R.B. 5/AGO/11 ''Onda de pânico''


R.B.

"Onda de pânico"

 

São Paulo, 5 de agosto de 2011 (SEXTA-FEIRA).


Mercados:

 

HOJE

-    A BOVESPA deve voltar a cair, acompanhando a manutenção do ''humor negativo'' nas demais bolsas mundiais e o recuo das commodities, porem ainda deve-se ressaltar que o patamar é interessante para investimentos.

-    O DÓLAR pode cair, retornando à sua ''trajetória natural'' após fechar o pregão anterior com a maior alta desde MAI/10, já que o ''problema'' é externo e o Brasil continua sólido e pagando a maior taxa real de juros do planeta (cerca de 6,8% ao ano).

 

ONTEM

-    BOVESPA -5,7%, já abriu em queda e, seguindo o ''péssimo humor'' das demais bolsas mundiais, foi intensificando a trajetória negativa ao longo de todo pregão, com ótimo volume de negócios (R$ 9,6bi), para fechar o dia no menor patamar desde JUL/09 e com a maior queda percentual desde NOV/08, derrubada pelo temor dos investidores de que os EUA entrem em uma nova recessão econômica e que os problemas de dívida da Europa não estejam sequer perto de serem resolvidos.

-    DÓLAR 1,1% à R$ 1,58, já abriu em alta e, acompanhando a forte piora do ''humor'' na Bovespa, manteve a trajetória ascendente ao longo de todo pregão, também diante das preocupações dos investidores com uma possível estagnação da economia norte-americana e com a crise da dívida na Europa.

-    Na ÁSIA, sem uma tendência única, JAPÃO 0,2%, diante de um efeito positivo da tão esperada intervenção do governo local no mercado de câmbio, o que ajudou as exportadoras Nikon (1,2%) e Nintendo (1,1%), CHINA 0,2%, em um movimento de ''caça de barganhas'', apesar de dados macroeconômicos divulgados mostrarem redução no ritmo de crescimento da economia doméstica e alta na inflação e CORÉIA -2,3%, pressionada por vendas por parte de investidores estrangeiros.

-    Na EUROPA, iniciando uma ''onda de pânico'' que tomou conta de todos os mercados mundiais, INGLATERRA -3,4%, FRANÇA -3,9% e ALEMANHA -3,4%, novamente com destaques de queda para as ações dos bancos, como Barclays (-7,7%), Lloyds (-10,0%), Commerzbank (-6,1%), Santander (-4,4%) e BBVA (-4,1%), também prejudicados pelas declarações de Trichet, presidente do BC Europeu (BCE), que não confirmou nem negou que ocorreu uma intervenção da autoridade monetária no mercado secundário comprando bônus de Portugal e Irlanda e que esta intervenção não foi apoiada por todos os membros do BCE.

-    Nos EUA, acumulando as maiores baixas desde a crise internacional no início de 2009, S&P -4,8%, DJ -4,3% e NASDAQ -5,1%, o que mostra que, diante da divulgação de novos e constantes dados econômicos negativos, os investidores estão ''jogando a toalha'' pois não conseguem encontrar alívio em nenhuma outra frente.


Economia:
 
Tentando acalmar o ''mercado'', Mantega, ministro da Fazenda, afirmou que, mesmo com o agravamento do quadro internacional, o Brasil nunca esteve tão preparado e capacitado para enfrentar um ambiente internacional mais difícil nos próximos meses, ressaltando ainda que o governo Dilma já tem mais reservas e instrumentos que poderão ser implementados e utilizados a qualquer momento.
 
Dando novos sinais positivos da economia interna, (1) nos 7 primeiros meses deste ano, ainda sem ser influenciada pela nova e recente redução do IPI, a produção de veículos montados no Brasil cresceu 4,3% ante o mesmo período em 2010, (2) segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping as vendas em lojas do setor devem crescer 8% no Dia dos Pais neste ano na comparação com o mesmo período de 2010, (3) o Índice de Confiança de Serviços avançou 0,8% entre JUN/11 e JUL/11 e (4) nos 7 primeiros meses deste ano a atividade do comércio em todo o país teve um crescimento de 9,6% na comparação com o mesmo período de 2010.
 
''Apostando'' do Brasil enquanto seu país se encontra à beira da falência, ontem a italiana Davide Campari-Milano anunciou a compra da prestigiada marca brasileira de cachaça Sagatiba por US$ 26mi.
 
Com o investidor ''correndo para a segurança'' em um momento que as bolsas mundiais enfrentam fortes perdas, em JUL/11 os depósitos na caderneta de poupança superaram os saques em R$ 6,1bi, o que representa a maior captação líquida do ano.
 
Expondo mais uma vez a péssima infraestrutura do setores de transportes e de portos do Brasil, as chuvas que atingiram o Paraná nos últimos dias fizeram com que filas de até 17 quilômetros se formassem na entrada do porto de Paranaguá, que é uma das principais vias de exportação de grãos no país.
 
Contrariando o que esperava o Ministério da Agricultura, a Rússia, usando uma ''desculpa esfarrapada'' de problemas com documentação, decidiu manter os embargos à carne brasileira vinda dos Estados do Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
 
-    A Gerdau caiu -7,2%, após anunciar que terminou o segundo trimestre deste ano com um lucro líquido -41% menor que o obtido um ano antes.

Política:
 
Influenciado por Lula, Dilma escolheu do ex-chanceler Celso Amorim para substituir Nelson Jobim no Ministério da Defesa, porem esta escolha desagradou a almirantes, generais e brigadeiros e foi considerada "a pior surpresa" dos últimos tempos pelos militares, já que no governo Lula o novo ministro usou a ideologia para tomar decisões e conduzir a política externa brasileira, priorizando a relação com Fidel Castro, de Cuba, e Hugo Chávez, da Venezuela, além de Mahmmoud Ahmadinejad, do Irã.
 
Gaúcho vaidoso de temperamento difícil, aliás como a presidenta Dilma, o agora ex-ministro da Defesa Nelson Jobim tinha tudo para ficar até a primeira reforma ministerial, prevista para ABR/12, porem ''morreu pela boca" por criticar abertamente e na maioria das vezes de forma deselegante o time ao qual fazia parte.
 
Para acalmar a base aliada, Ideli, a ministra de Relações Institucionais, ''avisou'' que autorizou vários ministérios a gastar R$ 150mi no pagamento de obras ligadas a pedidos de deputados e de senadores.

Crítica:
 
Apenas 1 dia depois de ser condenado oficialmente pela ONU, o governo da Síria continua massacrando aqueles que protestam contra o ditador Bashar al-Assad, que agora também perdeu o apoio da Rússia, tradicional aliado do país árabe.
 
Como não quer mexer nas suas ''sagradas férias'' de 60 dias por ano e na sua rotina de trabalho de 6 horas por dia útil, e olhe lá, o ''nobre'' ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, defendeu ontem o aumento de 33 para 66 no número de integrantes do Superior Tribunal de Justiça, o que segundo ele ajudaria a combater as montanhas de processos que abriga, ao custo de ''apenas'' R$ 704 milhões à mais por ano.

PAZ, amor e bons negócios;

Alfredo Sequeira Filho


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