R.B. 1/JUN/16 "O brasileiro ainda não está acostumado com o capitalismo"



"O brasileiro ainda não está acostumado com o capitalismo"

São Paulo, 1  de junho de 2016 (QUARTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve voltar a cair, acompanhando as perdas das principais bolsas mundiais para reduzir os ganhos ainda acumulados no ano (11,8%), porem é importante ressaltar que, para quem acredita que o Brasil já passou pelo “fundo do poço”, o patamar atual é interessante para compras de longo prazo e (2) o DÓLAR pode seguir em alta, influenciado pela esperada piora do “humor” na bolsa brasileira e pelas expectativas de alta dos juros nos EUA para diminuir a baixa acumulada no ano (-9,2%).

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -1,0%, em mais um dia marcado por incertezas nos cenários interno e externo, para fechar o mês registrando uma baixa de -10,1%, diante da instabilidade das commodities e o desconforto causado pelo indiciamento de Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, no inquérito da Operação Zelotes da Polícia Federal e (2) o DÓLAR subiu 0,9% à R$ 3,61, sustentado por incertezas no Brasil e pela expectativa de elevação de juros nos EUA.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 1,1%, impulsionada pela expectativa de novos estímulos na economia, pela possibilidade de atraso no aumento do imposto sobre vendas planejadas e pela divulgação de um dado de produção industrial melhor do que o esperado e China 3,2%, auferindo os maiores ganhos em 1 dia em quase 3 meses, beneficiada pelo aumento do otimismo de que o índice de economias emergentes poderá, em breve, adicionar ações chinesas, (2) da EUROPA, devolvendo os ganhos da abertura, para fecharem em queda após 5 sessões seguidas de ganhos, Inglaterra -0,6%, França -0,5% e Alemanha -0,7%, prejudicadas pelos dados sobre a economia da zona do euro, divulgados mais cedo, e também pelo balanço da Volkswagen (-2,6%) referente ao 1º trimestre, ambos piores do que o esperado e (3) dos EUA, S&P -0,1%, DJ -0,5% e NASDAQ -0,1%, realizando lucros recentes e pressionados pelo recuo do petróleo.

Como a economia do país só encolhe, a crise política se profunda diariamente e aas públicas estão no vermelho, o Brasil, que em 2010 estava no 38º lugar, caiu este ano para 57º posição do ranking da competitividade internacional, superando apenas Ucrânia, Mongólia e Venezuela e perdendo até da Grécia, da Argentina e da Jordânia.

Ressaltando principalmente um aumento das suas preocupações com as incertezas políticas do país, ontem a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos piorou suas “apostas” para o desempeno do PIB brasileiro em 2016 e em 2017, respectivamente de -4,0% para -4,3% neste ano e de 0,0% para -1,7% no ano que vem.

Dando mais um sinal bastante negativo da economia brasileira, o índice de desemprego subiu de 9,5% no quarto trimestre de 2015 para 11,2% no primeiro trimestre de 2016 e o rendimento médio real do trabalhador recuou -3,3% na mesma base de comparação.

Responsável por criar “campeões mundiais” como a JBS, que antes do governo Lula não passava de um grande abatedouro e atualmente é a maior processadora de carnes do mundo, Luciano Coutinho, o mais longevo presidente da história do BNDES, deixa hoje o referido banco de fomento tupiniquim com um legado controverso e após aprovar em sua gestão de 9 anos operações no valor de R$ 1,6tri.

Diretamente de Paris, onde participa de um painel da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico e tenta prospectar novos acordos comerciais para o país, Serra, ministro das Relações Exteriores, criticou de forma veemente os subsídios agrícolas dos EUA e dos países da Europa que prejudicam as exportações brasileiras.

-    O Bradesco caiu -5,0%, já que Luiz Carlos Trabuco, presidente do banco, foi indiciado pela Polícia Federal no inquérito da Operação Zelotes, que investiga compra de decisões no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
-    A Fibria disparou 5,0%, beneficiada pela alta do dólar e também pelo anúncio de reajuste de preços da celulose.

Política:

Enfrentando um período de desgaste prematuro com a queda de seu segundo ministro, o presidente Temer decidiu transformar a posse dos novos presidentes da Petrobras, Pedro Parente, e do BNDES, Maria Silvia, numa agenda positiva em Brasília nesta quarta-feira, inclusive fazendo um discurso no qual defenderá as investigações da operação Lava Jato.

Confirmando que são craques na oposição, os senadores do PT e do PCdoB, apostando que quanto pior melhor, conseguiram impor ontem uma derrota ao governo Temer ao adiar para a próxima terça-feira a sabatina do economista Ilan Goldfajn, indicado para presidir o BC, que assim não poderá participar da próxima reunião do Copom, marcada para os dias 7 e 8/JUN/16.

-    Aproximando ainda mais o PSDB do governo Temer, ontem, com o aval de Aécio Neves, o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira foi escolhido como líder do governo no Senado Federal.
-    Acreditando que pode voltar ao poder, Dilma tenta convencer senadores de que aceitará propor imediatamente novas eleições presidenciais caso seja reconduzida ao cargo.
-    Segundo um rival de Eduardo Cunha, a consulta sobre seu caso no Conselho de Ética à Comissão de Constituição e Justiça é o primeiro sinal público de que o peemedebista teme ser derrotado no plenário.

Cada vez mais forte na esfera Federal, a aliança entre peemedebistas e tucanos, que dá sustentação ao presidente Temer no Congresso Nacional e no governo deve se replicar apenas pontualmente nas eleições municipais deste ano, já que os 2 partidos deverão estar em polos opostos em 18 das 26 capitais.

Comprovando mais uma vez como é nocivo para o país o fórum privilegiado, o Supremo Tribunal Federal mantém desde o início das investigações da Operação Lava Jato nada menos do que 138 procedimentos ocultos, que são aqueles classificados com o mais alto grau de sigilo adotado para a tramitação de apurações envolvendo autoridades.

Crítica:

Mostrando mais uma vez que é incoerente, sem caráter e sempre estará ao lado de quem está no poder, Delfin Netto, que apoiou todos os presidentes desde a ditadura militar e que até outro dia era conselheiro e puxa-saco particular de Dilma, afirmou ontem que é pura alucinação de cidadãos desesperados com a possibilidade de perderem o poder a narrativa de que a referida ex-presidenta sofreu um "golpe".

Indicando que "o brasileiro ainda não está acostumado com o capitalismo", o juiz Marcel Montalvão, da comarca de Lagarto no Ceará, que em ABR/16 fez com que o WhatsApp ficasse bloqueado em todo o país por 25 horas, afirmou em sua decisão, que só foi revelada oficialmente ontem, que o Facebook age motivado por "razões unicamente comerciais".

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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