R.B.
"Taxar o andar de cima"
São Paulo, 11 de fevereiro de 2015 (QUARTA-FEIRA).
Mercados e Economia:
Hoje (1) a BOVESPA deve subir, tentado recuperar perdas recentes, beneficiada pela redução das tensões na Europa e pela valorização das commodities e (2) o DÓLAR pode cair, pressionada pelos leilões de venda do BC e em um "ajuste técnico" após fechar o pregão anterior no maior patamar desde NOV/04 e acumular alta de 6,7% no ano, porem deve-se ressaltar que a tendência da moeda norte-americana segue sendo de alta.
Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu –1,8%, revertendo os ganhos da abertura, quando na máxima avançou 0,8%, e desconsiderando as valorizações registradas pelos principais índices internacionais, já que foi pressionada pela queda dos papéis da Vale (-4,8%) e da Petrobras (-3,9%), diante da preocupação dos investidores com a economia brasileira e (2) o DÓLAR subiu 2,1% à R$ 2,83, refletindo o estresse do mercado com (1) a possibilidade de a Grécia deixar a zona do euro, (2) a desaceleração econômica da China e (3) a expectativa de alta nos juros dos EUA.
Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, ainda sem uma tendência única, Japão –0,3%, acompanhando as perdas das demais bolsas mundiais no dia anterior e China 1,5%, já que a divulgação de que a inflação do país está no menor patamar em 5 anos elevou as "apostas" de que o governo anunciará novas medidas de estímulo econômico, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,1%, França 1,0% e Alemanha 0,8%, com destaques de alta para as ações dos bancos, como Piraeus Bank (13,1%) e Eurobank Ergasias (14,8%), impulsionados por "rumores" de que a Comissão Europeia teria preparado uma proposta para prolongar em 6 meses o programa de resgate à Grécia e (3) dos EUA, tentando iniciar um movimento de recuperação de perdas recentes, S&P 1,1%, DJ 0,8% e NASDAQ 1,3%, beneficiada pela redução das tensões com a Grécia e pela divulgação de bons resultados corporativos, como a Coca-Cola, que avançaram 2,84% depois que a companhia reportou ganhos e receitas no quarto trimestre acima das estimativas dos analistas.
Em tom pessimista em relação ao atual cenário, após 2 dias de reuniões em Istambul, os chefes de economia do G20 alertaram para o risco de "estagnação persistente" e estabeleceram o estímulo a investimentos como prioridade para retomada do crescimento econômico.
Com o objetivo de concertar as besteiras que a presidenta Dilma fez e segue fazendo, Joaquim Levy, novo ministro da Fazenda, vai aproveitar o Carnaval no Brasil para fazer uma palestra para investidores em NY na qual, tentando recuperar a credibilidade do governo, que anda em baixa, defenderá sua política econômica e garantirá que o país vai investir em infraestrutura.
Tentando mostrar austeridade, Luiz Awazu Pereira da Silva, novo diretor de Política Econômica do BC, afirmou ontem que o Brasil não pode ser "complacente" nos ajustes e deve manter sua política monetária "especialmente vigilante" para garantir que as pressões inflacionárias não se propaguem para horizontes mais distantes.
Ainda reagindo apenas agora que a situação é gravíssima, Romeu Rufino, diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, informou ontem que o governo Dilma estuda criar uma linha de crédito para incentivar a microgeração de energia, tornando mais acessível a compra de placas solares (ou biodigestores, no caso da área rural), o conversor que transforma a energia de baixa tensão em alta tensão e de o leitor digital, que mede toda a transferência de energia para a rede.
Com a realidade batendo rápido na porta de um governo que mentiu maquiou dados para reeleger a presidenta, (1) na formalização do mercado de trabalho, um dos pontos citados por Dilma durante a campanha como um avanço nos últimos anos, sofreu um revés no último trimestre de 2014, quando o total de trabalhadores com carteira assinada caiu -0,4% na comparação com o terceiro trimestre, o que representa 147 mil pessoas perdendo o status de trabalhadores formais e (2) o emprego na indústria caiu -3,2% em 2014 na comparação com 2013, o que representa o pior desempenho anual desde 2009.
- Diante do aumento do desemprego, dos juros e também da inflação, em JAN/15 o número de consumidores que não conseguem pagar as contas de água e energia em dia cresceu 8,4% na comparação com JAN/14.
- O Banco do Brasil caiu –3,3% e ontem, após o fechamento do pregão, a instituição financeira anunciou que, por emprestar dinheiro para "amigos do poder", como a socialite Val Marchiori, e para pessoas sem credito, seu lucro liquido em 2014, contrariando a tendência de crescimento dos seus concorrentes privados, caiu -28,6% na comparação com o ano anterior.
Incomodando o quanto pode o governo Dilma, o peemedebista Eduardo Cunha, atual presidente da Câmara, avisou que prepara um convite global para que os 39 ministros da presidenta prestem esclarecimentos e debatam temas de suas pastas com deputados.
Apesar de "garantir" que o impeachment da presidenta Dilma "não está na pauta do PSDB", o senador tucano Aécio Neves afirmou que não é crime falar nisto, ressaltando que desconhecer que há um sentimento de tamanha indignação na sociedade é desconhecer a realidade.
Com uma réplica do boneco de madeira Pinóquio na mão, o deputado Mendonça Filho, o líder do DEM na Câmara, ocupou a tribuna da Casa para sustentar que o personagem se transformou no "mascote" da gestão petista, ressaltando que a presidenta Dilma mentiu aos brasileiros ao longo da campanha e negou que fosse tomar medidas impopulares, como aumento de juros, da gasolina, do preço da energia e alterar questões trabalhistas.
Numa ofensiva contra o peemedebista Renan Calheiros, reeleito para ser pela quarta vez presidente do Senado, senadores da oposição e do grupo dos "independentes" decidiram ontem criar um bloco de atuação conjunta com medidas para "democratizar" as decisões tomadas na Casa.
- Comandada por magistrados indicados por Dilma e Lula, ontem a segunda Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu manter em liberdade o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, preso em NOV/14 pela Operação Lava Jato.
Confirmando que no atual governo o que está ruim sempre pode piorar, Senadores do PT, para manter o discurso de ricos contra pobres, esperam que a presidenta Dilma anuncie alguma medida para "taxar o andar de cima", como a tributação sobre lucros e dividendos nas empresas.
Crítica:
Mostrando mais uma vez seu "enorme desconhecimento da dinâmica do mercado de capitais", a presidenta Dilma, confirmando as piores expectativas possíveis, anunciou ontem que petista Miriam Belchior, sua ex-ministra do planejamento e viúva de Celso Daniel (o prefeito petista de Santo André que foi assassinado em 2002), será a nova presidente da Caixa Econômica Federal e terá como "missão impossível" atrair investidores e preparar o banco para uma abertura de capital.
Usando a velha tática de atacar para se defender, ontem o PT divulgou um documento no qual acusa os opositores do governo Dilma de golpismo e tentativa de privatizar a Petrobras, o que aliás seria uma excelente ideia que resolveria todos os problemas da estatal.
PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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