"Cada dia mais pinéu"
São Paulo, 23 de fevereiro de 2016 (TERÇA-FEIRA).
Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 4,1%, acompanhando o desempenho positivo das principais bolsas mundiais, beneficiada pela valorização das commodities, como o Petróleo (6,1%), e impulsionada principalmente pelo aumento das "apostas" de que Lula será preso e de que Dilma não terminará seu mandato e (2) o DÓLAR caiu –2,4% à R$ 3,95, seguindo os mesmos motivos que levaram à forte alta da bolsa brasileira e também pressionado pelos leilões de venda do BC.
Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,9%, sustentada por ações que se beneficiam dos preços baixos do petróleo e que atendem a demanda doméstica, como a empresa área Japan Airlines (5,6%) e a fabricante de alimentos Suntory Beverage & Food (5,3%) e China 2,4%, após Pequim confirmar a redução do imposto de venda para determinados compradores de imóveis, em sua última tentativa de revitalizar o setor imobiliário do país, (2) da EUROPA, Inglaterra 1,5%, França 1,8% e Alemanha 2,0%, impulsionadas pelo avanço do petróleo e de outras commodities, que beneficiou as ações dos setores de energia e de mineração e (3) dos EUA, S&P 1,5%, DJ 1,4% e NASDAQ 1,5%, com destaques de alta para as petrolíferas, como a Chevron (2,7%), diante da elevação superior a 6% dos preços do petróleo, e também em um movimento de cobertura de vendas a descoberto.
Com um pessimismo crescente, o "mercado", desta vez reagindo a mais uma "gambiarra" do governo Dilma com as contas publicas, reduziu ainda mais, desta vez de –3,33% para –3,40%, suas "apostas" para o desempenho do PIB brasileiro em 2016, e elevou, agora de 7,61% para 7,62%, suas projeções para a inflação tupiniquim também neste ano.
Dando novos e cada dia mais intensos sinais negativos da economia brasileira, (1) em JAN/16 as vendas de veículos recuaram -38,8% na comparação com JAN/15 e (2) em 2015 o número de companhias que devem dinheiro ao FGTS cresceu 17% na comparação com 2014.
Apesar da depressão que assola o país, o Brasil, reduzindo de forma irresponsável o nível de suas reservas internacionais, vai depositar mais grana para subir 4 posições e assim passar a ser o 10º maior cotista do Fundo Monetário Internacional após a integralização do aumento de sua cota, de 1,78% anteriormente para 2,32% agora.
Terminando um ciclo que começou com FHC, que privatizou a telefonia brasileira em 1998, apesar da resistências no atual governo federal, que sempre quer ter o controle de tudo, deve ficar pronta até o final de MAI/16 a minuta de um decreto que, na prática, permitirá às teles prestarem todo tipo de serviço com uma simples autorização, o que obviamente beneficiará os consumidores e aumentará a concorrência.
Como o Tesouro não consegue oferecer subsídios por causa da crise fiscal e, por conta da intensificação das investigações da operação Zelotes, está cada dia mais difícil comprar medidas provisórias, as montadoras podem acabar pagando a conta do novo programa de renovação da frota de veículos que a presidenta Dilma pretende lançar para recuperar um dos setores mais fracos da economia e tentar abrandar a recessão.
Ajudando as mineradoras e siderúrgicas ao redor do mundo, principalmente as brasileiras, durante o final de semana passado o governo chinês anunciou a redução de imposto para compra de imóveis e, aumentando a confiança dos investidores, também removeu o chefe da agencia reguladora do mercado de capitais, colocando em seu lugar um renomado executivo do setor bancário.
Obstinado em quebrar a empresa, mesmo após sair dela, José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, defendeu ontem a rejeição do projeto em tramitação no Senado que permite à referida estatal abrir mão de ser a operadora única do pré-sal em determinados leilões de áreas de exploração de petróleo.
- A Tata Motors subiu 3,4%, após anunciar que, após uma votação popular na internet, "Tiago" será o novo nome do seu novo modelo de automóvel até então chamado de Zica, que mudou de nome em solidariedade com o sofrimento provocado pela recente epidemia do vírus da zika.
As suspeitas de que o PT tenha usado o esquema de desvios da Petrobras para fazer pagamentos no exterior a João Santana, responsável pela campanha à reeleição de Dilma em 2014, devem fortalecer os argumentos de ações que buscam cassar o mandato da presidenta no Tribunal Superior Eleitoral.
Mais preocupando do que alegrando os governistas, a interferência da presidenta Dilma nas eleições das lideranças do PP e PMDB mostrou que 45 deputados desses partidos aliados estão contra o governo.
Cada dia mais nas mãos dos peemedebistas, esta semana a presidenta Dilma, pagando a fatura da vitória de seu preferido na eleição para liderança do PMDB na Câmara, deve anunciar o novo titular da Secretaria de Aviação Civil, que, se nada mudar, será o deputado Mauro Lopes, do PMDB de MG.
Alvo de mandado de condução coercitiva na Operação Acarajé, que foi a 23ª fase da Lava Jato, Armando Ramos Tripodi, gerente executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, foi um dos maiores doadores individuais da campanha à reeleição de Dilma em 2014, dividindo o pódio de "top doadores" com figuras como Eraí Maggi, o rei da soja, e Antônio Carlos Brandão Resende, sócio da Localiza.
Falando publicamente pela primeira vez após 87 dias em cana, o senador petista Delcídio do Amaral refutou, com veemência, a informação de que estava ameaçando entregar colegas caso seja cassado e que iria colaborar com a Lava Jato fazendo uma delação premiada.
Dando indícios de que João Santana, cuja prisão temporária foi decretada pelo juiz federal Sergio Moro, pode ter tomado conhecimento previamente de sua prisão, no sábado o referido marqueteiro se ofereceu para prestar esclarecimentos alegando que poderiam ser evitadas "conclusões precipitadas".
Defendendo seus próprios interesses e se afastando cada dia mais do Planalto, os petistas que são candidatos na eleição deste ano reclamam da insistência da presidenta Dilma em recriar a CPMF, o que segundo eles só desgasta o governo e o PT ainda mais e, na melhor hipótese, só seria aprovada em SET/16, às vésperas do primeiro turno.
Mesmo fugindo de todas as formas da polícia e da imprensa, o ex-presidente Lula, que está se especializando em fogo amigo, se reuniu na semana passada com senadores petistas e desceu a lenha no ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e na política econômica de Dilma.
Alfredo Sequeira Filho
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