R.B. 15/SET/15 "Cobrar dos trabalhadores a conta de sua incompetência"


R.B.

"Cobrar dos trabalhadores a conta de sua incompetência"

 

São Paulo, 15 de setembro de 2015 (TERÇA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, zerando os ganhos acumulados neste mês (1,4%) e ampliando as perdas acumuladas no ano (-5,4%), diante da expectativa de que o governo Dilma não terá sucesso em aprovar o pacote de corte de gastos públicos e de aumento de impostos proposto ontem e (2) o DÓLAR pode subir, rumo aos R$ 4,00, acompanhando a esperada piora do "humor" na bolsa brasileira e também influenciado pela trajetória internacional da moeda norte-americana.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 1,9%, na contramão das bolsas de NY, tentando recuperar perdas recentes em meio a "rumores", confirmados durante o pregão, de anúncio de cortes de gastos do governo Dilma e (2) o DÓLAR caiu –1,5% à R$ 3,82, em um "ajuste técnico" após as fortes altas da semana passada, acompanhando a melhora do "humor" na bolsa brasileira, influenciado pelos leilões de venda do BC e também beneficiado pelos sinais de avanço da proposta de redução de gastos públicos.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão –1,6%, pressionada por ações de operadoras móveis, que reagiram em baixa a uma indicação do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, de que as tarifas telefônicas poderão ser reduzidas e China –2,7%, após dados mistos reforçarem preocupações sobre a economia do país diante das incertezas em torno da política monetária dos EUA, (2) da EUROPA, com baixo volume de negócios por conta do feriado judaico, Inglaterra –0,5%, França –0,7% e Alemanha –0,1%, pressionadas pelas incertezas envolvendo o Fed ("BC" dos EUA) e por dados fracos da indústria da China e (3) dos EUA, também com poucos negócios devido ao feriado judaico e em um dia de agenda econômica vazia, S&P –0,4%, DJ –0,4% e NASDAQ –0,3%, com os investidores hesitando em comprar ações antes da decisão de política monetária do Fed ("BC" local), que ocorre nesta quinta-feira.

 

Mostrando uma enorme determinação de "cobrar dos trabalhadores a conta de sua incompetência", ontem a presidenta Dilma, sem combinar o "jogo" com Lula, com o PT, com as centrais sindicais, com os movimentos sociais e até com o PMDB, anunciou um corte de R$ -26bi nas despesas previstas no Orçamento de 2016 que supostamente será alcançado com (1) a volta da CPMF, (2) a ampliação do Imposto de Renda sobre ganho de capital, (3) o adiamento do pagamento do reajuste salarial dos servidores públicos, (4) a suspensão de novos concursos que estavam previstos para 2016 e (5) o uso de recursos do FGTS para financiar despesas do Minha Casa, Minha Vida.

 

Reagindo à redução da "nota" do Brasil pela S&P, o "mercado", cada dia mais pessimista, reduziu de –2,44% para –2,55% suas "apostas" para o desempenho do PIB brasileiro este ano e, por conta da expectativa de uma retração na demanda, previsão da inflação oficial, medida pelo IPCA, também foi ajustada para baixo, de 9,29% para 9,28% no fechamento de 2015.

 

Mostrando preocupação com os constantes aumentos das expectativas sobre o ritmo da inflação no próximo ano, causadas principalmente pela crescente piora das contas publicas, o BC brasileiro ressaltou indicou ontem que pode seguir subindo a taxa básica de juros, atualmente em 14,25%, para fazer o IPCA convergir para o centro da meta, de 4,5%, em DEZ/16.

 

-    Dando mais um sinal negativo da economia brasileira, a comercialização de computadores encolheu -38% no segundo trimestre em relação ao período correspondente no ano passado.

 

Como o consumidor médio brasileiro carece totalmente de educação financeira, a taxa de juros média que incide sobre o rotativo do cartão de crédito atingiu em AGO/15 estratosféricos 350% ao ano, o que representa o maior nível desde MAR/99 e coloca o Brasil na liderança mundial deste segmento, superando com muita folga o segundo colocado, que é a Colômbia com míseros 62,51% ao ano.

 

 -    A Petrobrás subiu 0,8%, mesmo diante do anúncio de que Murilo Ferreira, presidente do seu conselho de administração, pediu licença do cargo por divergências com Aldemir Bendine, presidente da estatal, que por sua vez defende o fim da lista negra de empresas investigadas na Operação Lava Jato e proibidas temporariamente de participar de licitações da estatal.


Política:
 
Conforme já era esperado, a oposição recebeu com muitas críticas o anúncio de aumento de impostos propostos pelo governo Dilma, ressaltando inclusive que as medidas são consequências da irresponsabilidade e da incompetência da presidenta e que os esperados cortes de ministérios não foram tratados.

 

Após decidir apenas com seu núcleo duro as medidas de corte de gastos e aumento de receita, a presidenta Dilma, que já não tinha nenhuma força política, tenta buscar apoio pagando jantares e café da manhã, obviamente com dinheiro publico, no Palácio do Alvorada, ontem com governadores dos partidos da base aliada e hoje com parlamentares da situação.

 

Em mais um sinal de avanço das negociações em torno da abertura de um processo de impeachment no Congresso, o senador Agripino Maia, que também é presidente nacional do DEM, afirmou ontem que seu partido quer contribuir em um eventual governo comandado por Michel Temer.

 

Piorando cada vez mais as regras da democracia brasileira, um trecho do projeto de lei da reforma política recém-aprovado pelo Congresso, que está em vias de ser sancionado pela presidenta Dilma, oficializa a chamada "doação oculta", impedindo que os eleitores saibam quais empresas financiam a campanha de quais candidatos.

 

-    Após coletar mais de 800 mil assinaturas na internet em apoio ao movimento pró-impeachment, partidos de oposição na Câmara definiram ontem a estratégia para acelerar o processo de afastamento da presidenta Dilma.

-    Diretamente de Buenos Aires, o ex-presidente Lula, criticando diretamente as novas medidas anunciadas pela presidenta Dilma, afirmou que é incapaz de entender e de apoiar os ajustes que cortam ganhos sociais e dos trabalhadores.

-    Se afastando cada dia mais dos seus eleitores, a presidenta Dilma já foi avisada que os servidores públicos ameaçam uma greve geral contra a decisão de adiar por 7 meses o reajuste do funcionalismo para economizar R$ 7bi.

-    O governo Dilma tem trabalhado com a certeza de que será derrotado no Tribunal de Contas da União e, pela primeira vez, acredita que corre o risco real de perder o apoio do ex-presidente Lula.

-    Como os ratos são os primeiros a abandonar um banco que está afundando, o filósofo Mangabeira Unger, Ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, pediu demissão ontem alegando "doença grave" na família.


Crítica:

 

Como os donos, cansados da incompetência, da violência e da corrupção no Brasil, decidiram vender tudo e se mudarem para o Canadá, a tradicional rede de calçados e acessórios Shoestock, também abalada pela queda na demanda provocada pela desaceleração no consumo nos últimos meses, fechou as portas de todas as suas lojas, tirou seu site do ar e informou ao seus clientes que está encerrando suas operações.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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