R.B. 28/JAN/10 ''Míope e conservador''

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R.B.

"Míope e conservador"

São Paulo, 28 de janeiro de 2010 (QUINTA-FEIRA).
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Mercados:

HOJE
- A BOVESPA deve subir, em um movimento de ''caça de barganhas'' após 5 pregões consecutivos de queda, nos quais recuou -6,9%, e ''aliviada'' pela manutenção da Selic em 8,75% na primeira reunião do Copom em 2010.
- O DÓLAR deve cair, também em um ''ajuste técnico'' após avançar por 7 pregões consecutivos, seguindo a provável melhora do ''humor'' na Bovespa e a também influenciado pelo anuncio que, com a Selic em 8,75%, a taxa real de juros da economia brasileira (4,0%) é a maior do Planeta.

ONTEM
- BOVESPA -0,7%, já abriu em queda e, com bom volume de negócios (R$ 6,3bi), na mínima recuou -1,2% e manteve-se em baixa ao longo de todo pregão, ignorando os momentos de recuperação das bolsas de NY, diante da continuidade do movimento de realização de lucros, principalmente por parte dos ''investidores'' externos, e da queda das commodities
- DÓLAR 1,2% à R$ 1,86, já abriu em alta e, seguindo o ''humor negativo'' na Bovespa, manteve a trajetória ascendente ao longo de todo pregão, para fechar no maior patamar desde 3/SET/09, também pressionado pela elevação do risco-Brasil (1,0%) e, ''por incrível que não deveria parecer em um mundo globalizado'', pelos problemas fiscais enfrentados pela Grécia.
- Na ÁSIA, seguindo as perdas das bolsas de NY no dia anterior, JAPÃO 0,7%, influenciada pela alta persistente da moeda local (o iene), que atingiu o maior patamar frente ao dólar em 9 vezes e prejudicou novamente o desempenho das ações das exportadoras, como Toyota (-4,3%) e Sony (-2,2%), CHINA -1,1%, na mínima em 3 meses, diante da manutenção do ''temor'' de que o governo local venha a adotar novas medidas de restrição ao crédito e CORÉIA -0,7%, o quarto dia consecutivo de queda, desta vez com destaque negativo para a LG Electronics (-1,9%), que divulgou um lucro menor do que o esperado pelo mercado.
- Na EUROPA, devolvendo, ''com juros'', os ganhos do pregão anterior, INGLATERRA -1,1%, FRANÇA %-1,2 e ALEMANHA -0,4%, pressionadas pela continuada preocupação com relação as perspectivas de crédito para a Grécia e Portugal e com destaques de queda para ações de empresas do setor bancário, como BBVA (-6,3%) e Santander (-5,1%).
- Nos EUA, revertendo uma abertura negativa, S&P 0,5%, DJ 0,4% e NASDAQ 0,8%, em um movimento de ''caça de barganhas'' após as queda recentes e após o Fed (''Copom'' local) confirmar a manutenção da taxa básica de juros local entre 0 e 0,25% ao ano e, em seu comunicado, indicar que um ''inevitável'' ciclo de aumento não ocorrerá tão cedo.
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Economia:

De forma unânime, o que ''pela tradição'' indica que não devem ocorrer mudanças na próxima reunião, o Copom decidiu, apos 2 dias de muitos cafezinhos, que, assim como nas 3 reuniões anteriores, a taxa Selic continuará em 8,75% ao ano, ressaltando que vai continuar a acompanhar a evolução do cenário macroeconômico, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.

Classificando o BC brasileiro como ''míope e conservador'', a Força Sindical e a Fecomercio reclamaram veementemente da manutenção da Selic em 8,75%, ressaltando que (1) o Copom insiste em impor um forte obstáculo ao desenvolvimento, (2) a autoridade monetária facilita a especulação, (3) apesar de a economia mostrar sinais claros de recuperação, não há nenhum indício de excesso de demanda ou estrangulamento na capacidade de oferta e (4) o país precisa manter o compromisso com desenvolvimento, emprego e geração de renda, com a redução dos gastos públicos e com taxas mais ''ousadas'' dos juros.

Dando novos sinais positivos da economia brasileira, (1) em 2009 o volume de financiamentos imobiliários contratados na Caixa Econômica Federal atingiu o recorde de R$ 47,05bi, patamar 102% maior que o visto no ano anterior, (2) segundo uma pesquisa da PricewaterhouseCoopers, os empresários brasileiros ou atuando no Brasil são os mais otimistas do mundo quanto à criação de novos empregos nos próximos 12 meses e (3) diante do aumento de suas vendas, a Usiminas religou seu último alto-forno parado, retomando totalmente sua capacidade produtiva cerca de 1 ano depois de cortar a produção para lidar com a drástica queda de demanda por aço provocada pela crise financeira internacional.

Indicando que Brasil, Rússia, Índia e China estão no centro da economia mundial, apenas nas 3 primeiras semanas de 2010 as ofertas primárias de ações nos países do Bric atingiram um volume de US$ 6,7bi, o que representa 76% da atividade global deste segmento e um recorde histórico para o mês.

Dando mais um sinal de aumento da inflação, o IPC da terceira quadrissemana de JAN/10 ficou em 1,16%, resultado acima das expectativas de (0,90%) e também superior ao auferido no mesmo período de DEZ/09 (0,85%).

- O Bradesco caiu -2,2% e, após o fechamento do pregão, anunciou que no quarto trimestre de 2009 seu lucro líquido foi de R$ 2,2bi, resultado 35,9% maior que no mesmo período de 2008.
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Política:

Antes de ''tentar'' ir à Davos, o que não foi possível devido à uma inesperada crise de hipertensão, Lula foi à 10ª edição do Fórum Social Mundial aonde, ''jogando para a platéia'', afirmou que o evento na estação de esqui da Suíça perdeu seu "glamour" especialmente depois da crise econômica global, ressaltando que por este motivo o sistema financeiro não pode desfilar como modelo de gerenciamento.

Com muita moral dentro do seu partido, mas sem muitos votos entre os eleitores, o que aliás parece ser ''normal na política nacional'', Michel Temer será facilmente reeleito presidente do PMDB na convenção nacional do partido antecipada para o dia 6/FEV/10 e fará de tudo para ser o vice de Dilma na disputa pela Presidência da República.

Já a partir da próxima semana, quando reinicia os trabalhos legislativos, o Congresso será pressionado pelo governo para votar, e obviamente aprovar, os projetos de exploração do petróleo do pré-sal na Câmara e, em seguida, no Senado.

Encrencando agora a vida de um ''tucano emplumado'', segundo gravações inéditas em poder do Supremo Tribunal Federal, Marconi Perillo, do PSDB de GO e atualmente ocupa o posto de vice-presidente do Senado, montou esquema de compra de apoio político para garantir sua eleição, em 2006.
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Crítica:

Também ''jogando para a torcida'', em Davos, enquanto representantes de grandes bancos defendem menos regulação, dizendo que o cerco ao mercado vai reduzir emprego e gerar outras crises no futuro, os governantes culpam os banqueiros pela maior crise financeira desde 1929, acusando-os de “comportamentos indecentes” e “lucros excessivos” e ressaltando que, para salvar o capitalismo, ele precisa ser refundado.
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PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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