R.B. 23/SET/15 "Atrás apenas de Venezuela, Grécia, Ucrânia e Paquistão"


R.B.

"Atrás apenas de Venezuela, Grécia, Ucrânia e Paquistão"

 

São Paulo, 23 de setembro de 2015 (QUARTA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, acompanhando a recuperação das principais bolsas mundiais e com os investidores internos aliviados com a aprovação no Congresso Nacional, mesmo que ainda parcial, dos vetos da presidenta Dilma à chamada "pauta-bomba" e (2) o DÓLAR pode cair, em um "ajuste técnico" diante das fortes altas recentes e também influenciado pelo mesmo motivo que deve beneficiar a bolsa brasileira.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –0,7%, recuperando boa parte das perdas da abertura, quando na mínima recuou –2,8%, com as exportadoras beneficiadas pela disparada do dólar e uma leve redução das tensões políticas diante das expectativas de adiamento da sessão conjunta no Congresso ou até mesmo a manutenção dos vetos da presidenta Dilma ao reajuste do judiciário e (2) o DÓLAR subiu 1,8% à R$ 4,05, para fechar o dia no maior patamar da história do real, que foi criado em 1/JUL/94, diante da busca dos investidores por proteção, em um ambiente marcado por muitas incertezas nos campos político e econômico.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão permaneceu fechada por conta de feriado nacional e China 0,9%, acompanhando os ganhos das bolsas de NY no dia anterior e com os investidores animados com a confirmação da primeira visita oficial do presidente chinês aos EUA, que pode gerar novos negócios entre os dois países, (2) da EUROPA, Inglaterra –2,8%, França –3,4% e Alemanha –3,8%, com destaques de queda para as montadoras, após os pedidos para uma investigação mais ampla sobre a indústria devido ao escândalo com os testes de emissão de poluentes da Volkswagen, cujas ações aliás despencaram –26,2% e (3) dos EUA, S&P –1,2%, DJ –1,1% e NASDAQ –1,5%, acompanhando as perdas dos demais mercados mundiais, em um pregão marcado pela preocupação com o crescimento da economia global e com o plano do Fed ("BC" local) de começar a elevar as taxas de juro de curto prazo nos próximos meses.

 

Apesar de a agência de classificação de risco Moody's, que ao que parece foi muito bem paga, ter garantido que não vai mexer na sua "nota" para o Brasil neste ano, os temores de novo rebaixamento continuam presentes nas mesas de operação, já que Joaquim Levy, ministro brasileiro da Fazenda, teve uma reunião em NY na Fitch Ratings, que por sua vez já tem uma equipe no Brasil para avaliar a situação econômica do País.

 

Indicando um forte aumento da desconfiança dos investidores globais com o futuro da economia tupiniquim, o CDS (Credit Default Swaps) brasileiro, que é uma espécie de seguro para se proteger de um calote em títulos da dívida do país, subiu 8,0% ontem e fechou a 465pts, mais do que o dobro do que estava em JAN/15 (200pts) e tornando assim o Brasil no quinto pior lugar do mundo para investir, "atrás apenas de Venezuela, Grécia, Ucrânia e Paquistão".

 

Aumentando a lista de notícias ruins para a economia brasileira, segundo a revista econômica Caixin, o índice geral de compras industrial  da China, que é elaborado mensalmente a partir de pesquisas realizadas com cerca de 3 mil empresas de diferentes tamanhos, caiu para 47,0pts em SET/15, o que representa o seu nível mais baixo em 6,5 anos e indica contração da atividade, já que está abaixo dos 50pts.

 

Segundo Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a esperada troca de ofertas entre o Mercosul e União Europeia, que é o primeiro passo para a criação de uma área de livre comércio entre os dois blocos, está programada para acontecer no começo do mês que vem em Assunção, no Paraguai.

