R.B. 2/MAR/15 "Capataz de um remendo"


R.B.

"Capataz de um remendo"

 

São Paulo, 2 de março de 2015 (SEGUNDA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, beneficiada por boas notícias externas, como a redução da taxa de juros na China e aprovação pelo parlamento alemão do plano de resgate à Grécia e (2) o DÓLAR pode seguir em queda, tentando devolver parte da forte alta acumulada no mês passado (6,3%) e também nos últimos 12 meses (22,3%), pressionado pelos leilões de venda do BC e influenciado pelos mesmos motivos que devem melhorar o "humor" na bolsa brasileira.

 

Sexta-feira, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –0,3%, devolvendo os ganhos da abertura, quando na máxima avançou 1,3%, acompanhando as perdas das bolsas dos EUA e em um movimento de realização dos lucros acumulados em FEV/15 (10,0%) e (2) o DÓLAR caiu –0,8% à R$ 2,86, influenciado pelo anúncio de medidas e os dados fiscais divulgados pela equipe econômica, que reforçaram a ideia de que o governo federal está, de fato, em busca de um superávit fiscal de 1,2% do PIB em 2015.

 

Também sexta-feira, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,1%, com bom volume de negócios, ajudada por compras de fundos de pensão domésticos e pela relativa resistência do dólar frente a moeda local (o iene) e China 0,4%, em meio a expectativas de anúncio com novas medidas de relaxamento monetário, (2) da EUROPA, estendendo os ganhos da semana e renovando a máxima em 7 anos, Inglaterra 0,1%, França 0,8% e Alemanha 0,7%, diante da redução dos temores com relação à Grécia e das expectativas positivas para o início do programa de compra de ativos pelo BC Europeu e (3) dos EUA, realizando lucros após baterem recordes de alta no mês e após o S&P acumular seu maior ganho mensal (5,5%) desde OUT/11, S&P –0,3%, DJ –0,4% e NASDAQ –0,5%, diante da divulgação de sinais de que a economia norte-americana está desacelerando num ritmo mais rápido do que o inicialmente previsto.

 

Surpreendendo o "mercado" financeiro Global, o governo chinês, preocupado com o ritmo de crescimento da economia do país, decidiu durante o final de semana baixar pela segunda vez em 4 meses a taxa de juros para empréstimos, que agora passou de 5,60% para 5,35% ao ano.

 

Além de ser "capataz de um remendo" emergencial nas contas do governo, Joaquim Levy, novo ministro da Fazenda, acredita que a recuperação da economia tupiniquim depende de sua credibilidade, que por sua vez depende de demonstrar o fim da era de previsões irrealistas, números maquiados e pacotes de muito apelo publicitário e pouca solidez técnica.

 

Apesar da presidenta Dilma "garantir" que não existe risco de rebaixamento da "nota" do Brasil, nesta semana, logo após o rebaixamento da nota da Petrobras pela Moody's, outras agências internacionais de classificação de risco, com destaque para a Fitch e para a Standard & Poor's, desembarcarão no país para avaliar a situação da estatal e das medidas adotadas pelo governo para equilibrar as contas públicas.

 

Indicando que o governo não consegue mais segurar a verdade, o Ministério do Trabalho e Emprego divulgou que em JAN/15 o país fechou 81.774 vagas de trabalho, patamar bem acima do que esperavam os economistas, porem, já refletindo as medidas impopulares implementadas por Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda, o BC também anunciou um superávit primário de R$ 21,1bi em JAN/15, o que superou as "apostas do mercado" e representa o melhor resultado para o mês desde 2012.

 

Após a divulgação de "rumores" indicando a criação de um imposto sobre grandes fortunas, algo que é bastante comum na Europa e nos EUA, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, sinalizou que o governo Dilma estuda outros aumentos em tributos além dos já anunciados, ressaltando que entre eles pode estar uma cobrança de Imposto de Renda sobre doações e transmissões de bens.

 

Com o objetivo de reforçar o compromisso com a meta fiscal do governo, na tarde de sexta-feira Joaquim Levy, ministro da Fazenda, anunciou (1) o decreto para regulamentar a alíquota do Reintegra, mecanismo de devolução de valores tributários para empresas exportadoras, que passou de 3% para em 1%, (2) a limitação das despesas com custeio e investimentos em R$ 75,1bi e (3) a redução da desoneração da folha de pagamento de setores produtivos.

