R.B. 4/AGO/15 "Motivo de preocupação"


R.B.

"Motivo de preocupação"

 

São Paulo, 4 de agosto de 2015 (TERÇA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, tentando novamente um movimento de recuperação para ampliar os ganhos ainda registrados no ano (0,3%), influenciada pela recuperação dos preços das commodities e pelo anúncio de novas medidas de estímulo na China e (2) o DÓLAR pode cair, em um "ajuste técnico" após 3 pregões seguidos de alta, acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana e a esperada melhora do "humor" na bolsa brasileira.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –1,4%, retornando à sua trajetória de queda após o "ajuste" realizando no ultimo dia de JUL/15, com baixo volume de negócios (R$ 5,1bi) e destaques de queda para as ações da Petrobrás (-4,5%), diante do recuo internacional do petróleo, e do Bradesco (-3,1%), que confirmou a compra do HSBC no Brasil por um preço acima do esperado pelo "mercado" e (2) o DÓLAR subiu 1,0% à R$ 3,45, para fechar em alta pela 3ª vez seguida, refletindo principalmente o agravamento das preocupações com o cenário doméstico, com influência também da cautela que deu o tom no exterior.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão –0,2%, realizando lucros recentes diante da divulgação de balanços corporativos ruins, como o da Toyota Tsusho, braço de trading do grupo Toyota, que recuou -5,8% depois de anunciar lucro operacional bem abaixo do esperado e China -1,1%, prejudicada pela divulgação de dados econômicos fracos, como o recuo do índice dos gerentes de compras do setor industrial, que atingiu no final de JUL/15 o menor patamar em 2 anos, (2) da EUROPA, na contramão das principais bolsas mundiais, Inglaterra 0,1%, França 0,7% e Alemanha 1,2%, beneficiadas pela divulgação do índice de gerentes de compra da indústria da zona do euro, que veio acima das expectativas e (3) dos EUA, S&P –0,3%, DJ –0,5% e NASDAQ –0,2%, reagindo negativamente à baixa global dos preços do petróleo e de outras commodities que se seguiu à divulgação de um indicador fraco de atividade econômica na China.

 

Cada dia mais pessimista, o "mercado" reduziu, desta vez de –1,76% para –1,80%, suas "apostas" para o desempenho do PIB brasileiro em 2015 e elevou, pela 16ª semana seguida, suas projeções para a inflação medida pelo IPCA neste ano, agora de 9,23% para 9,25%, patamar ainda mais distante do topo da meta (6,5%).

 

Dando novos sinais negativos da economia brasileira, (1) em JUL/15 o número de veículos emplacados no país foi -19% menor do que no mesmo período de 2014 e (2) no primeiro semestre de 2015 foram fechadas 345 mil vagas com carteira assinada no Brasil e, segundo estimativas divulgadas ontem pelo Conselho Federal de Economia, no segundo semestre a situação deve pior, já que o Brasil perderá mais de 1 milhão de empregos com carteira assinada em todo ano de 2015.

 

Em JUL/15 a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 2,4bi, o que representa o maior resultado positivo desde 2012, porem quando melhor analisado este número deve ser "motivo de preocupação", já que o resultado positivo só foi conseguido às custas de um tombo anual de –24,8% nas importações, que por sua vez foram afetadas pela disparada do dólar e pela retração da economia tupiniquim, já que as exportações, por conta do recuo dos preços das commodities e da redução dos parceiros comerciais do país, diminuíram –19,0% na mesma base anual de comparação e atingiram o menor nível desde 2010.

 

Colocando mais uma vez em dúvida a viabilidade comercial da exploração do pré-sal, estendendo a queda do mês passado, quando despencou –18%, e atingindo seu nível mais baixo desde JAN/15, ontem petróleo caiu abaixo dos US$ 50 por barril devido (1) a sinais de que a produção crescente continuará a exceder a procura, (2) o temor de que o óleo iraniano adicional chegue ao mercado depois do acordo nuclear do mês passado e (3) a declaração do ministro do Petróleo do Irã, Bijan Namdar Zanganeh, de que seu país tem capacidade para elevar a produção em 500 mil barris por dia.

 

-    Em linha com as estimativas do "mercado", o IPC de SP fechou JUL/15 com alta de 0,85%, patamar superior ao registrado em JUN/15 (0,47%) e que foi pressionada principalmente pelo segmento de Saúde, que avançou 1,67% em relação ao mês anterior.

 

Recuperando com folga as perdas do pregão anterior, a bolsa da China subiu 3,7% nesta terça-feira após o BC do país informar que vai (1) usar várias ferramentas para ajudar a manter a liquidez apropriada, (2) promover um crescimento razoável do crédito, (3) reduzir custos de financiamento para empresas e (4) apoiar áreas importantes e setores vulneráveis.


Política:

 

Colocando de volta do xadrez o número 2 do PT, ontem, em uma nova fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que segundo investigações tem uma empresa, a JD Assessoria e Consultoria, que cumpria a mesma função das empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef, alvo central da investigação sobre desvios, fraudes e corrupção na Petrobras, emitindo notas fiscais para empreiteiras por assessorias e outros serviços fictícios.

 

Em um clima de crescente hostilidade, nesta semana o Congresso Nacional retorna do recesso sob a pressão do governo de votar as medidas de ajuste fiscal e sob pressão da oposição para acelerar os trabalhos de investigação nas inúmeras CPIs e assim desestabilizar cada dia mais o governo da presidenta Dilma.

 

Desesperados com a prisão do "grande líder" José Dirceu, os caciques do PT defendem a criação de um comando de crise que reúna o governo, o Instituto Lula e o partido, obviamente para defender as gestões de Dilma e principalmente de Lula.

 

Segundo avaliações previas dos membros do Superior Tribunal Federal, que aliás deveriam se manter calados, diferentemente do mensalão, em que não havia acusação de que José Dirceu recebera recursos para si, agora há "prova farta" de enriquecimento pessoal.

 

Para constranger ainda mais o governo Dilma, os integrantes da CPI da Petrobras querem votar a oitiva do ex-ministro José Dirceu na primeira reunião deliberativa e com isto as convocações de Edinho Silva, da Secom, e Aloizio Mercadante, da Casa Civil, devem ficar para as próximas sessões.

 

-    Diante de declarações como a do governador tucano Beto Richa, do Paraná, que contestou a decisão de apoiar as manifestações do dia 16/AGO/15, Aécio Neves reunirá hoje os líderes e vice-presidentes do PSDB para cobrar unidade de ação e discurso do partido.

 

Tentando reagis à crise política e econômica que acomete seu governo, a presidenta Dilma recebeu presidentes de partidos aliados e líderes da base de sustentação de seu governo para um churrasco, obviamente pago com dinheiro publico, no Palácio da Alvorada na noite de ontem, no qual fez um apelo para que os parlamentares a ajudem a impedir a aprovação das chamadas pautas-bomba no Congresso.


Crítica:

 

Cumprindo sua função de líder global, ontem Obama, presidente dos EUA, desafiou seu país e o mundo a aumentar os esforços para combater o aquecimento global, que segundo ele é a maior ameaça enfrentada pelo mundo, durante o anúncio formal de um controverso e renovado plano de sua administração para cortar substancialmente emissões de carbono (em -32% até 2030) das usinas de energia norte-americanas.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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