 

Perdendo uma bela oportunidade para ficar calado, José Franco, coordenador geral de operações da dívida pública, "garantiu" ontem que os investidores estrangeiros não estão abandonando aplicações em títulos públicos no país e ressaltou que alguns agentes, especialmente fundos de pensão, estão aproveitando a alta de juros para aumentar investimentos, já que em menos de dois meses, a taxa de juros de títulos prefixados subiu de 13% para mais de 16% ao ano, acompanhando a desconfiança do mercado em relação às contas públicas.

 

Cada vez mais critico ao governo, o economista Delfim Neto afirmou ontem que a presidenta Dilma tem dado demonstrações que começa a introjetar a crise fiscal a que nos levou a política voluntarista e tumultuada de 2012-2014, ressaltando que infelizmente os seus recentes movimentos não indicam um objetivo estratégico bem definido.

 

Se adaptando ao rebaixamento da "nota" do Brasil pela S&P, o BC reduziu sua previsão de investimentos estrangeiros no país para o ano, esperando agora um saldo de US$ 65bi , o que representa uma queda de -18,75% frente à última projeção da autoridade monetária (US$ 80bi).

 

-    Como reflexo direto da disparada do dólar, da queda na renda dos trabalhadores e do aumento dos temores com o futuro da economia tupiniquim, em AGO/15 os gastos dos brasileiros com viagens internacionais caíram -46% na comparação com AGO/14.


Política:
 
Na madrugada de hoje, após muita pressão do governo e negociação de ministérios com o PMDB, o Congresso Nacional manteve boa parte dos vetos da presidenta Dilma a projetos da chamada pauta-bomba, que ao todo poderiam resultar em gastos extras de R$ 128bi até 2019, porem, por falta de quórum, a sessão foi encerrada às 2h19 sem que fosse analisado um dos pontos mais polêmicos, o veto ao projeto que reajusta o salário dos servidores do Judiciário em 59,5% nos próximos 4 anos.

 

Após sofrer várias sabotagens por parte do PT, ontem o Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva, finalmente foi aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral e agora já pode lançar candidatos nas eleições municipais de 2016, mas com tempo de TV e recursos do Fundo Partidário mínimos.

 

Partindo para o ataque contra Dilma, ontem Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB, afirmou que a maioria dos representantes do partido no Congresso apoiará um eventual pedido de impeachment da presidenta, ressaltando que sua legenda decidiu deixar a postura de independência em relação ao governo e migrar oficialmente para a oposição.

 

Comprovando que, assim como os petistas, confunde o publico com o privado, segundo um relatório produzido pelo atual governo mineiro, que agora é comandado pelo PT, o senador tucano Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, usou aeronaves oficiais para realizar 124 viagens ao RJ nos 7 anos e 3 meses que governou MG.

 

Aumentando o "fogo amigo" contra a presidenta Dilma, a Fundação Perseu Abramo, intimamente vinculada ao PT, anunciou que divulgará na próxima segunda-feira, em um evento com presenças confirmadas de lideranças e representantes de movimentos sociais, de sindicatos, de partidos políticos, de organizações da sociedade civil e de personalidades do campo progressista, um documento contrário à atual política econômica praticada pelo governo federal.

 

Em um debate que ocorreu ontem em NY, representantes da consultoria política Eurasia, da agência de classificação de riscos Moody's e do banco J.P. Morgan reconheceram as dificuldades políticas que a presidenta Dilma enfrenta para se manter no poder, mas ressaltaram que acreditam que o impeachment será evitado.

 

Ontem o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquéritos contra o ministro petista Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e contra o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira para investigar se os dois cometeram fraude na prestação de contas de campanha eleitoral e lavagem de dinheiro.


Crítica:

 

Mesmo após posarem para foto com a presidenta Dilma dizendo que tinham conquistado o sonho da casa própria, segundo Kassab, ministro das Cidades, os inadimplentes da faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida, que já ultrapassam os 20%, poderão perder seus imóveis se não pagarem as parcelas do financiamento para a Caixa.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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