R.B. 18/AGO/15 "Está ruim, mas pode piorar"


R.B.

"Está ruim, mas pode piorar"

 

São Paulo, 18 de agosto de 2015 (TERÇA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em queda, mesmo após fechar o pregão anterior no menor patamar desde 30/JAN/15 (aos 47.217 pts), acompanhando as fortes perdas registradas na bolsa da China, que é o principal destino das exportações brasileira, e influenciada pelo recuo das commodities e (2) o DÓLAR pode seguir em alta, seguindo a esperada piora do "humor" na bolsa brasileira e também influenciado pelo crescente aumento das "apostas" de que o Fed ("BC" dos EUA) começará a elevar os juros em breve.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –0,6%, para fechar em baixa pelo quinto dia consecutivo, com baixo volume de negócios (R$ 3,6bi), com destaques negativos para as ações dos bancos, como Banco do Brasil (-1,2%), Itaú (-9,5%) e Bradesco (-1,0%), diante dos "rumores" de uma possível alta na tributação e (2) o DÓLAR 0,1% à R$ 3,48, após um pregão com baixa volatilidade, com dados mornos do exterior e sem grandes novidades no mercado internacional.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão –0,4% e China –0,2%, com as ações de energia recuando em meio a queda do petróleo, após o Irã afirmar que a produção bruta da OPEP poderá bater novos recordes, (2) da EUROPA, recuperando as perdas da abertura, Inglaterra 0,1%, França 0,5% e Alemanha 0,2%, com os investidores analisando positivamente os números da economia da região, como o anúncio de que nos 6 primeiros meses deste ano as exportações da zona do euro de bens para o resto do mundo aumentaram 6% na comparação com o mesmo período de 2014 e (3) dos EUA, com o S&P fechando acima de sua média móvel de 50 dias pela primeira vez desde AGO/10, S&P 0,5%, DJ 0,4% e NASDAQ 0,7%, beneficiadas pela divulgação de dados positivos do setor imobiliário.

 

Cada dia mais pessimista, o "mercado" (1) piorou, de –1,97% para –2,01%, suas "apostas" para o desempenho do PIB brasileiro em 2015, (2) manteve, após 17 semanas consecutivas de alta, em 9,32% suas expectativas para a inflação medida pelo IPCA neste ano e (3) não mudou suas previsões para a política monetária, ainda esperando que a taxa básica de juros termine 2015 no atual patamar, de 14,25%.

 

Com bom potencial para prejudicar ainda mais o desempenho da economia brasileira, os pagamentos feitos pela União em contratos para realização de obras e compra de equipamentos caíram -37% nos primeiros 7 meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2014.

 

Dando mais um sinal negativo da economia brasileira, em um cenário com menos crédito na praça, juros altos e consumidores mais ressabiados com o futuro da economia tupiniquim, no segundo trimestre deste ano 11 das 13 maiores construtoras de capital aberto do país tiveram redução nas vendas líquidas, que é a diferença entre os contratos firmados e os cancelados, frente ao mesmo período de 2014.

 

Como fruto do elevado patamar da taxa básica de juros, do aumento do desemprego e principalmente dos incentivos irresponsáveis do governo petista ao consumo desnecessário, nos 7 primeiros meses deste ano o índice de inadimplência entre consumidores brasileiros foi 16,8% maior do que no mesmo período do ano passado.

 

Indicando que "está ruim, mas pode piorar", diante das dificuldades enfrentadas para fechar sem déficit suas contas em 2015, a presidenta Dilma começou a discutir com sua equipe econômica "fortes medidas de ajustes" nas despesas, inclusive as obrigatórias, e aumento de receitas, o que obviamente significa mais impostos.

 

Provavelmente causando uma queda ainda maior no preço do petróleo, ontem o governo dos EUA garantiu à Royal Dutch Shell a permissão final para perfuração de poços no Ártico pela primeira vez desde 2012, um movimento que ambientalistas já prometeram combater.

Política:

 

Coberto de razão, ontem FHC afirmou que (1) alguém deveria falar para Dilma que ela não governa mais, assim como Ulysses Guimarães fez com Collor, (2)  os protestos mostram que o governo "embora legal, é ilegítimo", (3) a presidenta precisa ter "um gesto de grandeza" e renunciar, (4) o atual governo carece de "base moral, que foi corroída pelas falcatruas do lulopetismo" e (5) a situação do país se agravará "a golpes de Lava Jato".

 

Reduzindo ainda mais a popularidade de Dilma, a decisão do Ministério da Fazenda de não antecipar metade do pagamento do 13º salário de 32 milhões de beneficiários da Previdência abriu uma guerra interna na Esplanada, o que fragiliza mais uma vez Joaquim Levy, já que ministros do PT e a própria cúpula do partido entraram em cena para tentar demover a presidenta de acatar a decisão.

 

Novamente bancando, obviamente com dinheiro público, uma boca livre, desta vez para deputados nanicos da base do governo, ontem, durante um jantar no Palácio do Planalto, a presidenta Dilma renovou os apelos em prol do ajuste fiscal e citou o "bom exemplo" do Senado como modelo a ser seguido.

 

A reforma ministerial, que incluiria a fundamental redução do número de ministérios, perdeu urgência no governo da presidenta Dilma após o alívio conquistado pelo Palácio do Planalto nos últimos dias e o tema não deverá ser tratado no curto prazo.

 

Acreditando que foram bem acolhidos nos protestos do último domingo, líderes do PSDB defendem que o partido convoque seus próprios atos pela saída de Dilma da Presidência, reproduzindo comícios como os das Diretas Já, capitaneados por políticos, em vários Estados.

 

Após se filiar ao partido, Marta Suplicy pretende assegurar a candidatura a prefeita pelo PMDB conquistando o apoio de vereadores e deputados da sigla.


Crítica:

 

Segundo o cientista político Carlos Pereira, setores empresariais que nos últimos dias fizeram apelos por moderação estão cometendo um erro, já que um processo de impeachment contra a presidenta Dilma será uma rara oportunidade para mudanças no país, ainda que tenha custos imediatos, como o a turbulência econômica.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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