,3% das famílias possuíam algum tipo de dívida, contra 57,7% em OUT/16, atingindo assim o menor patamar desde JUL/12 e (2) 23,4% da população se declarou com dívidas em atraso, contra 23,8% em OUT/16.

Reduzindo a competitividade do pai e causando pressão inflacionária, a tarifa de energia do consumidor residencial no Brasil é a décima quarta mais alta de um ranking com os 28 países-membros da Agência Internacional de Energia (AIE) e só tem uma carga tributária (40%) menor que na Dinamarca (58%).

Mostrando que, diferentemente da política estúpida e ideológica do PT, o Brasil tem que fazer negócio com países ricos e grandes, segundo projeções divulgadas ontem as exportações do Mercosul para a Europa podem aumentar em 14bi de euros (R$ 50,3bi) nos próximos 10 anos se for firmado um acordo comercial entre as duas regiões.

-    A Petrobrás subiu 9,1%, beneficiada pela decisão do Cartel da OPEP de reduzir a produção e por novas declarações de Pedro Parente, presidente da empresa, que afirmou que a nova lei do pré-sal “é muito importante para o País e para a estatal", que pode se concentrar nos campos "melhores dos melhores".

Política:

Ratos do dinheiro público que só agem na calada da noite, aproveitando-se que a atenção da sociedade estava no luto pela Chapecoense, os deputados federais desfiguraram o pacote anticorrupção e aprovaram dentro dele o crime de abuso de autoridade de juízes e procuradores, mantendo-os agora em constante intimidação no exercício de seu trabalho, pois qualquer investigação ou palavra mais dura pode ser encarada pelo político investigado como um desrespeito digno de processo.

Preparando-se para uma “enorme batalha” contra a esquerda, os sindicatos e a oposição, o governo Temer escolheu o slogan "Reformar para Preservar" para a campanha de rádio e TV da reforma da Previdência Social, pauta legislativa fundamental para o país garantir o equilíbrio das contas públicas, e que será lançada ao ar na próxima semana.

Apesar do “chororó” da oposição, que grita muito mas tem pouco voto, o Senado aprovou, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição 55, que limita os gastos públicos federais à inflação, por um elástico placar de 61 votos a 14, o que aumenta as chances desta lei ser sancionada pelo presidente Temer ainda este ano.

Fazendo teatro, ontem a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou uma PEC que acaba com o foro privilegiado de todas as autoridades do país, do juiz ao presidente da República, porem, como os principais opositores do tema foram os líderes do governo no Congresso, Romero Jucá, e do PT no Senado, Humberto Costa, o tema certamente vai ficar engavetado e não irá à plenário.

Assumindo o protagonismo necessário, o juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, vai apresentar pessoalmente proposta ao Senado para que o projeto de lei sobre abuso de autoridade tenha um artigo que impeça a punição de juízes, promotores e policiais por atos ligados a interpretação de leis e avaliação de fatos e de provas.

Diante da pressão de diversos setores da sociedade, senadores de partidos que na Câmara apoiaram a mudança do projeto das medidas anticorrupção propostas pelo Ministério Público Federal passaram a defender que o Senado só aprecie o projeto no próximo ano.

Crítica:

Preparando “o golpe final na tradição”, que começou com a extinção dos pregões, a BM&FBovespa, que pensa apenas no lucro de curto prazo, “avisou” que sairá do centro de São Paulo após a integração com a Cetip, que aguarda as aprovações regulatórias que devem ser definidas até FEV/17.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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