R.B. 18/AGO/16 "Jurando de pés juntos que não será candidato"



"Jurando de pés juntos que não será candidato"

São Paulo, 18 de agosto de 2016 (QUINTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, realizando lucros após fechar o pregão anterior no maior patamar desde 5/SET/14 (aos 59.323pts), influenciada pelo recuo das commodities e pelas dificuldades enfrentadas pelo governo Temer para aprovar a Desvinculação de Receitas da União (DRU) no Senado e (2) o DÓLAR pode seguir em alta, acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana e seguindo a esperada piora do “humor” na bolsa brasileira.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,8%, revertendo uma abertura negativa, na qual chegou a recuar -1,3%, com bom ótimo volume de negócios (R$ 21,2bi) por conta do vencimento de opões sobre o índice, acompanhando a melhora do “humor” nas bolsas de NY e com destaque de alta para as ações da Petrobrás (2,2%) e (2) o DÓLAR subiu 0,5% à R$ 3,21, pressionado pelos leilões de compra do BC, mesmo diante da redução das “apostas” de alta dos juros nos EUA em SET/16.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,9%, com as exportadoras beneficiadas pela leve valorização do dólar frente à moeda local (o iene), que ocorreu após o vice-ministro de Finanças para Assuntos Internacionais do país ressaltar que o governo terá de agir "se houver movimentos excessivamente acentuados" no mercado de câmbio e China 0,3%, recebendo sem muito entusiasmo a confirmação de que os mercados de Shenzhen e Hong Kong terão uma parceria, (2) da EUROPA, Inglaterra -0,5%, França -1,0% e Alemanha -1,3%, em um movimento de cautela antes da divulgação da ata da última reunião do Fed (“BC” dos EUA) e com destaques de queda para as ações das empresas do setor financeiro, como Barclays (-1,0%), Deutsche Bank (-3,0%) e Société Générale (1,9%) e (3) dos EUA, revertendo uma abertura negativa, S&P 0,2%, DJ 0,1% e NASDAQ 0,1%, sustentadas pela ata da última reunião do Fed (“BC” local) que, apesar de mostrar que uma alta dos juros já em SET/16 é possível, indicou que os dirigentes preferiram aguardar novos dados econômicos que mostrem uma recuperação sustentável no país.

Na ata da sua última reunião, divulgada ontem, o Fed (“BC” dos EUA) indica claramente que está dividido sobre aumentar ou não, num futuro próximo, a taxa básica de juros da economia norte-americana, atualmente em uma faixa entre 0,25% e 0,50% ao ano, já que avaliam que é prudente acumular mais dados, para poder avaliar a dinâmica do mercado de trabalho e da atividade econômica.

Apresentando um sinal positivo para o Brasil, o Fundo Soberano da Noruega, que é o maior fundo soberano do mundo, aumentou a sua exposição às ações brasileiras em cerca de 35% entre DEZ/15 e JUN/16 e em 18% sua participação em operações de renda fixa no país na mesma base de comparação.

Apesar da melhora dos índices de confiança, da valorização do real e da alta da bolsa, a indústria segue cortando postos de trabalho, já que, segundo dados divulgados pelo IBGE, o número de trabalhadores empregados no setor encolheu em -1,4 milhão entre o segundo trimestre de 2015 e o mesmo período deste ano e 0,5% em relação aos três primeiros meses de 2016.

Tentando passar mais otimismo aos investidores e à população em geral, o Ministério da Fazenda elevou, de 1,2% para 1,6%, suas “apostas” para o crescimento da economia tupiniquim em 2017, o que levará também a uma alteração na projeção de arrecadação para o próximo ano e consequentemente reduzirá as chances de um aumento de tributos.

Dando “o enésimo sinal de estouro da bolha imobiliária tupiniquim”, que aliás seguirá mesmo em caso de retomada da economia brasileira, nos 6 primeiros meses deste ano, segundo dados oficiais do setor (que obviamente exageram para melhor), as vendas das grandes incorporadoras caíram -13,93% na comparação com o mesmo período de 2015 e, com 49,8 mil unidades comercializadas no semestre, registraram o pior resultado desde o começo da série histórica do indicador, iniciada em 2014.