 

Ajudando a pressionar ainda mais a inflação, a Agência Nacional de Energia Elétrica aprovou na sexta-feira passada um reajuste extraordinário sobre as distribuidoras de energia de todo país e ainda um acréscimo para o sistema de bandeiras tarifárias cujo efeito prático para o consumidor representará aumento de até 48% no preço da luz.

 

Diante do aumento da fiscalização por parte da Polícia Rodoviária Federal e da aplicação de multas, os líderes do movimento de caminhoneiros nas estradas brasileiras dizem que agora vão diminuir os bloqueios e optar pela paralisação, cruzando os braços e não realizando entregas.

 

-    A Petrobrás subiu 2,2%, impulsionada pela notícia de que Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda, não deve fazer parte do conselho da estatal, ao contrário de seu antecessor, Guido Mantega, o que em tese reduzirá a influência política sobre a estatal.


Política:
 
Colocando mais uma vez o governo em suas mãos, o PMDB da Câmara dos Deputados articulou uma estratégia nos bastidores com o presidente da CPI da Petrobras para isolar o PT na nova comissão e limitar os trabalhos de investigação aos governos Lula e Dilma (2005-2015), como quer a oposição.

 

Diante de "rumores" de que existem mais de 40 nomes de  "autoridades" na lista, às vésperas de apresentar ao Supremo Tribunal Federal os pedidos de abertura de investigação contra políticos envolvidos na Lava Jato o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem sido assediado por deputados e senadores que tentam confirmar se seus nomes estão na lista de indiciados.

 

Contrariando a retórica da presidenta Dilma, que insiste em dizer que a corrupção diminuiu durante seu governo, ontem o Ministério Público Federal divulgou uma nota dizendo que o governo deveria estar mais preocupado com as "consequências econômicas e sociais da corrupção" do que em garantir a reabilitação de companhias flagradas pela Operação Lava Jato.

 

O peemedebista Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados e também pastor evangélico, afirmou durante um culto em sua Igreja que a sociedade brasileira é conservadora, ressaltando que é preciso "deixar que a maioria seja exercida, e não a minoria" e que lutará para que os princípios da igreja evangélica sejam "levantados e defendidos".

 

Se enrolando cada dia mais, a presidenta Dilma, pressionada pela deterioração da economia, pela perda do controle político do Congresso e pelo derretimento de sua popularidade, aumentou sua exposição para tentar reagir à crise em que o governo está mergulhado.

 

Tentando evitar embates ideológicos no Congresso, o núcleo político do governo Dilma decidiu que, ao menos nos próximos meses, vai adotar uma pauta "neutra" e engavetar projetos mais identificados com o PT, como a regulamentação da mídia e o financiamento publico de campanha.

 

Empenhado em ter Eduardo Cunha como aliado na negociação do ajuste fiscal, Joaquim Levy está aberto a discutir com ele as considerações que o presidente da Câmara fez sobre a MP que reduz o subsídio para as empresas que não pagam contribuição patronal, por causa da desoneração da folha.

 

-    Dificultando ainda mais a vida do governo Dilma, o PSC anuncia amanhã que seus 13 deputados passarão a integrar o bloco de oposição na Câmara.


Crítica:
 
Segundo Modesto Carvalhosa, advogado especialista em direito econômico e mercado de capitais, que há mais de 20 anos estuda a corrupção sistêmica na administração pública brasileira, o governo Dilma articula uma "anistia ampla, geral e irrestrita" para as empreiteiras na Operação Lava Jato ao se negar a aplicar a Lei Anticorrupção, cometendo assim um crime de responsabilidade.
 
Enquanto a população tupiniquim sofre com a falta de energia elétrica, a estatal brasileira Eletrobrás inaugurou, com a "nobre" presença da presidenta Dilma, um parque eólico no Uruguai que custou investimentos de US$ 100mi em Colônia, que fica a 130 quilômetros de Montevidéu e que tem capacidade de produzir 2.015 megawatts de energia.

PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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