R.B.
"De forma oportunista"
São Paulo, 23 de março de 2015 (SEGUNDA-FEIRA).
Mercados e Economia:
Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em alta, ampliando a valorização acumulada no ano (3,9%) e no mês de MAR/15 (0,74%), acompanhando a valorização internacional das commodities e a melhora das perspectivas econômicas globais e (2) o DÓLAR pode seguir em queda, ainda devolvendo uma pequena parte da forte alta acumulada no ano (21,4%), acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana e o fluxo positivo de recursos externos.
Sexta-feira, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 2,0%, para fechar a semana registrando alta de 6,9%, beneficiada pelo anúncio de melhora nas perspectivas de crescimento da China e acompanhando o "humor positivo" das principais bolsas mundiais, diante do avanço das negociações sobre a Grécia na Europa e (2) o DÓLAR caiu –1,8% à R$ 3,23, devolvendo uma fração da forte alta registrada nos últimos pregões, acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana e a melhora do "humor" na bolsa brasileira.
Também sexta-feira, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,4%, fechando a sexta semana seguida de ganhos e o segundo maior avanço semanal desde o início do mandato do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que assumiu o cargo em 2012, desta vez com destaques de alta para as ações das companhias com maior demanda interna, como A J. Retailing (3,8%) e Ajinomoto (1,7%) e China 0,2%, influenciada positivamente pela expectativa de novos estímulos monetários e fiscais no país e em outras partes do mundo, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,9%, França 1,0% e Alemanha 1,2%, em alta pela sétima semana consecutiva, desta vez embalada pela política monetária ultra acomodatícia do BC Europeu e por um apetite renovado por aquisições no mundo corporativo e (3) dos EUA, com o NASDAQ fechando o dia no maior patamar em 15 anos, S&P 0,9%, DJ 0,9% e NASDAQ 0,7%, com o forte avanço em muitas ações de tecnologia sendo impulsionado pela receita rápida e pelo crescimento de lucro e com destaque de alta para as ações da Nike (3,7%), diante da notícia de que as vendas da companhia subiram 7%.
Mostrando-se comprometida com o trabalho de Joaquim Levy, seu ministro da Fazenda, durante um evento no Rio Grande do Sul a presidenta Dilma voltou a defender os ajustes fiscais, destacou que o Orçamento da União foi aprovado e ressaltou que as flutuações cambiais não quebram mais o País.
Dando novos sinais negativos da economia brasileira, (1) em JAN/15 o volume de pessoas empregadas no setor industrial tupiniquim caiu -4,1% em relação ao verificado 1 ano antes e (2) as construtoras que atuam no projeto do Minha Casa, Minha Vida no Nordeste afirmam que o governo federal atrasou pagamentos de R$ 175mi e, por isso, ameaçam paralisar as obras e ampliar as demissões no setor.
Por total falta de condições técnicas, econômicas e principalmente políticas para realizar todos os leilões neste ano, as obras de transporte do programa federal de concessões, com investimentos de quase R$ 150bi, terão de esperar mais um ano para começar, o que obviamente vai prejudicar ainda mais o desempenho da economia brasileira em 2015.
Diante de desafios como a nossa fraca infraestrutura, a eletricidade cara, as estradas e portos em péssimas condições, a malha ferroviária precária e a escassez de água, o chamado custo Brasil, que é o custo de se produzir bens e serviços no país, é consideravelmente maior se comparado a outros países, chegando a ser, em média, 40% maior aqui do que nos EUA.
Por conta da forte desaceleração da economia brasileira, o calote médio em todas as linhas de crédito para pessoas físicas caiu de 4% em JAN/14 para 3,8% em JAN/15, porem, diante da recente escalada nos juros do governo (a SELIC), no mesmo período o juro médio cobrado no cartão de crédito rotativo alcançou 334% ao ano e no cheque especial a taxa média estava em 208,7% ao ano, o que nos dois casos são as maiores taxas desde 1999.
Segundo o editorial do prestigiado jornal Financial Times, que aliás é critico veemente da presidenta Dilma, (1) a crise do Brasil é ruim e vai piorar antes de melhorar, (2) a maior parte da culpa é do próprio país, que não soube aproveitar o "boom das commodities" e (3) sob Dilma, a voz brasileira virou um sussurro.
Ressaltando que se o país estivesse crescendo a situação seria ainda mais grave, apesar de o governo praticamente descartar um racionamento de energia neste ano, falando em chances de 5%, renomados especialistas do setor afirmam que essa possibilidade é de 60%.
Mostrando, pela enésima vez, quem manda no PT, Lula, cada dia mais incomodado com o esgarçamento da relação do governo com o Congresso, vem articulando diretamente, principalmente desde JAN/15, com lideranças petistas de Câmara e Senado e inclusive passou a dar orientações diretamente a correligionários.
O governo Dilma inicia a discussão das medidas provisórias do ajuste fiscal no Congresso nesta semana tentando postergar as concessões que precisará fazer, já que a estratégia é tentar contentar parlamentares e centrais sindicais prometendo flexibilizar medidas com efeito para o ano que vem e manter o máximo possível o ajuste deste ano.
Neste final de semana, durante a festa de aniversário de 70 anos da futura ex-petista Marta Suplicy, o assunto mais comentado foi que a presidenta Dilma tem 20 dias para romper o isolamento político, reestruturar seu governo e apontar caminhos para sair da recessão econômica, caso contrário, será difícil ela manter a governabilidade e evitar a escalada da insatisfação popular.
PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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