R.B. 18/ABR/16 "Tchau querida"


"Tchau querida"

 

São Paulo, 18 de abril de 2016 (SEGUNDA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, com bom volume de negócios diante do vencimento de opções e com os investidores comemorando o encaminhamento do processo de impeachment da presidenta Dilma da Câmara para o Senado com votação acima do esperado, e (2) o DÓLAR pode cair, já que, mesmo com os leilões de compra do BC, a moeda norte-americana será influenciada pelo mesmo motivo que trará melhora do "humor" na bolsa brasileira e aumento do fluxo positivo de recursos externos.

 

Sexta-feira, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 1,6%, para fechar o dia no maior patamar desde 14/JUL/15 (aos 53.228pts), na contramão do movimento descendente das principais bolsas mundiais, diante da "humilhante derrota" do governo no STF e da consolidação das "apostas" de vitória da oposição na votação do impeachment na Câmara e (2) o DÓLAR subiu 0,9% à R$ 3,55, influenciado pelos "agressivos" leilões de compra do BC e seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana.

 

Também sexta-feira, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão –0,4% e China –0,1%, influenciadas por um movimento de realização de lucros após novos dados mostrarem que a economia chinesa desacelerou mais no primeiro trimestre deste ano, (2) da EUROPA, devolvendo os ganhos do pregão anterior, Inglaterra –0,3%, França –0,4% e Alemanha –0,4%, com destaques de queda para as ações das empresas do setor automotivo, diante do anúncio de queda das vendas para a China e (3) dos EUA, reduzindo uma parte dos ganhos acumulados na semana, S&P –0,1%, DJ –0,2% e NASDAQ –0,2%, em um movimento de realização de lucros que acompanhou o declínio dos preços do petróleo e também foi influenciado pela que das ações da Apple (-2,1%), que anunciou que continuará a reduzir sua produção de iPhones devido à lentidão nas vendas.

 

Além de melhorar substancialmente o "humor" dos investidores, a eventual queda da presidenta Dilma, cujo processo de impeachment agora será finalizado no Senado, vai começar a destravar os investimentos de empresas e das pessoas, principalmente se Temer, ao assumir, tenha força política para fazer um pacto por reformas como a fiscal e a da previdência.

 

Confirmando a importância de uma liderança confiável e estável para o desenvolvimento do país, segundo a opinião da grande maioria dos economistas, se a presidenta Dilma permanecer à frente do governo o PIB tupiniquim pode recuar até -6% em 2016, porem, com uma mudança de governo, o país já poderá ter um pequeno crescimento, de 1,2%, em 2017 e aceleração vagarosa a partir de 2018.

 

Colocando, ao menos indiretamente, a culpa na chefa, Alexandre Tombini, presidente do BC, afirmou na sexta-feira da semana passada, em pronunciamento ao FMI, que a crise política tem peso dominante entre as causas da recessão brasileira.

 

Responsável por comandar o maior grupo financeiro privado do Brasil, Roberto Setúbal, presidente do Itaú, afirmou ontem, logo após a aprovação do impeachment na Câmara, que espera que o país encontre seu caminho num ambiente democrático e de amplo entendimento, que será essencial para reestabelecer a confiança nos agentes econômicos, base para tirar o país da recessão e retomar o crescimento econômico.

 

De forma irresponsável e sem se preocupar em causar um "rombo radioativo" (de R$ –320bi) nos cofres públicos, capaz inclusive de aniquilar as contas publicas tupiniquins, SP, RJ e PR se juntaram aos Estados que já recorreram à Justiça para alterar a regra de cálculo da dívida dos governos com a União, que passaria de juros compostos para juros simples.

 

Usando a tecnologia para arrecadar cada dia mais, a Receita Federal brasileira tem desenvolvido ao longo dos últimos anos um arsenal eletrônico de informações difícil de ser burlado que em 2015 se fortalece com a e-Financeira, a ser enviada pelas empresas do setor financeiro, pelos consórcios, pelas seguradoras e pelas entidades de previdência complementar e que serão cruzados com os dados declarados pelos contribuintes.

 

Beneficiado pelo ainda elevado patamar do dólar e principalmente pela quebra da safra norte-americana, o milho brasileiro tem ganhado o mercado egípcio e com isto a exportação do cereal cresceu 985% no primeiro trimestre deste ano de 2016 em relação ao mesmo período de 2015.


Política:
 
Por um placar mais amplo do que o esperado, já que foram 367 votos pelo sim e apenas 137 votos pelo não, ontem, em um dia histórico para o país, a Câmara dos deputados deu um "tchau querida" para a presidenta Dilma, que agora terá uma batalha difícil para tentar salvar seu emprego no Senado Federal.

 

Com muito trabalho pela frente, principalmente para se manter no cargo, Temer já avisou que, assim que o Senado confirmar o afastamento da Dilma, pretende já ter pronto e apresentar uma equipe de ministros com nomes de peso, principalmente nas áreas econômica e social, como Armínio Fraga, Henrique Meirelles, Ricardo Paes de Barros, Eliseu Padilha, Serra, Carlos Ayres Britto, Ilan Goldfajn e Sergio Amaral.

 

Além da população, que fez sua parte ligando e mandando mensagens para parlamentares, na reta final da votação na Câmara, assessores de Dilma foram informados por deputados de que mudaram de lado nas últimas horas depois que foram pressionados diretamente por grandes empresários e não teriam mais como votar a favor do governo.

 

Sem nenhum protagonismo no impeachment, o PSDB, que tinha a obrigação de fazer uma oposição combativa, se reduziu a um triunvirato de pré-candidatos hiperindividualistas a presidente (Serra, Aécio e Alckmin) com um departamento de bons economistas liberais.

 

Com Lula cada dia mais enfraquecido, crescem rapidamente os rumores de que o PT pode rachar com uma debandada de parlamentares, principalmente dos movimentos sociais, históricos ou novos, que devaneiam com outras paragens políticas.

 

Fazendo como Anderson Silva, que comemorou a vitória antes da hora e perdeu a oportunidade de aniquilar seu adversário, o tucano Aécio Neves, presidente do PSDB, proibiu os membros de seu partido de assinarem a ação proposta pelo Solidariedade para despejar a presidente Dilma Rousseff do Palácio da Alvorada, já que segundo ele "isso é absolutamente desnecessário".

 

Como Dilma, provavelmente dopada por remédios e cada dia mais distante da realidade, estava sem nenhuma condição de falar em publico, José Eduardo Cardozo, ministro da Advocacia-Geral da União, afirmou em entrevista coletiva na madrugada desta segunda-feira que o Palácio do Planalto recebeu com "indignação e tristeza" o resultado, mas que ele não abaterá a presidente.

 

Se mostrando um péssimo perdedor, inclusive passível de perda de mandato por quebra de decoro parlamentar, o deputado Jean Wyllys, do PSOL do RJ, admitiu em entrevista à imprensa, no Salão Verde da Câmara, que cuspiu "na cara" do deputado Jair Bolsonaro, do PSC do RJ, e que repetiria o gesto "quantas vezes" fossem necessárias.


Crítica:
 
Provando que, com seriedade e trabalho competente, é fácil e rápido tirar um país do atoleiro, na sexta-feira passada a agência de classificação de risco Moody's elevou sua "nota" para a Argentina, de Caa1 para B3, ressaltando que houve um aumento significativo na probabilidade do país governado por Mauricio Macri desde DEZ/15 pagar seus credores.

PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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