R.B. 16/SET/15 "Folha de pagamento VIP"


R.B.

"Folha de pagamento VIP"

 

São Paulo, 16 de setembro de 2015 (QUARTA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, acompanhando o desempenho positivo das principais bolsas mundiais e a valorização internacional das commodities, porem deve-se ressaltar que as compras de curto prazo devem ser cautelosas diante da crescente deterioração da economia e da política no país e (2) o DÓLAR pode cair, devolvendo os ganhos registrados no pregão anterior, influenciado pela esperada valorização da bolsa brasileira e principalmente pela redução das "apostas" de alta dos juros nos EUA na reunião do Fed ("BC" norte-americano) de amanha.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,2%, em um pregão marcado por uma boa volatilidade, já que na mínima recuou –1,1% e na máxima avançou 0,9%, acompanhando os ganhos das bolsas de NY e com os investidores avaliando as chances do governo Dilma conseguir aprovar no Congresso o pacote de medidas fiscais anunciado na segunda-feira e (2) o DÓLAR subiu 1,0% à R$ 3,85, recuperando quase toda a baixa registrada no pregão anterior, seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana, diante dos "temores" de alta dos juros norte-americanos na reunião do Fed ("BC" dos EUA) de amanha.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão 0,3%, após uma sessão de volatilidade causada por incertezas em torno das políticas monetárias do país e com destaques de alta em Tóquio para os processadores de alimentos Itoham (2,4%) e Yonekyu (10,0%), em meio à notícia de que as duas empresas planejam uma fusão e China –3,5%, em meio à continuidade da iniciativa de Pequim para coibir empréstimos de margem ilegais, (2) da EUROPA, recuperando as perdas da sessão anterior, Inglaterra 0,9%, França 1,1% e Alemanha 2,2%, impulsionadas pela divulgação de dados positivos da economia da zona do euro e com destaques de alta para os papéis das empresas de energia e das montadoras e (3) dos EUA, ainda com poucos negócios por conta do feriado judaico, S&P 1,3%, DJ 1,4% e NASDAQ 1,1%, com os investidores aumentando as "apostas" de que a taxa de juros não subirá na reunião do Fed ("BC" local) desta semana, diante do anúncio de que a produção industrial caiu -0,4% em AGO/15, recuando pela sexta vez em oito meses, e com destaques de alta para as ações da Alcoa (2,7%), depois de a empresa anunciar um acordo com a Ford (3,8%) para aumentar o uso de alumínio nas picapes.

 

Apesar de estar na "folha de pagamento VIP" do governo Dilma, ontem a agência de classificação de risco Moody's, que ainda avalia o Brasil como grau de investimento, ressaltou que as novas medidas de ajuste fiscal anunciadas na segunda-feira não são suficientes para conter o crescimento da dívida pública.

 

Ao avaliar o pacote de ajuste fiscal lançado na segunda-feira pelo governo Dilma, Armínio Fraga, ex-presidente do BC, afirmou que "há um clamor por mais", ressaltando a solução de aumento de impostos será rejeitada pela esmagadora maioria das pessoas e pela classe política e que se os problemas são profundos, as soluções precisam ser mais abrangentes, abordando uma série de outras questões que dificultam o crescimento do investimento, como a melhoria da produtividade e do emprego.

 

Ressaltando que Estado precisa muito mais do que aumentar impostos, o economista Paulo Vieira da Cunha, ex-diretor do BC tupiniquim, criticou o pacote anunciado na segunda-feira pelo governo Dilma e alertou que se o Brasil não corrigir a trajetória de crescimento da dívida pública, caminhará para o colapso.

 

Ontem, durante uma audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tombini, presidente do BC brasileiro, afirmou que o rebaixamento da "nota" do Brasil pela S&P tornou a situação interna ainda mais desafiadora, sendo crucial o fortalecimento dos fundamentos econômicos do país e a intervenções do BC no câmbio para evitar que haja fuga de capitais e uma quebradeira de empresas por causa da alta do dólar.

 

Segundo Raul Velloso, especialista em contas públicas, no momento em que a economia brasileira afunda e a necessidade de cortes de despesas do governo se torna urgente, a tesoura do governo deveria passar longe dos gastos com infraestrutura, já que isso acaba comprometendo o crescimento sustentável do país.

