R.B. 27/JUN/16 "A cultura política tupiniquim não é afeita ao trabalho"



"A cultura política tupiniquim não é afeita ao trabalho"

São Paulo, 27 de junho de 2016 (SEGUNDA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em queda, reduzindo mais uma parte dos ganhos acumulados no mês (3,4%) e no ano (15,6%), novamente acompanhando as perdas das principais bolsas mundiais e o recuo das commodities e (2) o DÓLAR pode voltar a subir, seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana e influenciado por declarações do presidente Temer defendendo a redução da taxa básica de juros brasileira ainda neste ano.

Sexta-feira, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -2,8%, com bom volume de negócios (R$ 7,0bi), acompanhando a derrocada das principais bolsas mundiais diante da inesperada decisão do Reino Unido de sair da União Europeia e com destaque de queda para as ações da Vale (-8,9%) e (2) o DÓLAR subiu 1,1% à R$ 3,38, em um “ajuste técnico” após fechar o pregão anterior no menor valor em quase 1 ano e seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana, também diante das incertezas trazidas pela decisão do Reino Unido de sair da União Europeia.

Também sexta-feira, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, reagindo primeiro à saída do Reino Unido da União Europeia, Japão -7,9%, registrando a maior queda porcentual em 5 anos, para fechar o dia no menor nível desde OUT/14 e China -1,3%,  pressionada pelas ações das mineradoras, (2) da EUROPA, com o índice que representa todas as bolsas da região registrando a maior perda diária desde 2008, Inglaterra -3,2%, França -8,0% e Alemanha -6,8%, após um pregão marcado pela forte volatilidade e com destaques de queda para as ações dos bancos, como Barclays (-17,7%), Royal Bank of Scotland (-18,0%), Banco Popolare (-23,3%), Santander (-20,0%) e Deutsche (-14,1%) e (3) dos EUA, prejudicada pelo mesmo motivo que derrubou todas as demais bolsas do mundo, S&P -3,6%, DJ -3,4% e NASDAQ -4,1%, já que os investidores temem que a saída do Reino Unido da União Europeia reduza a influencia norte-americana, desestabilize a economia da região, desacelere o crescimento global e ameace a estabilidade financeira.

Fazendo um importante alerta, Claudio Borio, chefe do departamento monetário e econômico do Banco de Compensações Internacionais (BIS), afirmou que a política econômica global precisa urgentemente ser reequilibrada, enquanto o mundo enfrenta uma "trindade de risco" de dívida elevada, baixo crescimento da produtividade e poder de fogo cada vez mais baixo nos grandes BCs.

“Sem combinar o jogo” com Meirelles, seu prestigiado ministro da Fazenda, e/ou com Ilan Goldfajn, o comandante do BC tupiniquim, o presidente Temer afirmou na sexta-feira passada que o Brasil promova uma redução "responsável" da taxa básica de juros ainda neste ano para ajudar no processo de retomada da confiança e do crescimento econômico do país.

Tentando acalmar os investidores tupiniquins, Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC, afirmou que, em termos de fundamentos, o impacto da saída do Reino Unido da UE no curto prazo é muito limitado no Brasil, ressaltando que mudanças são graduais nesse processo de saída do país do bloco econômico e que o fluxo de comércio do Reino Unido com o Brasil é de 1,5%.

Como o país precisa fazer caixa para reduzir a dívida publica, o governo Temer pretende, mesmo com o péssimo momento da economia nacional e com a instabilidade provocada pela saída do Reino Unido da União Europeia, realizar o lançamento de ações da Caixa Seguridade, o braço de seguros do referido banco, ainda em OUT/16.

Dando novos sinais negativos da economia tupiniquim, (1) a indústria brasileira teve o pior desempenho entre os principais países do mundo neste início de ano, já que a produção no país encolheu -11,2% de JAN/16 a MAR/16 ante o mesmo período do ano passado, o que representa o pior resultado entre 130 países e abaixo da média mundial, que cresceu 2,1%, (2) em MAI/16 o mercado de trabalho brasileiro fechou -72,6 mil vagas formais e (3) nos 5 primeiros meses deste ano os gastos dos turistas brasileiros em viagens ao exterior diminuíram -37,3% na comparação com o mesmo período de 2015.

Considerada uma revolução no transporte mundial devido ao aumento da capacidade de movimentação de carga por navios, a abertura do novo canal do Panamá, que começou a funcionar neste fim de semana, não beneficiará o Brasil de imediato, pois o país não tem infraestrutura necessária receber nos portos tupiniquins os navios de grande porte que poderão passar pelo novo canal.

