R.B. 12/ABR/16 "Sem querer querendo"


"Sem querer querendo"

 

São Paulo, 12 de abril de 2016 (TERÇA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, realizando lucros "no fato", que desta vez foi a aprovação do processo de impeachment na comissão da Câmara, e em um movimento de cautela antes da votação do referido processo em plenário, que só deve acabar no domingo (17/ABR/16) e (2) o DÓLAR pode subir, em um "ajuste técnico" após a forte queda do pregão anterior, pressionado pelos leilões de compra do BC e seguindo a valorização internacional da moeda norte-americana.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –0,2%, devolvendo os ganhos registrados na abertura, quando na máxima avançou 1,6%, em um movimento de realização de lucros acumulados no ano (15,7%) e acompanhando as perdas das bolsas de NY e (2) o DÓLAR caiu –2,8% à R$ 3,50, para fechar o dia no menor patamar desde 21/AGO/15, diante das "apostas", confirmadas após o fechamento do pregão, de avanço do processo de impeachment da presidenta Dilma na Comissão da Câmara.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão –0,4%, com destaques de queda para as ações das montadoras, como Toyota (-3,5%), Honda (-2,1%) e Nissan (-1,7%), prejudicadas pela valorização da moeda local (o iene) frente ao dólar, que aliás atingiu a nova máxima em 17 meses e China 1,6%, sustentada por dados fracos de inflação do país, que reforçaram expectativas de que Pequim continuará relaxando sua política monetária, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,1%, França 0,2% e Alemanha 0,6%, beneficiadas pela valorização das commodities e com destaques de alta para as ações dos bancos italianos, diante da notícia de que o governo do país planeja estruturar um fundo para gerir os empréstimos inadimplentes dos bancos locais e (3) dos EUA, devolvendo os ganhos da abertura, S&P –0,3%, DJ –0,1% e NASDAQ –0,3%, pressionadas pelas expectativas dos investidores com o início da temporada de balanços do primeiro trimestre, já que analistas esperam números ruins para o lucro das corporações, com as projeções médias de queda de -8,5% no lucro das empresas.

 

Conceituado, respeitado e principalmente escutado, o economista Marcos Lisboa, presidente do Insper, alertou que as últimas duas semanas foram marcadas por um agravamento dos problemas fiscais do país, ressaltando que isto levará o país a perder mais credibilidade e trará consequências negativas para toda a sociedade, incluindo o fim dos empréstimos de longo prazo.

 

Fingindo desconhecer que o que falta é a confiança e que esta confiança só retornará com o fim do governo Dilma, em mais uma tentativa de destravar investimentos e melhorar o acesso ao crédito para empresas, o Conselho Monetário Nacional regulamentou uma medida para facilitar a emissão de debêntures para captação de recursos para infraestrutura, permitindo agora a liquidação antecipada desses papéis após um prazo mínimo de 4 anos (o prazo médio atual é de 9 anos).

 

Fazendo um importante alerta, a agência de risco Moody's afirmou ontem que os bancos brasileiros podem estar subestimando a inadimplência com o aumento da reestruturações dos empréstimos, cujo volume de operação subiu 37% em 2015 na comparação com 2014.

 

Já esperando uma redução maior da taxa básica de juros, que fecharia 2017 em 12,25%, ante os atuais 14,25%, o "mercado" diminuiu pela quinta semana consecutiva, desta vez de 7,28% para 7,14%, suas "apostas" para o IPCA deste ano, porem as projeções para o PIB de 2016 seguiram piorando, de –3,73% na semana passada para –3,77% agora.

 

Dando novos sinais negativos da economia brasileira, (1) em FEV/16, apresentando a 14ª retração consecutiva, o faturamento das pequenas e médias empresas de SP caiu -11,4% na comparação com FEV/15 e (2) temendo ter que provisionar até 100% do valor emprestado para cobrir o risco de calote, os principais bancos brasileiros estão fazendo um esforço concentrado para evitar que um grupo de grandes empresas fique inadimplente e entre as medidas adotadas estão a renegociação de empréstimos e a avaliação de venda de patrimônio para cobrir dívidas.

