R.B. 21/MAI/15 "Pá de cal no mercado financeiro tupiniquim"


R.B.

"Pá de cal no mercado financeiro tupiniquim"

 

São Paulo, 21 de maio de 2015 (QUINTA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em queda, para fechar em território negativo pelo quarto pregão seguido e assim ampliar a baixa de –2,4% já acumulada neste mês de MAI/15, influenciada negativamente pela divulgação de dados ruins da economia chinesa e pelos "rumores" de que o governo Dilma pode começar a tributar os juros sobre capital próprio (JCP) pago pelas empresas aos seus acionistas e (2) o DÓLAR pode subir, na "contramão" da trajetória internacional de hoje da moeda norte-americana, diante da esperada piora do "humor" na bolsa brasileira e da expectativa de redução do fluxo positivo de recursos externos.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –1,1%, com bom volume de negócios (R$ 8,1bi) e desta vez pressionada pelo recuo das ações de bancos e do setor de consumo, como Bradesco (-2,5%), Itaú (-1,8%), Ambev (-2,8%) e BRFS (-1,2%), diante das expectativas sobre aumento de tributos pelo governo Dilma, como o Juros sobre Capital Próprio e a CSLL e (2) o DÓLAR caiu –1,1% à R$ 3,01, revertendo uma abertura positiva, na qual chegou a recuar –0,5%, influenciado pela ata do Fed ("BC" dos EUA) que indicou que a autoridade monetária norte-americana ainda não sabe quando começará a elevar os juros da maior economia do mundo.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,8%, no maior patamar em 15 anos, diante da divulgação de que o PIB do país cresceu 2,1% no primeiro trimestre de 2015 ante o mesmo período do ano anterior, patamar bem acima do esperado (1,5%) e China 0,6%, beneficiada pelo anúncio de um plano ambicioso do governo local para aumentar a competitividade da indústria do país ao longo dos próximos 10 anos, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,2%, França 0,3% e Alemanha 0,1%, com destaques de alta para as exportadoras, como, diante da valorização do dólar frente ao euro e (3) dos EUA, com poucos negócios e próximas da estabilidade, S&P –0,1%, DJ –0,1% e NASDAQ –0,1%, com destaque de queda para as ações da Southwest (-9,1%), depois que a companhia disse que espera um declínio na receita de passageiros por assento disponível para o trimestre e influenciadas pela ata do Fed ("BC" local), que mostrou que somente poucos membros têm confiança que a economia do país suportará um aumento dos juros já em JUN/15.

 

Os ganhos nas bolsas de valores na maior parte da Ásia foram limitados nesta quinta-feira por indicadores econômicos fracos sobre a atividade industrial da China, porem a bolsa de Xangai subi 1,9% diante das "apostas" de que as autoridades chinesas devem implementar novas medidas de estímulo monetário.

 

Jogando mais uma "pá de cal no mercado financeiro tupiniquim", diante das novas indicações de que as medidas do pacote fiscal vão render bem menos recursos do que o previsto, ontem Joaquim Levy, ministro da Fazenda, colocou os juros sobre capital próprio (JCP), que é um benefício fiscal que permite que as companhias remunerem seus acionistas, na lista dos impostos que podem ser elevados para garantir o cumprimento da meta de superávit primário neste e nos próximos anos.

 

Segundo André Sales, sócio do P2 Brasil, os investimentos no Chile e no Peru atualmente são mais seguros e rentáveis que os investimentos no Brasil, pois estes países tem economia estável, ambiente regulatório claro e principalmente apoio do governo à iniciativa privada.

 

Começando a confirmar a "conversa fiada" dos chineses, os acordos assinados entre o Brasil e a China nesta semana têm efeitos práticos nas áreas de aviação, petróleo, mineração e agronegócio, porem para os demais setores em que houve entendimento entre os países, os acordos ainda precisam percorrer um longo caminho para terem efeitos reais, principalmente o que abre linha de crédito de US$ 53bi para obras de infraestrutura no Brasil.