 

O Brasil já vive o pior momento do mercado de trabalho em quase 2 décadas, já que em JUL/15 o país alcançou a marca de 780 mil postos formais extintos em 12 meses, o que representa a maior eliminação de vagas observada desde 1996,  e, apresentando uma projeção que, diante do atual cenário, pode ser considerada otimista, um estudo feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro calcula que serão ceifados 1,6 milhão de postos em todo ano de 2015.

 

Dando mais um sinal do "estouro da bolha imobiliária tupiniquim", apesar do IGP-M, usado na maior parte dos contratos de aluguel, ter acumulado uma alta de 7,6% nos últimos 12 meses, em AGO/15 o valor dos novos contratos de aluguel residencial na cidade de SP recuaram -1,7% na comparação com AGO/15, o que representa uma queda real de –9,3% no referido período.

 

-    O Itaú subiu 2,5%, o Banco do Brasil avançou 3,6% e o Bradesco ganhou 1,3%, recuperando parte de perdas recentes, com os investidores aliviados com a ausência de novos aumentos de tributos no pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo Dilma.


Política:
 
Como a presidenta Dilma fez tudo sozinha e não perguntou a opinião de ninguém, ontem, 1 dia depois de anunciar seu novo pacote fiscal, a sua equipe de governo teve que montar uma operação para convencer deputados, senadores e principalmente empresário a aprova-lo, mas já recebeu sinais claros de que a grande maioria é contra a principal medida, que é a volta da CPMF.

 

Apesar de já estar claramente "comprado" pela presidenta Dilma, posto que abaixou o tom das criticas e está se negando a dar andamento ao processo de impeachment, o peemedebista Eduardo Cunha, presidente da Câmara, afirmou ontem que dificilmente o governo conseguirá aprovar a volta da CPMF no Congresso Nacional, ressaltando que ela causaria sérios problemas na economia.

 

Ontem, atraindo manifestantes com o tradicional pão com mortadela, a CUT levou cerca de 300 vagabundos para pararem a Av. Paulista que, apesar de defenderem a manutenção de Dilma na presidência do Brasil, se posicionaram contra o novo pacote fiscal do governo e afirmaram que o trabalhador é quem está pagando pela crise.

 

Confirmando, pela enésima vez, que os tucanos são iguais aos petistas, o governo de SP pagou R$ 30 mil em um anúncio no "Jornal do Interior", publicado pela União dos Vereadores do Estado de SP, entidade da qual fazem parte aliados do governador Geraldo Alckmin, valor muito superior ao gasto no mesmo período, em torno de R$ 5.000, em jornais regionais de tiragem semelhante.

 

Mostrando que a oposição é covarde e não acredita em seu potencial, a deputada federal Cristiane Brasil, presidente nacional do PTB e filha do ex-deputado Roberto Jefferson (delator do mensalão), apresentou na Câmara dos Deputados uma Proposta de Emenda Constitucional para barrar a reeleição por períodos descontinuados para os cargos do Poder Executivo, o que visa diretamente impedir a candidatura do ex-presidente Lula em 2018.

 

Indicando que o PMDB fica cada dia mais afastado do núcleo do governo, Mercadante, ministro da Casa Civil, afirmou ontem que o dia-a-dia da articulação política do governo será feito pelo ministro Ricardo Berzoini, das Comunicações, e pelo assessor especial da Presidência Giles Azevedo.

 

-    Com muito medo de se queimar com os movimentos sociais, a Executiva Nacional do PT se reúne amanhã dividida sobre o partido declarar ou não apoio ao pacote fiscal anunciado pela presidenta Dilma.

-    Preparado uma enorme pizza, o inquérito contra a senadora petista Gleisi Hoffmann no Supremo foi redistribuído para o ministro Dias Toffoli, que "coincidentemente" é ex-advogado do PT.

Crítica:

 

Prometendo trabalhar por um Estado menor, com ideias liberais e formado principalmente por profissionais do setor privado, sem experiência na política, o Partido Novo, que terá o número de legenda 30, foi aprovado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral e já participará das próximas eleições municipais de 2016.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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