R.B. 2/SET/16 "Em rápido processo de putrefação"



"Em rápido processo de putrefação"

São Paulo, 2 de setembro de 2016 (SEXTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, atenta à divulgação do esperado payroll, que indicará como está o mercado de trabalho dos EUA, beneficiada pela leve recuperação das commodities e acompanhando o movimento ascendente das principais bolsas mundiais e (2) o DÓLAR pode cair, devolvendo uma parte das altas recentes, influenciada pela esperada valorização da bolsa brasileira e pela expectativa de aumento do fluxo positivo de recursos externos por conta dos acordos que o presidente Temer espera fechar na China.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,6%, com bom volume de negócios (R$ 7,8bi), influenciada pela avaliação de que a manutenção dos direitos políticos de Dilma é um problema a mais para o PT e não para o Brasil e com destaques de alta para as exportadoras, como Suzano (6,9%) e Fibria (3,7%), beneficiadas pela desvalorização do real e (2) o DÓLAR subiu 0,8% à R$ 3,25, em meio à percepção de que o diferencial de juros entre Brasil e EUA, com baixas por aqui e elevações lá.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, realizando lucros recentes, Japão -0,2% e China -0,7%, com os investidores mostrando-se cautelosos à espera de novos dados do mercado de trabalho dos EUA, mesmo diante da divulgação de dados positivos do setor industrial chinês, (2) da EUROPA, com baixo volume de negócios e devolvendo os ganhos da abertura, Inglaterra -0,5%, França -0,1% e Alemanha -0,5%, diante dos temores de que o BC inglês pode decidir adiar o fornecimento de estímulos adicionais na economia e (3) dos EUA, sem uma direção única e próximas da estabilidade, S&P -0,1%, DJ 0,1% e NASDAQ 0,2%, com a queda dos papéis de energia e ações financeiras, à medida que os investidores esperam a divulgação do relatório de emprego do país, também conhecido como payroll.

Podendo até ajudar retardar a inevitável elevação da taxa básica de juros nos EUA, Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, afirmou que a instituição deve reduzir sua previsão de crescimento global deste ano novamente devido à demanda fraca, queda do comércio e investimento e à crescente desigualdade e ressaltou que os líderes do G20, reunidos hoje na China, podem e precisam fazer muito mais.

A agência de classificação de risco Moody's comemorou o impeachment da ex-presidenta Dilma, ressaltando que ele retira uma incerteza que pesava sobre a economia brasileira, mas, como “gato escaldado tem medo de água fria”, também “alertou” que o presidente Temer enfrentará desafios e resistências para aprovar as reformas econômicas no Congresso, que por sua vez são fundamentais para melhorar o perfil de crédito do país.

Agora “mijando em postes internacionais”, Temer está na China para participar da reunião do G-20 e, alem de mostrar ao mundo que o Brasil tem um novo presidente, que aliás é o primeiro em 14 anos que fala inglês, seus principais objetivos são (1) atrair investimentos chineses para projetos de infraestrutura, (2) passar a mensagem de que o período de instabilidade política foi superado e (3) deixar claro que seu governo está tomando as medidas necessárias para ajustar a economia.

Apostando na recuperação da economia tupiniquim, (1) a rede francesa de hotelaria Accor vai investir R$ 343,5mi para construir mais 6 empreendimentos na capital paulista e (2) o megaempresário Kees Koolen, que foi um dos primeiros investidores e presidente da agencia de viagens on-line Booking, fez um investimento de US$ 1,5 milhão para a aquisição de uma fazenda na Bahia na qual vai produzir laticínios.

Como não poderia ser diferente em uma economia de livre mercado, diante as altas taxas de desemprego e da crise que assola o país, no primeiro semestre deste ano 39% das negociações coletivas para reajustes salariais ficam abaixo da inflação, patamar bem superior aos registrados no mesmo período de 2015 (15%) e de 2014 (3%).