 

Ajudando a prejudicar ainda mais o desempenho do setor imobiliário brasileiro, ontem a Caixa Econômica Federal, maior financiadora habitacional do país, anunciou (1) que, simplesmente por não ter mais dinheiro disponível, reduzirá em R$ –25bi o valor destinado a financiar casas próprias neste ano, o que representa um corte de –20% na comparação com o que foi desembolsado no ano passado e (2) elevação de 175%, de R$ 800 para R$ 2.200, na tarifa cobrada pela avaliação de imóveis para o financiamento da casa própria.

 

-    Registrando a 13ª queda consecutiva na comparação com o mês anterior, em MAR/15 a receita do setor de serviços do Brasil recuou –5,6% na comparação com MAR/14, o que representa o pior resultado  da série histórica iniciada em 2012.

 

Ontem Murilo Ferreira, presidenta da Vale, destacou a importância da despolitização do Conselho de Administração da Petrobras, do qual é presidente desde o fim de ABR/15, que segundo ele atualmente é formado por pessoas de "notório saber" nas áreas de compliance, contabilidade, offshore e macroeconomia.

 

-    A Petrobrás caiu –0,1%, porem ontem, após o fechamento do pregão, a empresa, com o objetivo de recuperar ao menos parte de sua credibilidade junto aos investidores, anunciou que vai assumir formalmente o compromisso de praticar preços de mercado na venda de combustíveis em seu novo plano de negócios, que deve ser divulgado na primeira quinzena de JUN/15.


Política:
 
Muito mais eficientes na oposição que os tucanos, ontem, com a participação de 2 senadores do PT, 11 congressistas, a maioria da suposta base aliada, divulgaram manifesto para anunciar que vão votar contra as 2 medidas provisórias do ajuste fiscal que tramitam no Senado Federal.
 
Também fazendo uma oposição muito melhor que a dos tucanos, ontem o peemedebista Renan Calheiros, presidente do Senado e em tese membro da base aliada, afirmou, durante uma reunião com 27 governadores, que o Brasil de 2014 apresentado por Dilma era um país para a "campanha eleitoral".
 
Cometendo um "ato falho" que mostra como as coisas realmente funcionam no Congresso Nacional, o deputado federal Arthur Maia, líder do Solidariedade na Câmara, apresentou 2 emendas a 1 medida provisória do ajuste fiscal cujos arquivos eletrônicos são assinados por um gerente jurídico da Braskem, que "coincidentemente" que doou R$ 130 mil para sua campanha em 2014.

 

Transformando o ocorrido em um "caso de novela", a CPI do Petrobras alega ter recebido informações de que o ex-deputado José Janene fechou um acordo com Alberto Youssef em 2010 e recebeu uma parte do dinheiro desviado da Petrobras para forjar sua morte e fugir para a América Central.

 

Um dia após chamar a presidenta Dilma de feia, boba e gorda, ontem, confirmando que é a oposição dos sonhos de qualquer governo, o Senador Aécio Neves, presidente do PSDB, afirmou que, apesar do parecer feito pelo jurista Miguel Reale Júnior admite que os indícios de crime de responsabilidade por parte da presidente Dilma Rousseff são "cada vez maiores", o impeachment "não é agenda para agora".

 

-    Diante da da ameaça de ficar sem quórum para aprovar a medida, o governo articulou para que o senado adiasse para a próxima terça-feira, dia 26/MAI/15, a votação da medida provisória 665, que restringe o acesso a benefícios trabalhistas.

 

Legislando em favor dos grandes caloteiros, que na maioria das vezes financiam as campanhas políticas, e mostrando mais uma vez que no Brasil é uma desvantagem competitiva pagar impostos em dia, ontem a Câmara aprovou a reabertura do Refis, programa de parcelamento de débitos tributários, a empresas que tenham entrado com pedido de recuperação judicial.


Crítica:
 
Mostrando mais uma vez como é difícil para o PSDB, que é um partido de esquerda, fazer oposição ao PT, FHC alertou na TV, durante o programa político do seu partido, que os petistas roubam "por uma causa", o que indica que a tal "causa" dos petistas é bem parecida com a "causa" dos tucanos.

PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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