R.B.
"O Brasil pagando o preço"
São Paulo, 2 de dezembro de 2015 (QUARTA-FEIRA).
Mercados e Economia:
Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em queda, para romper o suporte dos 45.000pts, influenciada negativamente pelo recuo das commodities e ainda prejudicada pela constante piora da economia e da política no Brasil e (2) o DÓLAR pode subir, retornando à sua trajetória de alta após o recuo do pregão anterior, afetado pelos mesmos motivos que devem derrubar a bolsa brasileira e também acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana diante das expectativas de aumento dos juros nos EUA.
Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -0,2%, na contramão do desempenho ascendente das bolsas de NY, prejudicada pela divulgação de novos dados econômicos negativos e pela instabilidade política no Brasil e (2) o DÓLAR caiu -0,4% à R$ 3,86, realizando lucros após 4 pregões seguidos de alta, seguindo a desvalorização internacional da moeda norte-americana e também influenciado pelos leilões de venda do BC.
Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 1,3%, acima de 20.000pts pela primeira vez em mais de 4 meses, beneficiada pela divulgação de números positivos sobre a manufatura no país, que atingiram o maior patamar desde MAR/14 e China 0,3%, após dados fracos da economia local realimentarem expectativas de que Pequim adotará novas medidas de estímulo, em especial no setor imobiliário e após o FMI confirmar ontem que vai incluir o yuan em sua cesta de moedas de reserva, (2) da EUROPA, sem uma tendência única, Inglaterra 0,6%, sustentada pelas ações dos bancos, como Barclays (4,6%), Lloyds (2,4%) e RBS (3,1%), já que o setor bancário se saiu bem no teste de saúde realizado pelo BC do Reino Unido, porem França -0,9% e Alemanha -1,1%, com os investidores cautelosos em realizar grandes compras nas vésperas da reunião de política monetária do BC Europeu e (3) dos EUA, recuperando as perdas da abertura, para fecharem próximas às máximas do dia, S&P 1,1%, DJ 0,9% e NASDAQ 0,9%, já que a divulgação de dados fracos da atividade industrial de NOV/15 reduziram um pouco as "apostas" de alta da taxa básica de juros do país na reunião do Fed ("BC" local) deste mês.
Com "o Brasil pagando o preço" por ter eleito uma presidenta sem competência, sem credibilidade e sem a confiança dos investidores, no terceiro trimestre deste ano o PIB tupiniquim recuou -4,5% na comparação com o mesmo período de 2014, o que é o segundo pior resultado do mundo para o período (ficando atrás apenas da Ucrânia) e a mais longa recessão desde o lançamento do Plano Real, em 1994.
Cobertos de razão, (1) Murilo Ferreira, presidente da Vale, afirmou ontem que a crise econômica no Brasil é agravada pela "turbulência política" e criticou a paralisia do Legislativo e (2) o economista Gustavo Loyola, ex-presidente do BC, alertou que para interromper o atual ciclo vicioso da economia brasileira é preciso criar um ambiente favorável no país, o que lhe parece improvável diante do tamanho da crise política.
Como as empresas e as pessoas só investem quando tem confiança de que o amanhã será melhor do que hoje, no terceiro trimestre deste ano os investimentos no Brasil, registrando o nono trimestre consecutivo de retração, recuaram –15% na comparação com o mesmo período de 2014, o que representa o pior resultado da série histórica desta pesquisa.
Também contribuindo para a retração do PIB tupiniquim, no terceiro trimestre deste ano, prejudicado pelo aumento do desemprego, pela alta da inflação e pela elevação da taxa de juros, o consumo, que foi o motor da economia na última década, recuou –4,5% na comparação com o mesmo período de 2014, o que representa o pior resultado desde a virada de 1997 para 1998, quando as crises da Ásia e da Rússia levaram a uma alta dos juros (Selic) a 38% ao ano.
Com a bolha imobiliária tupiniquim desinflando cada dia mais rapidamente, o número de trabalhadores que atuam na construção pesada do Estado de SP diminuiu -9,57% nos últimos 12 meses encerrados em OUT/15, já que no total 11,5 mil vagas foram fechadas no referido período.
Pagando o preço da prisão de seu presidente-herói e pela arrogância de seus funcionários de baixo escalão, apenas nos 3 dias após a prisão do banqueiro André Esteves, na última quarta-feira (25/NOV/15), os investidores resgataram pelo menos R$ 9,2bi dos fundos do BTG Pactual.
Beneficiada pela queda nas importações (-23,1% no ano), causada pela retração no consumo e pela disparada do dólar, que foi maior que a baixa das exportações (-14,9% no ano), em NOV/15 a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 1,2bi, elevando com isto o saldo positivo no ano para US$ 13,4bi.
Política:
Dando uma vitória ao governo no Congresso, na noite de ontem a Comissão Mista de Orçamento incluiu a CPMF, que ainda não foi aprovada em plenário, como fonte de receita para o Orçamento do próximo ano, com estimativa de arrecadar R$ 10,1bi em valores líquidos.
Em mais um ato corporativista e vergonhoso, ontem, após quase 6 horas de discussão, com a ajuda do Planalto e dos petistas que fazem parte do Conselho de Ética, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, conseguiu protelar mais uma vez o trâmite de seu processo de cassação.
Indicando que o maior bandido da história do Brasil está cada dia com menos poder, ontem o Supremo Tribunal Federal rejeitou duas queixas-crime apresentadas por Lula contra declarações do senador democrata Ronaldo Caiado, que nas em redes sociais chamou o referido ex-presidente de "bandido frouxo".
Atingindo escalões cada vez mais elevados da republica tupiniquim, o ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki autorizou a abertura de dois novos inquéritos para apurar a ligação de Renan Calheiros, presidente do Senado, com o esquema de corrupção da Petrobras.
- Ontem, no encontro de Dilma com líderes partidários, o ministro do Planejamento Nelson Barbosa avisou que a máquina pública ficará imobilizada a partir da semana que vem caso a nova meta fiscal não seja aprovada nas próximas horas.
- Mostrando coragem, o senador Ronaldo Caiado, do DEM, avisou que vai propor ao partido que defenda um plebiscito sobre a renúncia da presidente e de todos os congressistas, com a convocação imediata de novas eleições.
PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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