R.B. 21/JUL/15 "O que infelizmente pouca gente sabe"


R.B.

"O que infelizmente pouca gente sabe"

 

São Paulo, 21 de julho de 2015 (TERÇA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, tentando iniciar um movimento de recuperação após fechar o pregão anterior no menor patamar desde 31/MAR/15 (aos 51.600pts), influenciada pela valorização internacional das commodities e pela manutenção do movimento de alta nas principais bolsas mundiais e (2) o DÓLAR pode cair, em um "ajuste técnico" após 3 pregões consecutivos de alta e também começando a ser influenciado pelas "apostas" de que a taxa de juros brasileira subirá na reunião do Copom que ocorrerá na próxima semana.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –1,4%, na contramão das principais bolsas mundiais, ainda afetada negativamente pelo aumento da tensão política do Brasil, prejudicada pelo recuo dos preços das commodities no exterior e com destaque de queda para as ações da Petrobrás (-5,3%), diante do avanço da ação coletiva contra a companhia nos EUA e (2) o DÓLAR subiu 0,2% à R$ 3,20, acompanhando a piora do "humor" na Bovespa e também seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana, após James Bullard, presidente do Fed de Saint Louis, dizer que vê probabilidade de mais de 50% de chance de aumento no juro na reunião de SET/15.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão permaneceu fechada por conta de feriado nacional e China 0,9%, em alta pelo 3º pregão seguido, depois de autoridades em Pequim terem anunciado medidas para dificultar o uso de canais de crédito informais para investimentos em ações, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,2%, França 0,4% e Alemanha 0,5%, alimentada pela crescente confiança dos investidores em relação à Grécia, que pagou uma dívida de 4,2bi de euros ao BC Europeu e quitou débitos atrasados com o FMI, que somam 2bi de euros, impulsionando assim as ações dos bancos, como Popolare di Milano (2,1%) e Monte dei Paschi (2,4%) e (3) dos EUA, com o NASDAQ fechando em nível recorde pela terceira sessão consecutiva, S&P 0,1%, DJ 0,1% e NASDAQ 0,2%, acompanhando a melhora do "humor" nas bolsas da Europa e beneficiadas pela divulgação de bons resultados corporativos, como Hasbro (6,3%), Halliburton (1,8%) e IBM (0,4%).

 

Cada dia mais pessimista, o "mercado", já influenciado pela piora do cenário político, elevou pela 14ª semana seguida, desta vez de 9,12% para 9,15%, suas "apostas" para o IPCA deste ano, e também piorou, desta vez de –1,50% para –1,70%, suas expectativas para o desempenho do PIB brasileiro em 2015.

 

Tentando passar otimismo, ontem, faltando pouco mais de uma semana da próxima reunião do Copom que vai definir o patamar da taxa de juros do Brasil, Tony Volpon, que é o diretor de Assuntos Internacionais do BC, "garantiu" que a retração já verificada no mercado de trabalho e também a perspectiva de desaceleração dos preços regulados pelo governo no próximo ano contribuem para dar ao BC a "certeza" de que inflação será levada ao centro da meta de 4,5% em 2016.

 

Fazendo a divida publica tupiniquim atingir patamares cada vez mais perigosos, o Brasil, que ainda não perdeu o chamado grau de investimento, que é uma espécie de selo de bom pagador da dívida das agências de risco, já paga juros de cerca de 4,9% ao ano na sua dívida negociado no exterior, patamar superior ao da Rússia (4,8%), que não tem grau de investimentos e que portanto é considerada uma opção especulativa de aplicação por ter um alto risco de inadimplência.

 

Dando novos sinais negativos da economia brasileira, (1) consideradas o motor da geração de empregos no Brasil e muito dependentes do mercado interno, em MAI/15 as pequenas e médias empresas de SP registraram um faturamento –10,2% menor que no mesmo período de 2014, (2) as empresas que atuam na recuperação de crédito reduziram prazos para cobrar consumidores em atraso e aumentaram em até 28% a retomada de veículos por inadimplência neste ano na comparação com 2014, (3) a TAM solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil o cancelamento de 23 rotas nacionais e internacionais e (4) no primeiro semestre deste ano as vendas de televisores caíram -39% ante mesmo período de 2014.


Política:
 
Deixando em pânico os advogados de empreiteiros que ainda aguardam a sentença e preocupando ainda mais o governo Dilma, em uma decisão classificada pela polícia como "histórica" e "pedagógica", o juiz Sergio Moro, titular das ações penais da Operação Lava Jato, condenou ex-executivos da construtora Camargo Corrêa por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e atuação em organização criminosa referentes a superfaturamento e pagamento de propina para obtenção de contratos de obras de refinarias da Petrobras.

 

Ao invés de cuidar dos seus próprios problemas, a presidenta Dilma, mostrando mais uma vez que é uma "acéfala política", pediu ontem que seus ministros saiam em defesa pública do ex-presidente Lula, investigado pela Procuradoria da República no Distrito Federal por suposto tráfico de influência internacional e no Brasil a favor da Odebrecht.

 

Complicando ainda mais sua situação, as anotações encontradas pela Polícia Federal nos telefones celulares do empresário Marcelo Odebrecht sugerem que ele se empenhou ativamente para conter danos causados pela Operação Lava Jato antes de ser preso pela PF, buscando contato com políticos e auxiliares da presidenta Dilma.

 

Usando a velha tática de atacar para se defender, os advogados que defendem Eduardo Cunha, presidente da Câmara, apresentaram ontem uma reclamação ao Supremo Tribunal Federal contra atos praticados pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela investigação do esquema de corrupção da Petrobras, pedindo inclusive que o processo seja suspenso na Justiça no Paraná e enviado ao STF.

 

Com medo de perder mais um "aliado", o Palácio do Planalto avalia "rever posições" na condução política e econômica do país depois que o presidente do Senado, Renan Calheiros, divulgou um vídeo em que diz que o Brasil assiste a "um filme de terror sem fim e classificou de "tacanho" o ajuste fiscal proposto pelo governo.

 

-    Como já se previa, os investigadores da Lava Jato analisaram boa parte das centenas de requerimentos aprovados pela CPI da Petrobras e chegaram à conclusão de que a comissão parece mais focada em desmantelar o caso do que em aprofundar a apuração.

-    Como o cenário ainda é desfavorável ao governo, os ministros de Dilma tentam diariamente agendar reuniões no TCU para apresentar a defesa do governo em relação às pedaladas fiscais.


Crítica:

 

Sergio Moro, o juiz que comanda a operação Lava Jato, é merecidamente considerado um herói nacional, porem "o que infelizmente pouca gente sabe" é que a Receita Federal, mesmo com a pressão contrária de sua cúpula política (atualmente lotada de petistas corruptos), foi, é e segue sendo fundamental em todas as etapas desta investigação, pois, como tem acesso às informações bancárias, fiscais, patrimoniais e financeiras das pessoas físicas e jurídicas no Brasil sem necessidade de autorização judicial para acessá-las, tem fornecido à Policia Federal e ao Ministério Público toda a base de informações e inteligência acerca das irregularidades encontradas, merecendo também todo o bom conceito e reconhecimento por parte da população.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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