R.B. 19/NOV/14 ''''Fingindo austeridade''


R.B.

"Fingindo austeridade"

 

São Paulo, 19 de novembro de 2014 (QUARTA-FEIRA).


Mercados e Economia:

 

Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em alta, ainda em um movimento de ''caça de barganhas'' após as perdas recentes, influenciada pela provável recuperação das ações da Petrobrás, que ontem fechou o dia no menor patamar desde 2005 e (2) o DÓLAR pode voltar a cair, influenciado pelos leilões de venda do BC, que segue atuando na ponta vendedora para tentar com isto conter a inflação.

 

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 1,6%, acompanhando o desempenho positivo das principais bolsas mundiais, com bom volume de negócios (R$ 6,4bi) e recuperando as perdas da abertura, quando na mínima recuou -0,4%, impulsionada principalmente pelas ações dos bancos, como Bradesco (4,6%) e Itaú (3,4%), e (2) o DÓLAR caiu -0,5% à R$ 2,59, acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana, beneficiado pela ligeira melhora do ''humor'' na Bovespa e em um ''ajuste técnico'' diante das altas recentes.

 

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão 2,2%, recuperando parte das perdas da última sessão, impulsionada pela expectativa dos investidores de que o governo deverá anunciar um pacote de estímulos para fortalecer a economia e China -0,7%, em um movimento de realização de lucros, principalmente entre as ações dos bancos e das corretoras, (2) da EUROPA, Inglaterra 0,6%, França 0,8% e Alemanha 1,6%, impulsionadas pela divulgação de dados melhores do que o esperado sobre as e (3) dos EUA, com o S&P e o DJ batendo novos recordes históricos, S&P 0,7%, DJ 0,2% e NASDAQ 0,7%, desta vez impulsionadas pelas ações do setor de saúde, como a Actavis, que subiu 4,1% após confirmar que comprou a Allergan, fabricante do Botox.

 

''Fingindo austeridade'', no mesmo dia em que o Congresso autorizou o governo a descumprir sua própria meta de superávit primário, ontem o BC deu um novo sinal de que a alta dos juros promovida em OUT/14 foi apenas o início de um novo ciclo de aperto monetário, já que Carlos Hamilton Araújo, o diretor de Política Econômica da instituição, afirmou que não será complacente com a inflação" e, se for necessário, no momento certo, poderá "recalibrar sua ação de política monetária".

 

Provando mais uma vez que falta segurança, principalmente regulatória, para os empresários investirem no Brasil, ontem, no terceiro leilão de transmissão de energia do ano realizado pela Aneel, 5 dos 9 lotes oferecidos não receberam nenhuma manifestação de interesse e 2 dos 4 lotes arrematados foram vendidos com baixo deságio em relação ao limite estabelecido pelo governo.

 

Dando 2 novos sinais negativos da economia brasileira, (1) o Índice de Confiança do Empresário Industrial caiu de 45,8pts em OUT/14 para 44,8pts em NOV/14, atingindo com isto o nível mais baixo de toda a série histórica, iniciada em 1999 e (2) em OUT/14 os pagamentos com atraso há mais de 90 dias cresceram 14,2% na comparação com OUT/13.

 

Iniciando uma onda que deve crescer ainda mais, ontem a agencia de classificação de risco Moody's rebaixou sua ''nota'' para a construtora Mendes Júnior e reduziu a sua perspectiva para "negativa", ressaltando que esta decisão foi tomada diante do aumento do risco de queda na liquidez da companhia, após denúncias envolverem um de seus principais executivos na operação Lava-Jato, relacionada à Petrobras.

 

Reduzindo a segurança das instituições e ainda insistindo na ''tese equivocada'' de que o crescimento da economia vem através do consumo, ontem, por orientação do governo Dilma, o BC divulgou alterações na legislação das cooperativas de crédito, que (1) terão uma substancial redução na exigência de capital para suas operações e (2) estão autorizadas a emitir letras financeiras.

 

-    A Vale caiu -4,6%, diante do recuo de -4,0% do preço do minério de ferro, que fechou o dia no menor patamar desde JUN/09 e acumulando uma baixa de -46,6% no ano.


Política:

 

Mostrando que, quando paga bem, Dilma ainda tem a maioria no Congresso Nacional, ontem, após mais de 8 horas de negociações, a Comissão Mista de Orçamento do Congresso aprovou o irresponsável projeto de lei que autoriza o governo a descumprir sua própria meta de superávit primário, que é a economia para pagamento dos juros da dívida pública.

 

Desafeto, agora publico, da presidenta Dilma, a petista Marta Suplicy, ex-ministra da Cultura e agora senadora, admitiu ontem que pode deixar o PT, partido que ajudou a funda, para disputar a prefeitura de SP em 2016 ou mesmo o governo do Estado, daqui a 4 anos.

 

Preparando mais uma maracutaia nos números para lhe favorecer, o governo Dilma deve estabelecer nos próximos meses uma nova maneira de medir o nível de pobreza no país, já que em vez de levar em conta apenas a renda, como ocorre hoje, esse futuro mecanismo empregaria diversas variáveis, como acesso à educação, bens e saneamento básico.

 

Mostrando que a presidenta está se afastando cada dia mais de Lula, Dilma, desde que voltou da reunião do G-20, não havia dado até ontem sequer um telefonema para seu antecessor para pedir que ele vá para Brasília para, juntos, discutirem a reforma ministerial.

 

De olho na vaga, na qual poderá colocar ''seu burro na sombra'', a ministra Ideli Salvatti, dos Direitos Humanos, procurou na última semana Eunício Oliveira, líder do PMDB no Senado, para pedir que a sigla esperasse um pouco antes de levar adiante a indicação do peemedebista Vital do Rêgo para o Tribunal de Contas da União.


Crítica:
 
Como se um ladrão de banco pudesse ser inocentado se, após cometer o crime e ser preso, apenas devolvesse a grana roubada, a Controladoria Geral da União decidiu que, para escapar da punição de ficarem impedidas de fazer negócios com o governo daqui para a frente, as empreiteiras pegas na Operação Lava Jato terão apenas que ressarcir a Petrobras pelos danos causados, refazer contratos superfaturados, entregar os nomes de quem recebeu e pagou propina, e ainda mostrar como funcionava o esquema dentro da estatal.
 
Provando mais uma vez que ''no Brasil bandido rico não fica na cadeia'', 11 dos 23 suspeitos detidos na sétima fase da operação Lava Jato já deixaram a carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Paraná após a soltura deles ter sido determinada pela Justiça.

PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


O "R.B." representa uma opinião, não uma indicação, é proibida sua reprodução, sem a devida autorização, e qualquer critica, dúvida ou sugestão, favor contatar: alfredo@relatoriobrasil.com


Conheça e indique nosso Blog: www.relatoriobrasil.com

Curta nossa página no Facebook: www.facebook.com/relatoriobrasil