R.B. 16/JUL/15 "Reputação duvidosa"


R.B.

"Reputação duvidosa"

 

São Paulo, 16 de julho de 2015 (QUINTA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, acompanhando a melhora do "humor" nas principais bolsas mundiais diante da aprovação, pelo parlamento grego, das reformas necessárias para a liberação de mais um empréstimo para a Grécia e (2) o DÓLAR pode subir, seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana e o aumento dos "temores" de rebaixamento da "nota" do Brasil.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –0,6%, interrompendo duma sequencia de 3 altas consecutivas, com investidores refletindo a difícil situação fiscal no Brasil e as dúvidas sobre a aprovação do acordo grego pelo parlamento do país e (2) o DÓLAR subiu 0,7% à R$ 3,14, acompanhando a piora do "humor" na Bovespa e refletindo as declarações da presidente do Fed sobre a taxa de juros nos EUA.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão 0,4%, sustentada pela notícia de que o BC do país manterá seu programa de estímulos e China –3,3%, mesmo diante da divulgação de dados ligeiramente melhores do que o esperado do PIB do país, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,1%, França 0,3% e Alemanha 0,2%, com baixos volumes de negócios e com os investidores ainda aguardando a votação sobre a ajuda grega pelo parlamento do referido país e (3) dos EUA, S&P –0,1%, DJ –0,1% e NASDAQ –0,1%, com os investidores digerido dados regionais e início do depoimento de 2 dias da presidente do Fed ("BC" local).

 

Acalmando os mercados financeiros globais, na noite de ontem, apesar dos protestos da população, o parlamento grego aprovou as principais exigências de aumento de impostos e de cortes nos benefícios sociais feitas pelos chefes de Estado europeus para socorrer o país com mais 86bi de euros.

 

Causando uma imediata valorização do dólar frente às principais moedas do mundo, ontem Janet Yellen, presidente do Fed ("BC" dos EUA), afirmou que, diante das expectativas de que o mercado de trabalho melhore firmemente e que as turbulências externas não tirem a economia norte-americana dos trilhos, a autoridade monetária continua na trajetória para elevar a taxa de juros neste ano.

 

Com uma "reputação duvidosa", já que antes da crise imobiliária dos EUA classificava como sem risco investimentos que depois deram calote, a agência de classificação de risco Moody's iniciou ontem uma visita ao Brasil e, caso tenha interesse em resgatar sua credibilidade, a sua "nota" para o país, que vai ter recessão este ano, que não consegue controlar as contas publicas e a inflação e cujo governo enfrenta denuncias de corrupção e esfacelamento da base aliada, deve ser reduzida e perder o grau de investimento.

 

Além dos motivos citados acima, existem no mínimo mais 5 razões para a redução da "nota" do Brasil, são elas (1) as incertezas sobre a economia chinesa, que é o principal destino das exportações brasileiras, (2) a iminente elevação dos juros nos EUA, que vai gerar desvalorização do real e mais pressões inflacionárias, (3) a crise na Grécia, que aumenta a desconfiança do mercado sobre países emergentes, (4) a missão quase impossível do governo Dilma atingir a meta de superávit primário deste ano, que hoje é de 1,1% do PIB e (5) a dificuldade de aprovar medidas do ajuste fiscal, como a reforma do ICMS.

 

Rendendo-se à realidade, o governo Dilma, após a divulgação de que a arrecadação caiu –2,8% no primeiro semestre deste ano e deve piorar ainda mais no segundo trimestre, já trabalha internamento com projeção de que neste ano de 2015 o PIB brasileiro terá uma retração de –2,0%.

 

Mostrando-se cada dia mais abatido e desanimado, Joaquim Levy, Ministro da Fazenda, afirmou ontem que o governo brasileiro vem adotando medidas para "colocar a economia num caminho de crescimento e de recuperação" em um momento em que o cenário internacional está "muito diferente" e "exige que o Brasil responda adequadamente a esses desafios".

 

Como fruto da forte desaceleração da economia brasileira, em JUN/15 o governo federal tupiniquim arrecadou R$ 97,1bi em impostos e contribuições, o que representa o pior resultado para o mês desde 2010 e uma queda real (já descontada a inflação) de -2,44% frente ao mesmo período do ano passado.

 

Com recursos cada vez mais escassos do BNDES, que emprestou o que pode para ajudar Cuba, Venezuela e as "empresas amigas do PT", os poucos projetos de infraestrutura que saíram do papel neste ano foram financiados por meio da venda de títulos a fundos de pensão, investidores individuais e estrangeiros do mercado de capitais, como ocorre no mundo todo.

 

-    A Petrobrás caiu –1,7%, acompanhando o recuo do preço do petróleo no exterior, que foi causado pelo acordo nuclear de grandes potencias mundiais com o Irã.


Política:
 
Legislando em causa própria, ontem a Câmara dos Deputados reverteu a decisão tomada anteriormente pela Casa e retomou os mandatos de quatro anos para prefeitos, governadores, presidente, deputados e vereadores e manteve o mandato de oito anos para senadores e confirmaram, por outro lado, o fim da reeleição apenas para os cargos executivos.
 
Mostrando, aos poucos, suas garras, ontem, ao lado dos colegas de partido Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e Renan Calheiros, presidente do Senado, o vice presidente Michel Temer "avisou" que em 2018 seu partido teve acabar com a aliança com o PT e lançar candidato próprio à presidência do Brasil.
 
Preocupada com o recesso parlamentar, que começa amanha e suspende as votações em plenário, a presidenta Dilma se reuniu ontem com o vice-presidente Michel Temer para tratar de votações importantes para o governo e que ainda não passaram pelo Congresso, como o projeto de lei da desoneração da folha de pagamento e o projeto do repatriamento de recursos.

 

Contrariando o discurso político do PT e do governo Dilma, José Eduardo Cardozo, o ministro da Justiça, afirmou ontem na CPI da Petrobras que doações eleitorais registradas legalmente podem ser criminalizadas como fruto de propina caso o recebedor tenha ciência da origem ilegal.

 

-    Ontem, em um ato, obviamente à portas fechadas, que deveria servir para apoiar o governo da presidenta Dilma, o PT de SP voltou a defender a volta de Lula a presidência do Brasil em 2018.


Crítica:
 
Indicando como a incapacidade gerencial do governo Dilma afugenta investidores, como, 2 anos após conclusão do último leilão de blocos de petróleo nenhuma das 41 áreas arrematadas recebeu licença para iniciar o trabalho de sísmica, que é o primeiro da fase de exploração, é cada vez menor o interesse dos investidores em participar do próximo leilão, marcado para OUT/15.

PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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