R.B. 6/AGO/15 "Game over"


R.B.

"Game over"

 

São Paulo, 6 de agosto de 2015 (QUINTA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, acompanhando o movimento ascendente das bolsas mundiais da Europa e dos EUA e principalmente influenciado pelo aumento das "apostas" de que o governo Dilma está próximo do "game over" e (2) o DÓLAR pode cair, em um "ajuste técnico" após subir 4,8% nos 5 últimos pregões, acompanhando a esperada melhora do "humor" na bolsa brasileira.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,5%, em um movimento de recuperação de perdas recentes, acompanhando a melhora do cenário externo e com destaque de alta para as ações da Vale (3,9%), diante da divulgação de dados econômicos positivos na China e da valorização do minério de ferro e (2) o DÓLAR subiu 0,8% à R$ 3,49, ainda pressionado principalmente deterioração das percepções do mercado quanto à política e a economia do País, que se intensificou na volta do recesso do Congresso.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,5%, com destaques de alta para as exportadoras, como Fanuc (4,1%) e Kyocera (2,5%), beneficiadas pela valorização do dólar frente a moeda local (o iene) e China –1,7%, em baixa pelo 2º dia seguido, desta vez por conta da avaliação de que falta clareza às regras instituídas por Pequim, (2) da EUROPA, Inglaterra 1,0%, França % e Alemanha 1,6%, com as mineradoras, como BHP (3,6%) e a Rio Tinto (3,9%), beneficiadas pela divulgação de dados positivos na China, e Beiersdorf, que é dona da marca Nivea, avançando 3,6% após divulgar resultados melhores do que o esperado e (3) dos EUA, sem uma tendência única e com pouca volatilidade, S&P 0,3%, DJ –0,1% e NASDAQ 0,7%, divididas entre a divulgação de um indicador abaixo do esperado sobre o mercado de trabalho, o que reduz as chances de elevação dos juros do país em SET/15, e a decepção com o resultado divulgado pela Walt Disney, cujas ações recuaram -9,2%.

 

Como fruto da incapacidade política do governo Dilma, que não conseguiu dialogar com o Congresso Nacional e, derrotado na maioria das propostas do ajuste fiscal, foi obrigado em 22/JUL/15 a reduzir a meta de superávit primário deste ano para quase zero, o real deixou de acompanhar as moedas emergentes e acelerou suas perdas em relação ao dólar, avançando desde então (em 15 dias corridos) de R$ 3,17 para R$ 3,49.

 

Mostrando um certo pessimismo, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, afirmou ontem que o ajuste financeiro deve durar até meados de 2016, porem ressaltou que o Brasil tem "PIB potencial", com uma carteira de investimentos, principalmente em infraestrutura, capaz de reacelerar a economia ao fim do período de cortes.

 

Fazendo o papel que deveria ser feito pela presidenta Dilma, ontem, preocupado com os efeitos da rebelião da base aliada do Congresso sobre o ajuste fiscal, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, afirmou que é necessário dialogar com os parlamentares "para garantir a recuperação econômica".

 

Preocupado com o futuro do setor, que aliás é o maior da economia brasileira, Jon Parr, diretor de operações da multinacional suíça Syngenta, afirmou ontem que o acesso dos produtores brasileiros ao crédito para financiar a próxima safra é preocupante e vai impactar negativamente na próxima safra.

 

Como a retração da economia reduz o consumo de energia e as chuvas ajudaram a encher os reservatórios das hidroelétricas, o governo Dilma, com o objetivo de economizar até R$ 5,5bi até o final deste ano, decidiu desligar 21 usinas térmicas do país que tem custo de operação superior a R$ 600 por megawatt-hora.

 

Diante da concorrência desleal das LCAs e LCIs, que tem isenção de impostos, e principalmente das incertezas sobre a economia e o mau momento do país, as butiques financeiras do Leblon, que foram o símbolo da ascensão do mercado financeiro no RJ na década passada, já sofreram saques líquidos de R$ -10,7bi nos últimos 12 meses, o que representa 20% do patrimônio de 18 gestoras do bairro.

