R.B. 30/JUN/15 "Mente primária e confusa"


R.B.

"Mente primária e confusa"

 

São Paulo, 30 de junho de 2015 (TERÇA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, tentando uma recuperação após fechar o pregão anterior registrando a maior baixa diária dos últimos 30 dias, acompanhando a valorização das bolsas chinesas, beneficiada pela alta das commodities e impulsionada pelas ações da Petrobrás e (2) o DÓLAR pode subir, recuperando as perdas do pregão anterior, acompanhando a valorização internacional da moeda norte-americana e influenciado pelos sinais de que o BC brasileiro vai reduzir suas atuações na ponta vendedora.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –1,9%, sucumbindo ao mal humor internacional por causa do aumento do risco de calote da Grécia, para fechar o dia no menor nível desde 9/JUN/15 (aos 53.014pts) e com destaques negativos para as ações da Petrobrás (-3,5%) e da Vale (-2,7%) e (2) o DÓLAR caiu –0,4% à R$ 3,11, revertendo os ganhos da abertura, quando na máxima avançou 0,6%, já que acompanhou de perto a tendência externa da moeda norte-americana, que no meio da tarde também passou a cair diante do euro.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão %, registrando a 2ª maior queda diária do ano, com destaques de queda para as exportadoras, como Toyota (-2,2%) e Honda (-2,7%) e China –3,3%, apesar de Pequim ter anunciado um novo corte de juros, (2) da EUROPA, Inglaterra –2,0%, França –3,7% e Alemanha –3,6%, com destaques de queda para as ações dos bancos, como Deutsche Bank (-5,8%), Société Générale (-5,3%) e Banca Monte dei Paschi di Siena (-10,2%), reagindo a um fim de semana de negociações frustradas entre gregos e seus credores e ao anúncio de que o governo grego convocou um referendo para o próximo domingo e determinou o fechamento dos bancos por 6 dias e (3) dos EUA, acompanhando as perdas das bolsas europeias, S&P –2,1%, DJ –1,9% e NASDAQ –2,4%, com destaques de queda para as ações das companhias financeiras e de consumo de bens supérfluos.

 

Cada dia mais pessimista, o "mercado" elevou, pela 11ª semana seguida, suas "apostas" para a inflação deste ano, desta vez de 8,97% para 9,00%, e reduziu pela sexta vez suas expectativas, agora de –1,45% para –1,49%, para o desempenho do PIB brasileiro também em 2015.

 

Como se nos últimos 13 anos o país tivesse sido governado por outro partido que não o seu, ontem a presidenta Dilma afirmou, durante uma reunião com banqueiros e investidores em NY, que quer o Brasil "com economia mais aberta e competitiva" e que a burocracia brasileira é "infernal".

 

Tentando tapar o sol com uma peneira, Nelson Barbosa, ministro do Planejamento, afirmou ontem que a piora no clima político do país cria incertezas para os investidores no curto prazo, mas não deve prejudicar os investimentos no programa de concessões, lançado pelo governo no início deste mês, já que são projetos de 20 e 30 anos.

 

Segundo Luciano Coutinho, presidente do BNDES, o novo plano de negócios da Petrobras, que ontem divulgou um corte de –37% nos seus investimentos, é um dos vetores para a retomada do crescimento do país, pois tem (1) uma base mais realista e sólida, (2) foco "muito claro" em projetos de maior retorno e (3) atende à necessidade de reduzir o endividamento da estatal.

 

-    Acreditando que a alta do dólar vai beneficiar as exportações, o BC brasileiro indicou que em JUL/15, assim como já está ocorrendo em JUN/15, vai seguir reduzindo sua atuação na ponta vendedora do mercado de cambial.

-    Apesar dos protestos dos aliados da presidenta Dilma, o Senado se articula para votar ainda hoje o projeto do senador tucano José Serra que desobriga a Petrobras de participar de pelo menos 30% da exploração do pré-sal no país.

 

Mostrando que, mesmo com a desaceleração da economia, os preços continuam em alta, IGP-M, que é usado como referência para a correção de contratos de aluguel, subiu 0,67% em JUN/15, patamar superior ao auferido em MAI/15 (0,41%) e também maior do que apontava a média das "apostas do mercado" (0,65%).

 

Dando os primeiros passos para voltar a importar carne bovina do Brasil após 15 anos, o que poderá, segundo o Ministério da Agricultura, movimentar a exportação tupiniquim de 40 mil toneladas anuais do produto, ontem o Serviço de Inspeção de Sanidade Animal e Vegetal do Departamento de Agricultura dos EUA alterou regulamentações e anunciou que irá avaliar a equivalência dos programas de sanidade e também realizar uma auditoria presencial nos sistemas de segurança alimentar brasileiro.


Política:
 
Confundindo alhos com bugalhos, a presidenta Dilma afirmou ontem, referindo-se ao depoimento do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, que "não respeita delator" e, apesar das provas de que o tesoureiro do PT chantageava donos de construtoras em troca de dinheiro para o partido, negou que tenha recebido recursos ilícitos em sua campanha à reeleição, no ano passado.
 
Revelando mais um esquema de corrupção, Ricardo Pessoa, Dono do grupo UTC, afirmou em delação premiada que fez doações eleitorais ao deputado petista Luiz Sérgio, atual relator da CPI da Petrobras, e Paulinho da Força, ex-presidente da Força Sindical, para evitar greves em obras de suas empresas.
 
-    Ontem, em reunião com a bancada do PT no Congresso, em Brasília, o ex-presidente Lula orientou que os parlamentares do seu partido "virem a página" do ajuste fiscal e "não se acanhem" diante da oposição, saindo em defesa do governo da presidenta Dilma.

-    A bancada do PT na Câmara Municipal de SP se irritou com o que considerou uma tentativa de Fernando Haddad de se descolar do partido, fazendo circular a versão de que pensou em trocar o PT pelo PSOL ou pelo PSB.

-    Apesar das conversas avançadas com o PSB, aliados de Marta Suplicy sinalizaram ao vice Michel Temer que a senadora está disposta a conversar nos próximos dias sobre a possibilidade de filiação ao PMDB.


Crítica:

 

Somente uma "mente primária e confusa" como a da presidenta Dilma, que é capaz de produzir elogios à mandioca e de dizer que uma criança é igual a um animal de estimação, poderia tentar desqualificar uma delação premiada, comparando ela à tortura e fazendo um paralelo entre as apurações da Operação Lava Jato e a Inconfidência Mineira.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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