R.B.
"Faturando com a desgraça alheia"
São Paulo, 3 de agosto de 2011 (QUARTA-FEIRA).
HOJE
- A BOVESPA pode seguir em queda, ampliando as fortes perdas já acumuladas no ano, já que ontem rompeu com facilidade o suporte dos 58.000pts, diante da possibilidade, cada dia maior, de rebaixamento da ''nota'' dos EUA.
- O DÓLAR pode subir, seguindo o provável ''humor negativo'' na Bovespa, porem deve-se ressaltar que a ''trajetória natural'' da moeda norte-americana continua sendo de baixa, já que o governo brasileiro ainda tem como prioridade oficial o combate à inflação, o que deve fazer a taxa básica de juros, mesmo que não suba mais, continuar em patamares elevados.
ONTEM
- BOVESPA -2,1%, já abriu em queda e, acompanhando o ''humor negativo'' das bolsas de NY, manteve a trajetória descendente ao longo de todo pregão, para fechar o dia no menor patamar desde SET/09 (aos 57.310pts), diante do aumento dos ''temores'' de desaceleração prolongada das economias da Europa e dos EUA.
- DÓLAR 0,2% à R$ 1,57, abriu ''de lado'' e, mesmo com a piora do ''humor'' nas bolsas mundiais, manteve a trajetória indefinida ao longo de todo pregão, para só definir o fechamento em alta diante dos 2 leilões de compra do BC.
- Na ÁSIA, JAPÃO -1,2%, já que as preocupações com a valorização do iene e com a nebulosa perspectiva econômica dos EUA afetaram particularmente as ações do setor de maquinário, enquanto as de tecnologia foram prejudicadas pelos cortes de estimativa da Tokyo Electron, CHINA -0,9%, pressionada principalmente por ações de incorporadoras imobiliárias, um dia após o Sistema de Índices Imobiliários do país anunciar que os preços dos imóveis subiram 0,21% em JUL/11 na comparação com JUN/11, o menor ganho mensal deste ano e CORÉIA -2,3%, a maior queda porcentual desde 23/MAI/11, com destaques de queda para ações de montadoras e estaleiros, como Hyundai (-4,9%) e Samsung Heavy Industries (-3,2%).
- Na EUROPA, mesmo com a aprovação do aumento do limite do ''cheque especial'' dos EUA, INGLATERRA -1,0%, FRANÇA -1,8% e ALEMANHA -2,3%, diante do ressurgimento dos receios com a crise da dívida na zona do euro,
- Nos EUA, em queda pela sétima sessão consecutiva, para passarem a acumular baixas em 2011, S&P -2,6%, DJ -2,2% e NASDAQ -2,7%, com os investidores voltando a se preocupar com a hesitante economia local e com a provável rebaixamento da ''nota'' do país, após a divulgação de dados econômicos fracos e a aprovação de um acordo para evitar, ou ao menor postergar, o calote da dívida publica da maior economia do mundo.
Recebido com desprezo pela Força Sindical e com ''otimismo contido'' pelos empresários, ontem o Governo Dilma apresentou o Plano Brasil Maior, cuja principal novidade é a renúncia fiscal do governo, especialmente na folha de pagamentos, de R$ -25bi até 2012.
Para mostrar que tem ''bala na agulha'', Tombini, presidente do BC, ''avisou'' que não hesitará em retomar medidas de estímulo econômico, como a redução dos depósitos compulsórios, caso o cenário internacional se deteriore ainda mais.
Ajudando no controle da inflação, as fortes chuvas do início do ano encheram os reservatórios das hidrelétricas do país, levando-os ao maior nível dos últimos 10 anos, com isto os brasileiros deverão pagar menos para garantir o abastecimento de energia, já que um número menor de usinas termelétricas deverá ser ligado neste ano.
Indicando uma redução do ritmo de crescimento a economia interna, (1) em JUL/11 as vendas no varejo de material de construção apresentaram estabilidade na comparação com o mesmo período do ano passado e uma alta de 1,5% na comparação com JUN/11 e (2) prejudicada pela concorrência dos produtos importados, a produção industrial voltou a cair em JUN/11, apresentando um recuo de -1,6% frente a MAI/11.
Criando a maior rede de drogarias e ao sétimo maior grupo varejista do Brasil em faturamento, ontem os controladores das redes de farmácias Raia e a Drogasil anunciaram um acordo de associação que resultará na criação da Raia Drogasil, cujo controle será compartilhado entre os acionistas que atualmente exercem o controle das companhias.
Com a ''cara lavada'' e cada dia menos ''moral'', ontem a agência de classificação de risco Moody's confirmou que manterá a ''nota'' AAA para os Estados Unidos, citando a decisão de elevar o limite do ''cheque especial do país.
Considerado o investimento das incertezas, ontem o ouro bateu mais um recorde sucessivo de alta, estimulado pelos novos sinais de desaceleração da economia dos EUA e pelos ''temores'' de potencial de expansão da crise da dívida européia.
- O Itaú caiu -5,7%, após a instituição financeira reportar lucro abaixo do esperado e aumento de perdas com a inadimplência na carteira de crédito.
- A Usiminas subiu 1,1%, já que apresentou um resultado no segundo trimestre em linha com o esperado pelo mercado, apesar do tombo de -62% no lucro líquido na comparação com o mesmo período de 2010, e anunciou que vai focar na redução dos custos operacionais.
Política:
Alfredo Sequeira Filho