Elevando o superávit acumulado nos 8 primeiros meses do ano para US$ 32,4bi, o que representa um recorde histórico para o período, em AGO/16 a balança comercial brasileira registrou um saldo positivo de US$ 4,1bi e desta vez o resultado mensal é fruto de um aumento de 0,2% nas exportações e de uma retração de -8,3% nas importações, ambos na comparação com AGO/15.

Em JUL/16 as importações tupiniquins tinham caído -20,3% na comparação com JUL/16 e em AGO/16 esta retração foi de -8,3% na mesma base de comparação, o que foi interpretado pelo “mercado” como um possível sinal de recuperação da economia brasileira, que por sua vez tem um setor industrial bastante dependente de compras externas de máquinas e equipamentos para se modernizar e ampliar sua produção.

-    A Petrobras subiu 1,2%, mesmo com a queda de -3,2% do petróleo no mercado internacional, diante da elevação da recomendação de compra e a revisão de preço-alvo feita pelo BTG Pactual.
-    A Vale subiu 3,0%, recuperando perdas recentes, a despeito da queda de 1% dos preços do minério, impulsionada pelo resultado do PMI do setor industrial chinês que, acima do esperado, subiu para 50,4pts em agosto, ante 49,9pts em JUL/16.

Política:

Em 2012 o PT foi o partido que mais recebeu doações eleitorais no Brasil, mas neste ano, “em rápido processo de putrefação”, o partido de Lula, Zé Dirceu e Dilma, atingido pelo impeachment e pela Operação Lava Jato, viu suas receitas de campanha despencar e caiu para a sétima colocação entre os que mais arrecadam.

Diante do jeito durão e do estilo “bateu, levou” adotado por Temer na sua primeira reunião ministerial logo após ser empossado, ressaltando inclusive que não tolerará dubiedade, o presidente ganhou de seus ministros o apelido de Capitão Nascimento, o truculento policial de “Tropa de Elite”.

Ciente da necessidade e da urgência de ter o apoio firme do PSDB e do DEM, que por sua vez ficaram extremamente contrariados com a manobra para manter os direitos políticos de Dilma, Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria de Governo, prometeu uma maior participação de democratas e tucanos no governo Temer e ressaltou que o presidente do Brasil terá de enfrentar o "desgaste" de aprovar medidas impopulares e para isto precisa de uma base aliada mais "fiel e coesa".

Confirmando que, alem de fazer o que puder para prejudicar o Brasil, será um enorme estorvo para o PT, a presidenta Dilma, que certamente fará de tudo para continuar morando de graça no Palácio do Alvorada após os 30 dias que ainda pode ficar lá, “avisou” que, para ter uma atuação política mais agressiva, vai morar no RJ.

Como já era de se esperar, aliados Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, afirmaram que usarão o fatiamento da votação do impeachment de Dilma no Senado para tentar reduzir a punição ao referido peemedebista, cuja votação do processo de cassação está marcada para o dia 12/SET/16.

Linha auxiliar e aliado mais fiel de Dilma no impeachment, o PC do B se queixa com razão dos petistas, já que Lula gravou um vídeo para o candidato do PT em Olinda, cidade que é administrada pelos comunistas há 16 anos, onde inclusive a presidente nacional da sigla é candidata à prefeita.

Crítica:

Ignorando a crise e seriamente ameaçados, com toda a razão, de perderem seus empregos, os bancários de SP, que como a maioria dos trabalhadores brasileiros não tem qualificação adequada e produzem pouco, decidiram entrar em greve a partir da próxima terça-feira para pressionar os bancos a pagarem um reajuste salarial de 5% mais a reposição da inflação (de 9,57%).

Provando mais uma vez que tem “muitos amigos na mais alta corte do país”, a Odebrecht conseguiu que o Supremo Tribunal Federal suspendesse, por medida liminar, uma decisão do Tribunal de Contas da União que tinha bloqueado R$ 2,1bi da empresa para pagar desvios e superfaturamento já apurados e comprovados na construção da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobrás.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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