R.B.
"Um homem de pouca fé"
São Paulo, 23 de janeiro de 2015 (SEXTA-FEIRA)
Mercados e Economia:
Hoje (1) a BOVESPA deve subir, para fechar em território positivo pelo quarto pregão seguido e provavelmente acima dos 50.000pts, diante da avaliação de que o pacote de estímulos monetários divulgado ontem pelo BC Europeu reduzirá a necessidade de elevação dos juros no Brasil e (2) o DÓLAR pode voltar a cair, ainda pressionado pelos leilões de venda do BC, que segue preocupado em conter a inflação sem precisar elevar ainda mais a Selic, e também influenciado pela expectativa de aumento do fluxo positivo de recursos externos.
Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,4%, acompanhando o desempenho positivo das principais bolsas mundiais, beneficiada pela recuperação dos preços das commodities, impulsionada pela alta de 4,4% das ações da Petrobrás e com ótimo volume de negócios (R$ 8,1bi) e (2) o DÓLAR caiu –1,3% à R$ 2,57, diante da expectativa de entrada de novos recursos externos após o anuncio dos estímulos monetários do BC Europeu e após a elevação da taxa básica de juros no Brasil.
Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,3% e China 0,6%, acompanhando o fechamento positivo das demais bolsas mundiais no dia anterior e beneficiadas pelo anuncio de uma injeção de recursos no sistema financeiro pelo Banco Popular da China, (2) da EUROPA, Inglaterra 1,0%, França 1,5% e Alemanha 1,3%, beneficiadas pelo anúncio, por parte do BC Europeu, do esperado programa de relaxamento quantitativo, que incluirá compras mensais de 60 bilhões de euros em bônus governamentais e privados e (3) dos EUA, com o S&P e o NASDAQ entrando em território positivo no ano, S&P 1,5%, DJ 1,5% e NASDAQ 1,8%, com destaques de alta para as ações dos bancos, como Wells Fargo (3,2%) e Bank of America (4,4%), que se beneficiam de uma economia europeia mais forte.
Segundo Trabuco, presidente do Bradesco que recentemente negou o convite para ser ministro da Fazenda de Dilma, o pacote de estímulos de 60bi de euros mensais lançado ontem pelo BC Europeu ajudará o Brasil a ganhar tempo para fazer seu ajuste, pois causará uma forte entrada de recursos estrangeiros em busca dos juros altos do Brasil.
Joaquim Levy, o novo ministro da Fazenda do governo Dilma, está em lua-de-mel com o "mercado" e o motivo principal é que seus discursos são recheados de críticas à administração anterior, apesar da presidenta ser a mesma, pois ele já disse, diretamente ou indiretamente, que não vai pagar a conta dos erros no setor de energia, que a Petrobras deveria ser livre para definir o preço da gasolina, e que acabou a farra dos bancos públicos se financiando no Tesouro.
Mostrando que, além de despreparado como seu antecessor, é "um homem de pouca fé", ontem, na mesma semana que afirmou que contava com a ajuda de Deus, Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia, disse que um racionamento de energia elétrica será decretado quando o nível dos reservatórios chegar ao limite chamado de "prudencial", estabelecido em 10%.
De acordo com uma pesquisa feita pela Confederação Nacional da Indústria, diante das incertezas da economia, da alta do dólar, do aumento do custo dos financiamentos e a diminuição da demanda, 69,3% das indústrias brasileiras pretendem investir em 2015 na compra de equipamentos e outros recursos que aumentem sua capacidade e produtividade, contra 78,1% no mesmo período de 2014.
- Apesar das expectativas pouco animadoras para a economia brasileira neste ano, as indústrias de tecnologia da informação e de telecomunicações projetam um crescimento de 5% neste ano, movimentando US$ 165,6bi no país.
No ano passado o setor de serviços, que aliás é o que tem o maior peso na economia, registrou um desempenho mais fraco em 2014, com crescimento de 6,4% no acumulado em 12 meses até NOV/14, patamar inferior ao registrado no mesmo período de 2013 (8,5%).
Para ajudar o setor sucroalcooleiro brasileiro, Katia Abriu, ministra da Agricultura, afirmou ontem que o aumento na mistura de etanol à gasolina deverá ser anunciado pelo governo federal na primeira semana de FEV/15 e entrará em vigor 90 dias depois, dando fim a um longo debate entre poder público e diferentes setores industriais sobre o assunto.
- A Petrobras subiu 4,4%, após a companhia afirmou em nota que está "realizando as análises necessárias para o fechamento e divulgação das demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014" em função dos desdobramentos da Operação Lava Jato da Polícia Federal.
- A Oi disparou 19,8%, após a aprovação da venda dos ativos portugueses da companhia à francesa Altice em assembleia geral de acionistas da Portugal Telecom SGPS.
- A Estácio despencou -15,1% e a Kroton desabou -6,9%, diante das preocupações dos investidores com as mudanças nas regras de programas voltados ao financiamento do ensino superior, importante fonte de receita de companhias, que agora são a "bola da vez" para sofrerem com as constantes mudanças nas "regras do jogo" pelo governo Dilma.
Alfredo Sequeira Filho
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