Por conta do aumento do desemprego, do elevado patamar dos juros e da consequente retração do consumo, no primeiro semestre deste ano o número de visitantes a shopping centers no país caiu -4,63% na comparação com o mesmo período de 2015, com destaque negativo para a região Nordeste, onde houve diminuição de -9,1% na mesma base de comparação.

Com potencial para começar a mudar a configuração do setor elétrico brasileiro, a chinesa BYD Energy, assim como já fez a canadense Canadian Solar, prometeu investir R$ 150 mi e empregar 300 pessoas para iniciar a produção de módulos para geração de energia solar em uma fábrica em Campinas, no interior de SP, já no início de 2017.

“Zombando da cara de milhares de investidores”, que consequentemente reduzem sua confiança no país, servidores do Tesouro Nacional paralisaram suas atividades ontem para participar de uma assembleia na qual foi definido que a categoria vai trabalhar em regime de "operação padrão" até que o governo abra uma nova negociação salarial, o que criou enormes dificuldades para quem tenta fazer compras e vendas pelo Tesouro Direto.

Em um processo com muita pressão política, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) adiou para o mês que vem o julgamento de um recurso da BM&FBOVESPA no processo sobre a amortização, para fins fiscais, do ágio gerado na incorporação das ações da Bovespa Holdings S.A. em MAI/08.

-    A Eletropaulo caiu -1,6% e, após o fechamento do pregão, a Agência Nacional de Energia Elétrica anunciou que a referida distribuidora precisará quitar em até 10 dias uma multa de R$ 47,6 mi que foi aplicada à companhia em 2012, uma vez que não há mais possibilidade de recursos.

Política:

Ajudando o governo Temer, que poderia ter uma derrota comprometedora, Renan Calheiros, peemedebista e presidente do Senado, decidiu suspender a votação da prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2023, em um momento em que o governo não tinha votos suficientes no Plenário para aprová-la.

“Jurando de pés juntos que não será candidato” a presidente em 2018, o que obviamente é mentira, o presidente Temer se reuniu ontem com a cúpula do PSDB para também “garantir” que, passado o impeachment de Dilma, apresentará uma agenda "ousada e corajosa" de reformas estruturais.

Com o objetivo e de mostrar ao democrata Rodrigo Maia, presidente da Câmara, que ele reina, mas não governa, os líderes de partidos como PP, PTB e PSC selaram, em um almoço, a reunificação do bloco intitulado de centrão, já que até mesmo o PR, que havia traído o grupo na eleição para a presidência da Câmara, resolveu se reintegrar.

Sem nenhuma noção do papelão que fará, a ex-presidenta Dilma decidiu que fará pessoalmente sua defesa no seu julgamento final no Senado no dia 29/AGO/16, porem o governo Temer não vê qualquer chance de reversão do processo, apesar de temer que os ataques a ela sejam agressivos a ponto de vitimizá-la.

Coberto de razão, Rodrigo Janot, procurador-geral da República, pediu ao Supremo Tribunal Federal que a investigação sobre empresas suspeitas de corrupção na Caixa Econômica Federal, como a JBS, a Gol e a Odebrecht, seja enviada para o juiz Sergio Moro.

Com receio de ter sua primeira viagem internacional prejudicada pelo calendário do impeachment, o Temer mobilizou a base aliada para tentar antecipar a fase final do julgamento do dia 31 para o dia 29/AGO/16.

Segundo a opinião de especialistas, com restrições para doação de empresas e menos tempo de exposição na TV, efeitos da nova legislação, o apoio de máquinas oficiais, como governo Federal e Estadual, deverá ter peso maior nas eleições municipais brasileiras deste ano.

Crítica:

Mostrando que o brasileiro prefere ficar em paz com sua consciência, mesmo achando que está sendo roubado, segundo uma pesquisa da Charities Aid Foundation, mais da metade (52%) dos brasileiros com renda acima de um salário mínimo doou dinheiro a ONGs em 2015, porem 74% da população acredita que estas organizações não são confiáveis.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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