R.B. 9/JUN/09 ''Um novo equilíbrio do poder"

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R.B.

"Um novo equilíbrio do poder"

São Paulo, 9 de junho de 2009 (TERÇA-FEIRA).
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Mercados:

HOJE
- A BOVESPA pode subir já que, diante da divulgação da esperada retração do PIB brasileiro no primeiro trimestre deste ano, crescerão as ''apostas'' e também a pressão para que o Copom corte, na reunião que começa hoje, a taxa básica de juros para até 9,25%.
- O DÓLAR deve cair, com ''boas chances'' de fechar o mês próximo dos R$ 2,00, ainda influenciado pelo crescente fluxo positivo de recursos externos destinados principalmente à operações nas quais os investidores captam recursos a custo menor nos EUA e na Europa e aplicam no Brasil para aproveitar a diferença entre os juros das economias desenvolvidas (próximo de zero) e brasileira (ainda na casa dos dois dígitos).

ONTEM
- BOVESPA 0,5%, abriu em queda, para na mínima recuar -1,6%, porem, com baixo volume de negócios (R$ 3,8bi), passou a subir na ultima hora do pregão, apesar das expectativas antes da divulgação do PIB do primeiro trimestre e da reunião do Copom.
- DÓLAR -0,4% à R$ 1,96 já abriu em alta e, pressionado pelos leilões de compra do BC e seguindo a instabilidade das bolsas mundiais, manteve a trajetória positiva ao longo de todo pregão, apesar da nova queda do risco-Brasil (-2,6%).
- Na ÁSIA, sem uma tendência única e com baixo volume de negócios diante da expectativa para a divulgação de dados econômicos importantes, JAPÃO 1,0%, liderada pelos setores financeiro, automotivo e de tecnologia, CHINA 0,5%, sustentada pelas ''apostas'' de recuperação no mercado imobiliário, após a China Vanke (4,7%) anunciar vendas em acima das expectativas em MAI/09 e CORÉIA -0,1%, já que os ganhos iniciais foram anulados pela realização de lucros em indústrias pesadas.
- Na EUROPA, seguindo a abertura negativa das bolsas de NY, INGLATERRA -0,7%, FRANÇA -1,5% e ALEMANHA -1,4%, pressionadas principalmente pelo declínio das ações de bancos, como Allied Irish Banks (-6,2%), Bank of Ireland (-5,9%), Santander (-1,6%) e Crédit Agricole (-2,0%), após a agência de classificação de risco S&P rebaixar sua ''nota'' para a Irlanda por receios de que as medidas do país para fortalecer o sistema financeiro serão mais dispendiosas que o previsto.
- Nos EUA, sem uma direção definida, porem recuperando parte das perdas da abertura, S&P -0,1%, DJ 0,1% e NASDAQ -0,4%, já que o ''fôlego'' no final da sessão ocorreu devido ao bom desempenho do mercado petroleiro, que puxou ações de ''pesos pesados'' como ExxonMobil (0,3%) e Chevron (0,3%).
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Economia:

Corroborando com a opinião do governo brasileiro, Dominique Strauss-Kahn, diretor-geral do FMI, afirmou que ''um novo equilíbrio do poder" entre as nações surgirá assim que a economia mundial se recuperar da grave crise financeira que teve início em 2008, ressaltando também que um dos aspectos mais positivos da atual crise financeira foi "o incrível" nível de cooperações entre os países.

Confirmando o aumento do sentimento de que ''o pior já passou'', em MAI/09, diante da queda do dólar e da melhora gradual das condições da oferta de crédito às pessoas físicas, a procura dos consumidores por crédito subiu 2,5% na comparação com ABR/09, o que representou a terceira alta mensal consecutiva, desta vez liderada pelas camadas de rendimento mensal mais alto.

Dando um ''recadinho'' ao Copom, que hoje começa a decidir o tamanho do corte que fará na Selic, atualmente em 10,25%, o IBGE informou que o nível de emprego na industria caiu -0,7% em ABR/09, na comparação com MAR/09, o que representa o sétimo recuo consecutivo desse indicador.

Incentivando a economia e influenciando no controle da inflação, o que pode fazer o Copom reduzir ainda mais a Selic, ontem, após o fechamento do pregão, a Petrobras anunciou a redução do preço, nas refinarias, da gasolina, em -4,5%, e do diesel, em -15,0%.

Podendo melhorar ainda mais o superávit da balança comercial brasileira, ontem, durante a reunião do Grupo dos exportadores agrícolas para discutir a situação das negociações do comércio mundial, Pascal Lamy, diretor geral da OMC, ''garantiu'' que a rodada de Doha deve ser concluída no próximo ano.

Apresentando o melhor resultado desde a segunda semana de SET/08, na primeira semana de JUN/09 a balança comercial brasileira acumulou um superávit de US$ 1,2bi, com isto seu saldo positivo do ano subiu para US$ 10,6bi, valor 18,1% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Indicando que a inflação está ''110% controlada'', o IPC da primeira quadrissemana de JUN/09 apontou inflação de 0,23%, valor abaixo do índice fechado de MAI/09 (0,33%) e aquém das ''apostas do mercado'' (0,30%).

- O Pão de Açúcar caiu -2,0%, após anunciar que comprou a rede Ponto Frio por R$ 824,5mi, reassumindo com isto a liderança do varejo brasileiro.
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Política:

Apesar de ''garantir'' que só pensará nas eleições presidenciais em 2010, Serra, trabalhando para ter palanques no Nordeste, patrocinou ontem a reedição da aliança entre tucanos e democratas na Bahia, o que não ocorria desde 1998, confirmando, diretamente do seu gabinete em SP, que o ex-governador Paulo Souto (DEM) será o candidato da aliança no Estado.

Ansioso para começar a CPI da Petrobrás, o PSDB ''avisou'' que hoje vai obstruir as votações no plenário do Congresso Nacional em represália à decisão da base aliada governista de tentar retirar o senador Arthur Virgílio da relatoria da CPI das ONGs.

Acreditando piamente que sua ''turma'' voltará ao poder nas próximas eleições, FHC afirmou que Lula está "jogando" para a próxima gestão, a partir de 2011, as conseqüências negativas do aumento dos gastos correntes do governo, ressaltando que seu ''temor'' é que, a médio prazo, esse desequilíbrio financeiro do governo se transforme em inflação, aumento nos juros ou mesmo em mais impostos.

Preparando-se para ir à Comissão de Segurança Pública da Câmara para explicar sua participação na ''marcha da maconha'', realizada no início de MAI/09 no RJ, ministro Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, afirmou que é favorável à descriminalização da maconha para o uso pessoal no país, defendendo mudanças na legislação brasileira para que não haja punições aos usuários e ressaltando que sua opinião é muito parecida com a posição de FHC, do governador Sérgio Cabral e de 8 ministros de Estado.
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Crítica:

Confirmando a ignorância dos líderes e governantes mundiais, em 2008, ano que marcou o inicio da atual crise financeira, os gastos militares globais superaram os US$ 1,4tri, batendo mais um recorde histórico e acumulando um aumento de 4% em relação a 2007 e 45% em relação a 1999.
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PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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