"Avaliado com cautela"
São Paulo, 2 de março de 2016 (QUARTA-FEIRA).
Mercados e Economia:
Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em alta, mesmo após fechar o pregão anterior no maior patamar desde 15/DEZ/15 (aos 44.121pts), acompanhando o movimento ascendente das principais bolsas mundiais e influenciada positivamente pelo andamento do processo de cassação do mandato de Eduardo Cunha, que certamente vai ajudar a derrubar também a presidenta Dilma (2) o DÓLAR pode seguir em queda, rompendo o "suporte" dos R$ 3,95, seguindo a esperada melhora do "humor" na bolsa brasileira.
Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 3,1%, com bom volume de negócios (R$ 7,1bi), acompanhando o movimento ascendente das principais bolsas mundiais, diante das expressivas de novos estímulos econômicos, beneficiada pela valorização das commodities, como o petróleo (2,5%) e (2) o DÓLAR caiu –0,5% à R$ 3,95, seguindo a melhora do "humor" na bolsa brasileira e as "apostas" de aumento do fluxo positivo de recursos externos.
Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,4% e China 1,7%, beneficiadas pela decisão do BC chinês de adotar uma nova medida de estímulo monetário, desta vez cortando os compulsórios bancários em -0,50%, estimulando o o setor bancário a ampliar a concessão de empréstimos, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,9%, França 1,2% e Alemanha 2,4%, beneficiadas pelo avanço do petróleo (2,5%) e das demais commodities e com destaques de alta para as mineradoras e siderúrgicas, como ArcelorMittal (8,4%) e Anglo American (2,3%) e (3) dos EUA, mostrando um renovado apetite ao risco, S&P 2,4%, DJ 2,1% e NASDAQ 2,9%, influenciadas positivamente por dados animadores da economia norte-americana, como o avanço bem maior do que o esperado do índice dos gerentes de compra e dos investimentos em construção, e com destaques de alta para as ações das empresas dos setores bancário e de tecnologia.
Mostrando algo difícil de se entender, principalmente para os brasileiros, atualmente o governo japonês está sendo pago para pegar dinheiro emprestado de investidores, já que ontem o Ministério das Finanças do país fez uma oferta de títulos de 10 anos com rendimento de 0,1% e preço médio de 101,25 ienes, o que produz um rendimento de -0,24% ao ano caso o investidor mantenha o papel até seu vencimento.
Hoje, sem nenhum destaque e expectativa de surpresa, termina a reunião do Copom que, caso siga a expectativa de mais de 90% do "mercado" e não siga a pressão dos petistas, deve anunciar a manutenção da taxa básica de juros (Selic) no atual patamar de 14,25%.
Contrariando a lei da oferta e procura, apesar da profunda recessão na qual o Brasil está mergulhado no presente, que ao que tudo indica é a pior da história, cerca de metade (3,8%) da inflação prevista para este ano de 2016 (7,6%) será fabricada pelos fantasmas dos aumentos de preços passados e futuros.
Dando 4 novos sinais negativos da economia brasileira, (1) nos 2 primeiros meses deste ano os licenciamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no país caíram –31,3% na comparação com o mesmo período de 2015, (2) em FEV/16 a produção de cerveja no Brasil caiu –3,1% na comparação com FEV/15, (3) segundo previsões do setor, no primeiro semestre deste ano as vendas do varejo em SP devem ser –7,4% menores do que no mesmo período de 2015 e (4) o Brasil perdeu 23 bilionários neste ano em relação a 2015.
A balança comercial brasileira de FEV/16 registrou um superávit de R$ 3,04bi, o que representa o maior saldo positivo para um mês de fevereiro desde o início da série histórica, em 1989, porem este resultado deve ser "avaliado com cautela", já que foi conseguido por conta de uma queda de -34,6% das importações na comparação com FEV/15 e por um aumento de 4,6% nas exportações, que por sua vez são beneficiadas pela disparada do dólar, na mesma base de comparação.
Ressaltando que a indústria brasileira já representou 25% do PIB e hoje responde por apenas 9% da geração de riquezas do país, o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro e atualmente professor da FGV, alertou que não serão os acordos comerciais, mas a derrubada de entraves econômicos, como a adoção de uma taxa de câmbio excessivamente valorizada, e até sociais, como a baixa produtividade do trabalhador, que levarão o Brasil a uma inserção "competitiva" ou "inovadora" no mundo.
Com o objetivo de socorrer a Gol, ontem a presidenta Dilma assinou uma medida provisória que eleva o limite de participação de capital estrangeiro nas empresas aéreas dos atuais 20% para 49%.
Sem capacidade intelectual para compreender o tamanho da crise que assola o país, Dilma está sitiada por todos os lados e é solapada dentro de casa, já que Lula (1) lavou as mãos ao deixar o PT bater na presidenta do Brasil com um programa econômico de oposição e (2) tanto fritou que queimou Luiz Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, que seria "mole com a Polícia Federal".
Confirmando os rumores, José Eduardo Cardozo afirmou que, após cinco anos e dois meses no comando do Ministério da Justiça, deixou o cargo pois setores de seu partido, o PT, pediram que ele atuasse de forma diferente diante da Polícia Federal, porem "garantiu" que não há risco de a Operação Lava Jato ter qualquer tipo de interferência política.
Coberta de razão, a cúpula tucana tem criticado, de forma privada e também publica, a movimentação ostensiva do governador de SP Geraldo Alckmin para fazer de seu afilhado político, João Doria, o candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, o que tem criado um clima de isolamento entre ele e os principais líderes nacionais da sigla.
Provando mais uma vez que não manda nada, ontem, em uma tentativa de reaproximação com o ex-presidente Lula, a presidenta Dilma fez uma defesa veemente ao seu antecessor no Palácio do Planalto ao afirmar que uma liderança como o referido petista merece manifestações de solidariedade e que não se pode deixar que a ofensiva da Polícia Federal contra ele "passe dos limites".
Caminhando tranquilamente para preparar a pizza que salvará seu mandato, o senador Delcídio do Amaral, que foi preso ao se vangloriar de ter poder para influenciar nas decisões de ministros do Supremo, renunciou ontem à presidência da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, que agora será comandada pela também petista Gleisi Hoffman.
Enquanto a presidenta Dilma tem que se explicar das pedaladas fiscais, o ex-presidente Lula agora terá que se explicar porque seu segurança lhe comprou 2 pedalinhos e porque estes pedalinhos, com os nomes de seus netos, foram para no lago do sítio em Atibaia que o referido petista diz não ser seu.
Alfredo Sequeira Filho
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