R.B.
"Nas cordas"
São Paulo, 2 de junho de 2011 (QUINTA-FEIRA).
HOJE
- A BOVESPA deve voltar a cair, acompanhando as perdas das demais bolsas mundiais e ampliando a desvalorização já acumulada no ano (-6,8%), prejudicada (1) pela desaceleração cada vez mais evidente da economia norte-americana, (2) pela a crise européia, com foco nos problemas da Grécia e (3) pela China, que tem revelado sinais mais visíveis de desaquecimento econômico.
- O DÓLAR pode subir, acompanhando a provável piora do ''humor'' na Bovespa e nas demais bolsas mundiais, pressionado pelos leilões de compra do BC e também influenciado pelos sinais de controle da inflação, que podem fazer o BC a começar a avaliar o fim do ciclo de alta dos juros.
ONTEM
- BOVESPA -1,9%, abriu em alta, para na máxima avançar 0,1%, ''animada'' por novos sinais de controle da inflação brasileira, porem logo passou a cair, seguindo a forte piora do ''humor'' nas bolsas de NY, causada por uma bateria de importantes indicadores que revelaram números bem piores do que o previsto, e também prejudicada pelo ''merecido'' rebaixamento da ''nota'' da Grécia pela Moody's.
- DÓLAR 1,0% à R$ 1,59, abriu em leve queda, porem logo passou a subir, mesmo com o recuo do risco-Brasil (-0,6%), seguindo a piora do ''humor'' nas bolsas de NY e pressionado pelos leilões de compra do BC.
- Na ÁSIA, JAPÃO 0,3%, sustentada por ações com exposição relativamente alta à China, como Komatsu (1,3%), Hitachi Construction (0,6%) e Fanuc (1,4%), CHINA 0,9%, beneficiada pela divulgação do Índice de Gerentes de Compra, que ficou basicamente dentro do esperado e ajudou as ações das empresas voltadas para a economia domestica e CORÉIA –0,1%, pressionada principalmente pelas ações da gigante Hynix Semiconductor (-5,6%), após um executivo da empresa declarar que os resultados do segundo trimestre podem ficar aquém das expectativas.
- Na EUROPA, revertendo uma abertura negativa, INGLATERRA –1,1%, FRANÇA -1,0% e ALEMANHA –1,0%, prejudicada pela divulgação de dados decepcionantes nos EUA, pela forte queda entre ações de bancos e pelo rebaixamento da ''nota'' da Grécia pela Moody's.
- Nos EUA, apresentando as maiores quedas em 1 pregão dos últimos 10 meses, S&P –2,3%, DJ-2,2 % e NASDAQ –2,3%, prejudicadas pela divulgação de uma série de dados negativos, como (1) a redução da criação de empregos no setor privado e (2) o índice ISM da indústria, que baixou mais que o previsto, mostrando uma forte redução da atividade.
Como costas de ser ''do contra'', provavelmente para aparecer mais, Mantega, ministro da Fazenda, recebeu ontem em Brasília Agustín Carstens, presidente do Banco Central do México, e elogiou sua candidatura para o mais alto cargo do FMI, ressaltando que é importante colocação de uma candidatura de país emergente., que rompe com uma regra antiga do FMI, que vem sendo dirigido só por representantes europeus.
''Apostando'' na economia brasileira, Regina Nunes, presidente da agência de classificação de risco Standard & Poor's no Brasil, ''avisou'' que a melhora da ''nota'' do País pode ocorrer em um prazo inferior a 6 meses, principalmente se surgirem mais notícias positivas em relação ao tamanho da máquina pública, à eficiência dos gastos públicos e a pequenas reformas pontuais que melhorariam a eficiência do país.
Ressaltando que o Brasil permanece sendo um nação pobre, porem atualmente também é uma das mais caras do mundo, principalmente por uma combinação de moeda forte, euforia dos investidores estrangeiros, aumento do consumo e gargalos que sufocam a capacidade de responder à crescente demanda, um artigo publicado no ''Financial Times'' avalia que a economia brasileira caminha rumo a uma bolha, caso o País não faça reformas estruturais nem tome medidas para frear o consumo.
Dando novos sinais positivos da economia interna, (1) no primeiro semestre deste ano a construção civil brasileira gerou 86,2 mil novos empregos com carteira assinada, resultado 10,9% superior ao acumulado no mesmo período de 2010, (1) com um crescimento de 8,8% na comparação com o mesmo período de 2010, nos 5 primeiros meses deste ano as vendas de veículos novos bateram mais um recorde histórico, atingindo 1,433 milhão de unidades e (3) segundo previsão do Instituto Aço Brasil, as vendas de aço no Brasil devem crescer 18,6% em 2011 na comparação com 2010.
Ajudando no controle dos preços e consequentemente reduzindo a pressão inflacionária, segundo o BC em MAI/11 as commodities que mais afetam a inflação no Brasil em 2010 atingiram o menor nível do ano.
Apresentando mais um ''claro e consistente'' sinal de controle da inflação, o IPC de MAI/11 ficou em 0,31%, patamar abaixo do apurado em ABR/11 (0,70%) e também aquém da média das ''apostas do mercado'' (0,38%).
Em defesa de seus produtores locais e sem nenhum argumento técnico convincente, a Rússia anunciou que a partir do próximo dia 15 estarão proibidas as importações de carne e produtos compostos de carne de 89 empresas de 3 estados brasileiros (Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná).
Mesmo com a ''choradeira'' dos exportadores com a queda do dólar e com o ritmo ainda ''tímido'' das principais economias do mundo, até o final da semana passada a balança comercial brasileira acumulava em 2011 um superávit de US$ 8,6bi, patamar 50% superior ao contabilizado no mesmo período em 2010.
Política:
Alfredo Sequeira Filho