R.B. 22/JUL/16 "Cedendo às pressões"



"Cedendo às pressões"

Santiago, 22 de julho de 2016 (SEXTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, realizando uma pequena parte dos lucros auferidos no mês (9,9%) e no ano (30,7%), acompanhando as perdas das demais bolsas mundiais e pressionado pelo resultado ruim da captação externa anunciada pelo Brasil e (2) o DÓLAR pode seguir em alta, influenciado pelos leilões de compra do BC e pela esperada piora do “humor” na bolsa brasileira.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,1%, após um pregão de instabilidade, com máxima de 0,6 e mínimo de -0,6%, marcado por queda das ações do setor financeiro, em meio a especulações de que a Odebrecht estaria próxima de um pedido de recuperação judicial, e pela alta das ações dos setores siderúrgico e de mineração, seguindo a valorização de 1,8% do minério de ferro e a melhora das expectativas para o setor automobilístico e (2) o DÓLAR subiu 1,2% à R$ 3,29, pressionado por preocupações com o cenário doméstico, diante do mal-estar despertado pelo reajuste salarial de mais de 40% do judiciário.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,8% e China 0,4%, em meio às crescentes “apostas” de que grandes BCs em breve tomarão novas medidas para estimular suas economias, (2) da EUROPA, sem uma direção única, Inglaterra -0,4%, França -0,1% e Alemanha 0,1%, após o BC europeu, seguindo o que era esperado, manter inalterada a taxa de refinanciamento da região na mínima histórica de 0% e a taxa de depósitos em -0,40% e (3) dos EUA, realizando lucros recentes, S&P -0,4%, DJ -0,4% e NASDAQ -0,3%, pressionadas por resultados corporativos abaixo do esperado, como o da Intel, que caiu -4,0% após informar um declínio de seu um lucro líquido.

Coberto de razão, o FMI afirmou que o governo Temer precisa aumentar impostos e alterar as regras das despesas obrigatórias, ressaltando que, para a economia brasileira voltar a crescer no ano que vem, é fundamental o avanço das reformas estruturais, já que a flexibilização da política monetária no país é limitada por pressões inflacionárias.

Indicando que o Copom estava certo ao manter suas preocupações com a inflação, o IPCA-15 de JUL/16, ainda pressionado pelos preços dos alimentos e das bebidas, ficou em 0,54%, patamar acima do registrado em JUN/16 (0,40%) e superior à média das “apostas do mercado” 0,45%.

Com os investidores globais ressabiados com a demora de Temer em implementar as medidas de ajuste fiscal e contrariados com a aprovação de um reajuste para 10 categorias do funcionalismo público, ontem o Tesouro Nacional concluiu a primeira captação no exterior desde o início do governo Temer e, dando um sinal negativo, a taxa de juros paga para os títulos de 30 anos foi de 5,875 ao ano, o que representa o maior valor desde 2007.

Confirmando o estouro da bolha imobiliária tupiniquim, nos últimos 12 meses encerrados em JUN/16 o valor médio das locações residenciais na cidade de SP, principal economia do país, recuou -14,1% quando se leva em consideração a inflação registrada pelo IGP-M (12,2%) no mesmo período.

Defendendo a pouco competitiva indústria tupiniquim, ontem o governo brasileiro, atendendo a uma parcela crescente das reclamações apresentadas pela indústria nacional contra seus concorrentes importados, reforçou barreiras impostas contra importações de produtos estrangeiros, principalmente da China.

Com dificuldades para levantar recursos para sanar suas dívidas acumuladas pela empresa com multas aplicadas por falhas no atendimento aos consumidores, a Eletrobrás, dando o primeiro passo para deixar o mercado de distribuição de energia, anunciou ontem que não vai renovar as concessões das distribuidoras do Amazonas e de Boa Vista (Roraima), que vencem na próxima semana, o que fará o governo Temer montar um leilão para repassar o controle dessas companhias.

Na vanguarda da inovação da mobilidade, ontem Elon Musk, presidente da Tesla, delineou uma visão exaltada e futurista para sua montadora ao apresentar planos para produzir uma linha ampla de carros, caminhões e ônibus elétricos, bem como um aplicativo para smartphones por meio do qual os donos de Teslas poderão, um dia, ganhar dinheiro alugando a terceiros os seus carros autoguiados.

Política:

“Cedendo às pressões”, ontem o ministério do Planejamento, por ordem do presidente Temer, divulgou um comunicado confirmando que vai enviar ao Congresso projetos de lei para dar aumento de salário a 10 categorias de servidores públicos federais que serão escalonados entre 2016 e 2019.

Para começar bem o segundo semestre, Temer repara, para o retorno do recesso parlamentar, uma espécie de "pacote de bondades" para o Congresso Nacional, acelerando a liberação do saldo de emendas parlamentares para obras de infraestrutura que já foram contratadas, com o objetivo de aprovar propostas econômicas de interesse da administração federal e sacramentar o impeachment de Dilma.

Revelando a trama armada para socorrer a pior presidente da história do Brasil, em depoimento ao juiz Sergio Moro, Mônica Moura afirmou que não admitiu antes que os serviços prestados pelo marqueteiro João Santana foram pagos com dinheiro de caixa dois na campanha de 2010 para não "incriminar" Dilma durante o processo de impeachment.

Dirigentes do PSD repetem como um mantra que o ex-tucano Andrea Matarazzo só não será candidato à prefeito de SP se não quiser, mas já tratam nos bastidores de fazer uma coligação com o PMDB, que terá como candidata Marta Suplicy, para eleição de vereadores.

No Palácio do Planalto, a fala de André Moura, do PSC, de que o governo Temer não pode “abraçar o mundo” e precisa priorizar pautas foi vista como tentativa de o centrão marcar posição e como um sinal de que pode haver resistência na Câmara no segundo semestre.

Crítica:

-        Com o analfabetismo financeiro causando enormes prejuízos ao futuro do país, no Brasil não existem nas escolas uma matéria sobre economia como correm em nações desenvolvidas como Reino Unido e EUA.
-        Antro de corrupção petista, a Telebrás, estatal de telecomunicações, fez uma licitação para compra de equipamentos cujos preços aumentaram mais de 700% entre um ano e outro e que por este motivo suspensa pelo Tribunal de Contas da União.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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