R.B. 17/MAR/15 "Agindo como Joseph Goebbels"


R.B.

"Agindo como Joseph Goebbels"

 

São Paulo, 17 de março de 2015 (TERÇA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, devolvendo os ganhos do pregão anterior, prejudicada pela realização de lucros nas principais bolsas mundiais e principalmente afetada negativamente pela retirada das ações da Petrobrás do Dow Jones Sustainability Index World e (2) o DÓLAR pode subir, retornando à sua "trajetória natural" após o "ajuste técnico" de ontem, seguindo a esperada piora do "humor" na Bovespa e também a trajetória internacional da moeda norte-americana.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,5%, recuperando as perdas das abertura, quando na mínima recuou –0,4%, seguindo o desempenho positivo das bolsas de NY e com baixo volume de negócios para um dia de vencimento de opções (R$ 7,7bi) e (2) o DÓLAR caiu –0,8% à R$ 3,23, realizando lucros após fechar o pregão anterior no maior patamar desde 2/ABR/03, influenciado pelo recuo internacional da moeda norte-americana, diante da divulgação de indicadores fracos da economia dos EUA.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão –0,1%, realizando lucros, após ter atingido máximas em 15 anos na semana passada e antes da reunião de política monetária do BC local e China 2,3%, mais uma vez sustentada pelos  "rumores" de que o governo local anunciará medidas de estímulo econômico, (2) da EUROPA, com a bolsa alemã fechando no maior patamar da história, Inglaterra 0,9%, França 1,0% e Alemanha 2,2%, diante de um sentimento positivo com o programa de relaxamento quantitativo do BC europeu e com as expectativas sobre novas medidas de estímulo na China e (3) dos EUA, em um movimento de recuperação após as perdas de sexta-feira, S&P 1,3%, DJ 1,3% e NASDAQ 1,2%, influenciadas pela divulgação de indicadores econômicos levemente abaixo do esperado, que reduziram as "apostas" de que o BC do país vai elevar os juros na reunião desta semana, e com destaques de alta para as exportadoras, diante da desvalorização do dólar frente às principais moedas do mundo.

 

Em um pessimismo crescente, o "mercado" elevou, desta vez de 7,8% para 7,9%, suas estimativas para o IPCA deste ano, patamar cada vez mais distante do topo da meta do BC (6,5%), e reduziu ainda mais, desta vez de –0,66% para –0,78%, suas "apostas" para o desempenho do PIB brasileiro em 2015.

 

Ontem, após refutar os "rumores" de que já estaria pensando e pedir demissão, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, voltou a defender os ajustes feitos pelo governo e, citando a política expansionista nos EUA e a evolução da produção na China, justificou que a redução de tais políticas de incentivo à economia nesses países teve impacto negativo no Brasil, com consequências para dólar e commodities.

 

Apresentando uma outra forma de ver as coisas, segundo Laura Alfaro, professora da Harvard Business School e ex-ministra de Planejamento e Política Econômica da Costa Rica, o problema do Brasil não é econômico e, sim, político, pois a nova equipe econômica tupiniquim sabe o que tem que fazer e o principal obstáculo é o Congresso Nacional aprovar o pacote de ajuste fiscal.

 

Prejudicado pela alta da taxa básica de juros e pela redução da confiança dos investidores, em JAN/15, frustrando as expectativas de melhora, o índice de atividade do BC, que representa uma prévia do PIB, registrou queda de -0,11% na comparação com DEZ/15, o que confirma que a produção e a renda do país estão em trajetória de encolhimento desde OUT/14.

 

"Entregando os anéis para evitar perder os dedos", a Petrobras, fazendo o que os petistas acusavam FHC de tentar fazer, já deu o pontapé inicial no plano para privatizar parte do seu patrimônio, buscando compradores para usinas termelétricas, participações em distribuidoras de gás e em campos de petróleo, postos de gasolina no exterior e uma fatia da Petrobras Distribuidora, dona da marca BR, a maior rede de postos do país.

 

Mesmo com a disparada do dólar, a balança comercial brasileira, prejudicada por uma política acéfala adotada pelo governo Dilma, voltou a registrar déficit na semana passada, quando as importações superaram as vendas externas em US$ -24mi, acumulando com isto um saldo negativo de US$ -6,1bi no ano, resultado ainda pior do que o auferido no mesmo período de 2014 (US$ -5,8bi).

 

-    A Petrobrás subiu 1,9%, porem após o fechamento do pregão foi anunciado que, por conta das denúncias de corrupção investigadas pela Lava Jato, as ações da empresa deixarão de fazer parte do Dow Jones Sustainability Index World, que é um importante índice mundial de sustentabilidade, que avalia as melhores práticas de gestão social, ambiental e econômica no mundo.

-    A Sabesp caiu –1,0% e, após o fechamento do pregão, a agencia de classificação de risco Fitch alertou que pode rebaixar sua "nota" para a empresa nos próximos 2 meses caso o nível dos reservatórios não melhore.


Política:
 
Mostrando que estava correta a estratégia de mante-la calada, a presidente Dilma afirmou, em sua primeira declaração pública após as manifestações de domingo, que no Brasil "a corrupção é uma senhora idosa", ressaltando que ela não poupa ninguém e que pode estar em todo lugar, inclusive no setor privado.
 
"Agindo como Joseph Goebbels", o líder da propaganda nazista que dizia que uma mentira contada 1.000 vezes passa a ser verdade, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça que também acumula os cargos de porta-voz, de advogado e de puxa saco número 1 da presidenta Dilma, "garantiu" que o pacote anticorrupção que será lançado esta semana pelo governo vai punir corruptos mais rapidamente, agilizar processos contra desvios de recursos públicos e criminalizar os servidores públicos que enriquecem ilicitamente.
 
Feliz da vida por ser chamado e se sentindo o "salvador da pátria", o ex-presidente Lula, um dia após os protestos contra a Dilma, foi chamado pela atual presidenta para conversar sobre as medidas que serão tomadas a curto e médio prazo para estancar a crise.

 

Consideravelmente acuada pela crise política e pelos protestos de rua, a presidenta Dilma, aconselhada por Lula, já prepara uma reforma ministerial antes mesmo de completar três meses do seu segundo mandato à frente do Palácio do Planalto e o principal objetivo é dar mais espaço ao PMDB e garantir o apoio do partido às medidas do ajuste fiscal.

 

Com os executivos, provavelmente pressionados por seus familiares, começando a "abrir o bico", ontem Eduardo Leite, vice-presidente da Camargo Corrêa, afirmou em depoimento prestado no âmbito de um acordo de delação premiada que o tesoureiro do PT, João Vaccari, pediu que a empreiteira pagasse uma propina de cerca de R$ 10mi em forma de doação oficial ao partido.


Crítica:

 

Representando um retrocesso nas negociações de PAZ, Benjamin Netanyahu, atual primeiro ministro de Israel que tenta se reeleger nas eleições de hoje, declarou publicamente, com o objetivo de atrair os votos dos mais conservadores, que durante seu governo não permitirá a criação do Estado Palestino.

 

Considerada uma das maiores mineradoras do mundo, a Vale foi autuada pelo governo federal por reduzir pessoas à condição análoga à de escravo em um centro de operação da empresa na região de Itabirito, que fica em Minas Gerais.


PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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