 

-    A Ambev subiu 1,1%, porem ontem, após o fechamento do pregão, foi anunciado que a  Justiça do Trabalho proibiu a empresa de terceirizar atividades consideradas essenciais na fabricação de bebidas e também a condenou a pagar R$ 1mi de indenização.

-    A Adidas subiu 0,8% na bolsa da Alemanha, após anunciar que comprou a fabricante de aplicativos para monitoramento de exercícios físicos Runtastic, conseguindo acesso a uma comunidade de 70 milhões de usuários ativos e em estratégia para reduzir a distância que a separa de rivais no mercado de dispositivos eletrônicos vestíveis.


Política:
 
Confirmando que o governo Dilma está muito próximo do "game over", segundo uma pesquisa divulgada ontem a atual presidenta do Brasil tem sua gestão avaliada como ruim ou péssima por 71% da população brasileira, o que representa o maior patamar desta pesquisa na história, superando o recorde anterior atingido por Collor na véspera de seu impeachment em SET/92 (68%).
 
Com tendência a piorar a cada dia que a presidenta Dilma insiste em ficar no cargo, ontem o Palácio do Planalto viveu mais um dia de derrotas e vexames na Câmara dos Deputados, já que, (1) com apoio até do PT, o plenário aprovou na madrugada o texto principal do primeiro item da "pauta-bomba" que ameaça o ajuste fiscal, (2) o PDT anunciou o rompimento oficial e (3) o PTB disse que vai votar contra o governo, em protesto.

 

Ao dizer que o Brasil precisa de "alguém que tenha capacidade de reunificar todos", Michel Temer, vice-presidente do Brasil, deixou claro que se convenceu de que o país não sairá da crise sob o comando de Dilma e obviamente animou a oposição e a ala do PMDB que prega o rompimento com o governo.

 

Apesar da expectativa de panelaço, Dilma será mantida no programa do PT, que vai ao ar também nesta quinta-feira, no qual a presidenta repetirá que 2015 é um ano de "travessia" e Lula dirá que as gestões do PT são melhores do que as do PSDB.

 

Também fazendo a articulação política que deveria ser feita pela presidenta Dilma, que segue sem falar com a imprensa, no momento em que o governo enfrenta a maior rebelião de sua base aliada, Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil, fez mais um movimento de aproximação com a oposição ao reconhecer erros do governo, propor um acordo suprapartidário para questões que envolvem política de Estado e inclusive lembrar os êxitos do governo do PSDB, como o controle de inflação.

 

Com o senador tucano Tasso Jereissati como anfitrião e com Serra e Aécio como organizadores, o PSDB ofereceu ontem um jantar ao presidente do Senado, Renan Calheiros, para discutir o agravamento da crise política e a possibilidade de abertura de um processo de impeachment contra a presidenta Dilma.

 

Inimigo declarado de Dilma e responsável por comandar as maiores derrotas da presidenta no Congresso em 2015, Eduardo Cunha, presidente da Câmara, afirmou ontem que governo perdeu o controle de sua base e, sem nenhuma vergonha na cara, ressaltou que é contra agredir as contas públicas por causa de disputas políticas.

 

Pressionados por suas famílias e deixando Brasília desesperada, Marcelo Odebrecht, dono da construtora Odebrecht, e Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, já negociam intensamente com representantes do Ministério Público Federal do Paraná seus acordos de delação premiada.

 

Investigado pela Lava Jato, ontem o ex-presidente e senador Fernando Collor xingou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "filho da puta" durante o pronunciamento que fez na tribuna do Senado para se defender das acusações de que um grupo ligado a ele teria recebido R$ 26mi em propina do esquema de corrupção da Petrobras.


Crítica:

 

Sem educação financeira, consumistas e imediatistas, segundo levantamento do SPC Brasil 57% dos consumidores brasileiros não se preparam financeiramente para a aposentadoria e deste universo 17% pretendem depender apenas do valor pago pelo INSS na terceira idade, valor que geralmente é menor que o último salário.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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