R.B.
"Passos maiores do que as pernas"
São Paulo, 12 de julho de 2012 (QUINTA-FEIRA).
HOJE
- A BOVESPA deve subir, tentando uma recuperação após 3 pregões consecutivos de queda, ''animada'' pela nova redução da taxa básica de juros, que em tese estimula os investimentos no setor produtivo da economia, e também seguindo a leve melhora do ''humor'' nas demais bolsas mundiais.
- O DÓLAR pode voltar a cair, reduzindo uma parte da alta acumulada no mês (1,3%) e no ano (9,0%), acompanhando a provável melhora do ''humor'' na Bovespa e também a trajetória internacional da moeda norte-americana.
ONTEM
- BOVESPA -0,2% (aos 53.569pts), abriu em alta, para na máxima avançar 0,8%, porem passou a cair na parte da tarde, acompanhando a piora do ''humor'' nas bolsas de NY, com baixo volume de negócios (R$ 5,9bi) e aguardando a divulgação do PIB e da produção industrial da China, que é o principal parceiro comercial do Brasil.
- DÓLAR -0,1% à R$ 2,03, já abriu em queda e, mesmo com a piora do ''humor'' na Bovespa, manteve-se em território negativo ao longo de todo dia, seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana e o fluxo positivo de recursos externos.
- Na ÁSIA, recuperando uma pequena parte das perdas acumuladas em 4 pregões consecutivos de baixas, JAPÃO 0,1%, CORÉIA 0,1% e CHINA 0,6%, ''animadas'' pelas declarações do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, de que a China deve manter um crescimento razoável dos investimentos para combater os obstáculos provocados por incertezas sobre a economia global.
- Na EUROPA, sem uma direção definida e com baixos volumes de negócios, INGLATERRA 0,1%, FRANÇA -0,6% e ALEMANHA -0,2%, diante das expectativas antes da divulgação da ata do Fed (''BC'' dos EUA).
- Nos EUA, revertendo uma abertura positiva, S&P 0,0%, DJ -0,4% e NASDAQ -0,5%, com os investidores ''desanimados'' após o Fed (''BC'' local) deixar claro na ata da sua reunião que é necessário um cenário mais pessimista para que o banco intervenha novamente na economia.
Agradando das centrais sindicais aos empresários, ontem o Copom, com o objetivo de estimular o consumo e os investimentos no setor produtivo e ressaltando que a inflação seguirá controlada, reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira de 8,5% para 8,0%, o que representa o menor patamar da história e coloca o Brasil na terceira posição entre os países com os maiores juros reais do mundo (com 2,3% ao ano).
Finalmente separando o joio, que fica na Europa, do trigo, que fica no Brasil, ontem a agência de classificação de risco Standard & Poor's aumentou sua ''nota'' para os seguintes bancos brasileiros: Bradesco, Citibank, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Santander, HSBC, Itaú Unibanco e Itaú BBA.
Indicando que o Brasil, mesmo com a desaceleração da economia, segue sendo um lugar interessante para se investir, segundo o BC na semana passada o fluxo cambial ficou positivo em US$ 396mi, o que eleva o saldo positivo do ano para US$ 23,3bi.
Dando 3 sinais negativos da economia brasileira, (1) em MAI/12 o número de ações por problemas com aluguel na cidade de SP cresceu 16,1% ante o mesmo mês de 2011, (2) a inadimplência do consumidor cresceu 19,1% no primeiro semestre do ano ante mesmo período de 2011 e (3) as vendas do comércio varejista apresentaram queda de -0,8% de ABR/12 para MAI/12 na série livre de influência sazonais, variação que representa a maior contração do comércio varejista desde NOV/08.
Representando uma ótima oportunidade de negócio para o Brasil, segundo uma reportagem do "New York Times", após uma longa campanha dos produtores brasileiros, o governo norte-americano iniciou o processo de reconhecimento da cachaça brasileira, que antes era vendida nos EUA como "rum brasileiro".
Como muitas empresas do setor deram ''passos maiores do que as pernas'' e agora sofrem com a falta de mão de obra qualificada e também com o aumento da inadimplência, nos 5 primeiros meses deste ano as reclamações referentes a atrasos na entrega de imóveis na cidade de SP tiveram um aumento de 23% na comparação com o mesmo período de 2011.
Segundo uma pesquisa recente, a dificuldade de contratação de mão de obra qualificada, que atinge diversos setores no Brasil, já é a principal preocupação na opinião de 49% dos franqueados brasileiros.
- A Petrobras subiu 0,8% e, após o fechamento do pregão anunciou a descoberta de um novo poço de petróleo no pós-sal da bacia marítima do Espírito Santo.
- A Embraer desabou -7,3%, após divulgar que tem atualmente sua menor carteira de pedidos dos últimos 6 anos, o que levantou suspeitas sobre os resultados futuros da companhia.
Alfredo Sequeira Filho