 

Escancarando mais uma vez o absurdo que é o Estado brasileiro ter uma empresa petrolífera, hoje o Tribunal Superior do Trabalho começa a analisar um "esqueleto trabalhista" da Petrobras, referente ao pagamento de adicional de periculosidade e de insalubridade para empregados que trabalham em áreas de risco, que pode custar até R$ 20bi aos cofres públicos.

 

Com as exportações aumentando apenas 2,5% e as importações despencando –30,9%, ambas na comparação com o mesmo período de 2015, nos 10 primeiros dias de ABR/16 a balança comercial brasileira acumulou um superávit de US$ 1,62bi, elevando o saldo positivo do ano para US$ 10,01bi.


Política:
 
Na votação da Comissão Especial da Câmara, que precisava de maioria simples para dar sequencia o pedido impeachment contra Dilma, 38 deputados votaram pelo sim e 27 pelo não, o que em percentuais significa 58,5% a 41,5%, mostrando que a batalha para derrubar Dilma ainda será dura, já que agora, com o processo em plenário, são necessários 2/3 dos votos (342) dos 513 deputados, sendo que na última contagem 293 se manifestaram favoráveis ao fim do governo petista, 117 são contrários e 103 estão indecisos ou não responderam.

 

O ex-deputado federal Roberto Jefferson afirmou, na noite de ontem, que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é necessário neste momento, pois sabe "jogar o jogo sujo do PT", porem deve deixar o comando da Casa e ser preso logo após a eventual aprovação do impeachment da presidenta Dilma.

 

Segundo a advogada Erica Gorga, ex-professora de direito societário da FGV, a má gestão da Petrobras, que virou alvo de ação dos acionistas minoritários contra a estatal nos EUA, pode caracterizar um crime de responsabilidade capaz de motivar um pedido de impeachment da presidenta Dilma.

 

"Sem querer querendo", Michel Temer, vice-presidente da República, enviou um discurso de 15 minutos a parlamentares de seu partido, o PMDB, em que fala como se o impeachment tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados, explicando como seria a gestão do país capitaneado por ele e fazendo acenos "ao capital", aos trabalhadores, aos governadores e a movimentos sociais.

 

Para mostrar que tem apoio e apontar que caminho seguirá caso assuma o lugar de Dilma, o vice-presidente Michel Temer está agora articulando um encontro com o economista Armínio Fraga, seu preferido para assumir o Ministério da Fazenda, e tem dito que vê com bons olhos o tucano José Serra à frente da Saúde.

 

Mostrando que a "a lógica petista é coisa de maluco", apesar de dizer que os erros cometidos por Dilma são graves e numerosos e que a corrupção é um problema sério, o filósofo e ex-ministro petista Mangabeira Unger afirmou ontem que é contra o impeachment.

 

Decidindo contra o PT, ontem Luiz Edson Fachin, ministro do STF, negou um pedido do deputados federal Weverton Rocha para tentar impedir a realização da votação do impeachment no domingo (17/ABR/16) e também o procedimento de chamada dos deputados.

 

Colocando mais bandidos na cadeia, apesar do chefão da gang estar provisoriamente protegido pelo STF, na manha de hoje a Polícia Federal deflagrou a 28ª fase da Operação Lava Jato, que tem como alvos o ex-senador do Distrito Federal Gim Argello (do PTB) e a construtora OAS.

 

Moreira Franco, braço direito de Michel Temer, iniciou, por meio da Fundação Ulysses Guimarães, instituição do PMDB por ele comandada, uma consulta a deputados para medir a temperatura na Câmara em um eventual governo Temer e para saber quais as agendas prioritárias dos parlamentares.

 

Indicando que "os bandidos vão se desesperar ao perceberem que a vaca da Dilma foi para o brejo", Eunício Oliveira, líder do PMDB no Senado, recebeu ameaças de que suas fazendas podem voltar a ser invadidas no dia 15/ABR/16, quando a votação do impeachment deve começar no plenário da Câmara.

 

-    Com um total de 31 deputados nas siglas, ontem PSB e a Rede divulgaram posições oficiais favoráveis ao impeachment da presidenta Dilma.


Crítica:
 

Em "mais uma ideia estapafúrdia e populista", que incentiva a vagabundagem e obviamente causa aumento de impostos e de preços, a agência de transporte terrestre divulgou uma resolução determinando que, a cada viagem, até 4 passagens sejam destinadas a jovens de baixa renda.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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