Em um movimento que parecia ensaiado, mas provavelmente não era, na sexta-feira, logo após a confirmação de que o Reino Unido optou por sair da União Europeia, (1) Serra, ministro brasileiro das relações exteriores, afirmou que agora o Brasil pode fazer um acordo bilateral com a Inglaterra e (2) Alex Ellis, embaixador britânico no Brasil, ressaltou que a Inglaterra quer reforçar os laços econômicos com o país, principalmente em investimentos "verdes" e em infraestrutura.

-    O setor financeiro britânico emprega 2,2 milhões de pessoas e, com o "Brexit", parte das empresas sediadas em Londres poderá se mudar para outras cidades da Europa, como Paris e Frankfurt, ou outros centros financeiros globais, como NY.

Política:

Para que os “nobres parlamentares” possam curtir as festas juninas, a Câmara, ignorando o atual momento de crise, no qual dependemos de definições concretas para que o Brasil caminhe para frente, decretou um feriadão de 2 semanas, o que só comprova “a cultura política tupiniquim não é afeita ao trabalho”, mas adora regalias e privilégios.

Cercando cada dia mais o bandido mais ardiloso e liso da republica tupiniquim, a Procuradoria-Geral da República investiga se o presidente do Senado, o peemedebista Renan Calheiros, recebeu propina no exterior por meio do lobista Jorge Luz, referente a um negócio da Petrobras na Argentina.

Ressaltando que a Operação Lava Jato não comete abusos ao atingir políticos de alto escalão, já que "ninguém está acima da lei", José Ugaz, presidente da Transparência Internacional, organização voltada ao combate à corrupção de influência mundial, alertou que, na ausência de novas lideranças, existe um risco real de que a velha política consiga sabotar os avanços da luta contra a corrupção no Brasil.

Aliados do presidente afastado da Câmara dizem que ele já enviou mais de um recado ao Palácio do Planalto para que Temer pense duas vezes antes de abandoná-lo, porem palacianos comemoram o resultado das últimas votações, ressaltando que caiu por terra o mito de que, sem Cunha, a pauta presidencial não avançaria.

Como não poderia ser diferente “no país da piada pronta”, Flávio Rimoli, vice-presidente de governança corporativa, auditoria e compliance da Camargo Corrêa, é acusado de autorizar o pagamento de propina a funcionários públicos da República Dominicana quando era executivo da Embraer.

-    Comprovando mais uma vez que o corporativismo segue reinando no Congresso Nacional, dos 13 parlamentares com mandato já denunciados pela Lava Jato, apenas um, o peemedebista Eduardo Cunha, é réu em duas ações.
-    Para os integrantes do centrão, uma vitória de Rogério Rosso, do PSD, para um mandato tampão na presidência da Câmara pavimenta o caminho para a eleição de Jovair Arantes, do PTB, ao posto em 2017.
-    Escancarando a penúria do RJ, os processos dos quais o Estado é parte interessada estão demorando mais a andar porque não há como transportar documentos, já que os carros da Secretaria de Fazenda estão sem gasolina há meses.
-    O grupo próximo ao ex-tesoureiro João Vaccari Neto, que vem sendo pressionado pela família a fechar delação, ficou furioso com a decisão do PT de rechaçar a ideia de leniência partidária.

Crítica:

Trump, o asqueroso e preconceituoso candidato pelo partido Republicano à presidente dos EUA, comemorou a escolha do Reino Unido de sair da União Europeia, ressaltado que os norte-americanos terão uma oportunidade semelhante na eleição presidencial norte-americana de optar para as políticas que, virando as costas para o resto do mundo, "colocam os nossos cidadãos em primeiro lugar".

Apesar de culpar os bancos pela elevada taxa de juros, o brasileiro (1) consome como um norte-americano, (2) tem a educação de um ganês e (3) produz como um ucraniano, porem mesmo assim (1) compra carro em 60 vezes, (2) iPhone em 40 vezes, (3) TV de plasma em 20 vezes, (4) tênis Nike em 10 vezes e (5) até Big Mac em 3 vezes.

Escancarando a falta de educação básica dos brasileiros, segundo um estudo recente cerca de 64% dos beneficiários do Bolsa Família não sabem usar o cartão do beneficio em caixas eletrônicos.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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