R.B. 5/JAN/10 ''Água no chops''

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R.B.

"Água no chops"

São Paulo, 5 de janeiro de 2010 (TERÇA-FEIRA).
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Mercados:

HOJE
- A BOVESPA deve cair, realizando lucros após atingir os 70.000pts e após os 6 dias de alta consecutiva do ''rali de final de ano'', provavelmente seguindo a mesma trajetória das demais bolsas mundiais e à espera de novos sinais que confirmem a recuperação das economias mundiais e as ''apostas'', cada dia maiores, no Brasil.
- O DÓLAR pode subir, também em um ''ajuste técnico'' após sucessivas baixas e influenciado pelas expectativas de que o governo, pressionado pelos exportadores, adote medidas para conter a constante retração da cotação da moeda norte-americana.

ONTEM
- BOVESPA 2,1%, já abriu em alta e, ''razoável'' volume de negócios para o primeiro pregão do ano (R$ 5,2bi), manteve a trajetória ascendente ao longo de todo dia, para fechar no maior patamar desde 05/JUN/08 (aos 70.045pts), seguindo o ''humor positivo'' das demais bolsas mundiais, impulsionada pela valorização das commodities e ''animada'' pelas perspectivas otimistas para a economia brasileira.
- DÓLAR -1,2% à R$ 1,72, já abriu em queda e, acompanhando o ''humor positivo'' na Bovespa, manteve a trajetória descendente ao longo de todo pregão, também influenciado pelo forte recuo do risco-Brasil (-2,6%).
- Na ÁSIA, sem uma tendência única, JAPÃO 1,0%, com destaque positivo para JAL (31,0%), diante de ''rumores'' de que o governo local pode oferecer uma linha de crédito de até US$ 2,1bi para a empresa aérea não interrompa suas operações, CHINA -1,0%, realizando lucros após a alta de 80% no ano passado, diante de crescentes preocupações com a inflação e CORÉIA 0,8%, puxada pela demanda externa por papéis do setor de tecnologia, como Samsung Electronics (1,3%), Hynix Semiconductor (4,1%) e LG Electronics (3,7%).
- Na EUROPA, impulsionados pelos dados positivos de vários indicadores de atividade, que apontaram um forte crescimento do setor industrial, INGLATERRA 1,6%, FRANÇA 2,0% e ALEMANHA 1,5%, com destaques de alta para as ações (1) da Nestlé (1,5%), após informar que manterá seu plano para lançar um novo programa de recompra de ações de 10 bilhões de francos suíços e (2) da petrolífera francesa Total (1,8%), impulsionadas pela alta dos preços da commoditie.
- Nos EUA, começando o ano com otimismo, S&P 1,6%, DJ 1,5% e NASDAQ 1,7%, desta vez animadas por discursos de membros do Fed (''BC'' local) sugerindo que um aperto monetário ainda não aparece no horizonte e pelo anuncio de que o indicador de atividade do setor manufatureiro atingiu em DEZ/09 o maior patamar desde ABR/06.
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Economia:

Podendo, ou ao menos tentando, jogar ''água no chops'' da Bovespa, Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Investimentos e ex-diretor de Política Monetária do BC, ''avisou'' que o BC, com ''medo'' de que o vigor da atividade econômica brasileira traga pressões inflacionárias a partir do segundo semestre, deve elevar a Selic em 0,50%, dos atuais 8,75% para 9,25%, até no máximo em ABR/09, ressaltando que a taxa básica de juros da economia brasileira vai fechar o ano próxima de 10%.

Com o ''imperialismo tupiniquim'' mais uma vez mostrando suas ''garras'', segundo rumores do jornal britânico Sunday Times o grupo brasileiro Itaú Unibanco está em negociação para adquirir participações nos bancos Royal Bank of Scotland e Lloyds Banking.

Apresentando novos sinais positivos da economia interna, em DEZ/09 (1) as vendas à prazo cresceram 5% e as vendas à vista aumentaram 7,5% ambas na comparação com DEZ/08, (2) a inadimplência do setor varejista brasileiro caiu -3,4% na comparação com DEZ/08 e os cancelamentos dos registros de devedores no SCPC cresceram 17,5% na mesma base de comparação e (3) as vendas de automóveis e comerciais leves novos cresceram 16,5% ante NOV/09 e mais de 50% em relação a DEZ/08.

Como frutos da queda da taxa de juros, da facilitação do crédito, do aumento da renda e da redução do desemprego, em DEZ/09 o nível de confiança do consumidor na economia brasileira atingiu 155,2pts, patamar que, alem de ser 22,2% acima do registrado em DEZ/08 e 1,3% superior ao apurado em NOV/09, é o maior desde o inicio dessa pesquisa, em 1994.

Ajustando-se ao sentimento da população, às projeções dos empresários e às promessas do governo, o ''mercado'' elevou, de 5,09% para 5,2%, suas ''apostas'' para o desempenho do PIB brasileiro em 2010.

Apresentando o pior resultado desde 2002, em 2009 a balança comercial brasileira, diante da queda de -23,1% das exportações e do recuo de -26,2% das importações, registrou um superávit comercial de US$ 24,6bi, patamar -1,4% menor que em 2008.

- No maior patamar da história, no final de 2009 o Brasil acumulava US$ 239bi em reservas internacionais, patamar 15,6% maior do que no fechamento de 2008.

- A BM&F subiu 5,7%, no dia de estréia do índice setorial voltado para as ações de empresas do setor financeiro, o índice BM&F Bovespa Financeiro que teve alta de 3,50%.
- A Braskem subiu 1,2%, após a Petrobras informar, sem dar maiores detalhes, que avançaram as negociações para a compra da empresa.
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Política:

Mostrando mais uma vez que não tem ''cacife'' para ocupar o cargo que ocupa, Edison Lobão, ministro de Minas e Energia, que aliás é ''afilhado'' de Sarney, afirmou, ao comentar os atrasos das usinas hidrelétricas em construção, que o Brasil não pode ficar "refém dos humores" dos ambientalistas.

Ainda acreditando que eleições são ganhas com promessas e inaugurações, e não com plano de governo, Serra e Dilma, os 2 principais pré-candidatos ao Planalto, têm a agenda tomada por inaugurações em 2010, serão 203 obras para a petista e 33 obras para o tucano.

Desta vez recebendo elogios daqueles classificados por Bush como ''o lado negro da força'', o canal árabe de TV Al Jazira classificou Lula como o "porta-voz do Terceiro Mundo", ''apostando'' que, dada à sua "extraordinária popularidade", é muito provável que ele volte a se candidatar em 2014 e seja reeleito.
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Crítica:

Impondo um ''grande avanço'' para o mercado financeiro brasileiro, que infelizmente será difícil de cumprir e mais ainda complicado de fiscalizar, a partir de JAN/10 os bancos brasileiros passam a adotar uma série de regras para impedir que sejam oferecidos aos seus "incautos clientes'' produtos que não sejam adequados ao seu ''perfil de risco'', que por sua vez será traçado por um ''simples'' questionário eletrônico com perguntas como idade, valor da aplicação, o quanto ela representa em sua renda anual, quando vai resgatar o dinheiro, o que pretende fazer com ele e o que faria se perdesse uma boa parte desse capital.
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PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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