"Modelo brasileiro"
São Paulo, 17 de junho de 2009 (QUARTA-FEIRA).
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Mercados:
HOJE
- A BOVESPA pode subir, tentando uma recuperação após 2 pregões consecutivos de queda, nos quais recuou cerca de 4,5%, influenciada pelas boas perspectivas para a economia brasileira e seguindo a provável valorização das commodities e a esperada melhora do ''humor'' nas bolsas mundiais.
- O DÓLAR deve cair, retomando sua ''trajetória natural'' após avançar cerca de 2,5% nos 2 últimos pregões, diante da manutenção do fluxo positivo de recursos externos oriundos de exportações, captações e ''investimentos''.
ONTEM
- BOVESPA -1,6%, abriu em alta, para na máxima avançar 0,8%, porem passou a cair ainda na parte da manhã, acompanhando o movimento descendente das demais bolsas mundiais, desta vez com baixo volume de negócios (R$ 4,3bi), ainda realizando lucros recentes.
- DÓLAR 0,7% à R$ 1,96, abriu em queda, para na mínima atingir R$ 1,93, porem, acompanhando a piora do ''humor'' na Bovespa, passou a subir na parte da tarde, influenciado pelos leilões de compra do BC e pela forte elevação do risco-Brasil (4,8%).
- Na ÁSIA, seguindo as perdas de NY no dia anterior e pressionadas pela queda nos preços das commodities, JAPÃO -2,9%, o pior resultado desde 30/MAR/09, já que a valorização da moeda loca (o iene) prejudicou o desempenho das exportadoras, como Nissan (-6,0%) e Konica (-6,6%), CHINA -0,5%, influenciada negativamente pelos declínios nos papéis do setor imobiliário, diante das preocupações com a redução de venda de imóveis e CORÉIA -0,9%, novamente com destaque de queda para as ações da siderúrgica Posco (-2,5%).
- Na EUROPA, sem uma tendência única, INGLATERRA 0,1%, FRANÇA -0,2% e ALEMANHA 0,1%, divididas entre os indicadores econômicos mistos nos EUA, receios com o setor financeiro e o bom desempenho dos papéis de empresas do setor de telecomunicação.
- Nos EUA, revertendo uma abertura positiva, S&P -1,3%, DJ -1,2% e NASDAQ -1,1%, diante da divulgação (1) da queda de -13,8% da produção industrial em MAI/09 na comparação com MAI/08 e (2) da redução da taxa de utilização da capacidade instalada da indústria de 69% em ABR/09 para 68,3% em MAI/09.
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Economia:
Com o governo, através da redução de impostos, fazendo o que pode para impedir que o PIB de 2009 feche negativo, em MAI/09 a arrecadação federal caiu -6,06% na comparação com MAI/08, o que representa o sétimo mês consecutivo de queda nesta base de comparação.
Mostrando união, os líderes dos "Brics" pediram, após a primeira reunião de cúpula formal dessas potências emergentes, que o mundo adote uma maior diversificação do sistema de divisas mundial, investindo uma parte de suas reservas não somente em bônus do Tesouro americanos e europeus, mas também, por exemplo, em instrumentos financeiros emitidos pelos sócios do Bric.
Como em MAI/09 o Índice de Confiança da Indústria teve o quinto mês seguido de alta e a Sondagem de Investimentos apontou uma expansão média prevista de 7,8% na comparação com MAI/08, Aloísio Campelo Junior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV, ''aposta'' que, já no quarto trimestre de 2009, o volume de investimento no Brasil deve voltar a ter níveis ao menos semelhantes em relação ao ano anterior.
Confirmando a necessidade, e quiçá a urgência, de mudanças no calculo do rendimento da poupança, diante das recentes reduções da Selic, que diminuíram a atratividade e principalmente a rentabilidade dos fundos de renda fixa, o volume liquido de recursos investidos na caderneta de poupança apenas nos 7 primeiros dias de JUN/09 ficou em R$ 2,0bi, resultado maior que toda a captação líquida de MAI/09, que aliás já havia sido o melhor mês do ano para a caderneta.
Explicando porque a Bovespa perdeu ''força'' nos últimos pregões, o fluxo dos investimentos estrangeiros na bolsa brasileira, que apresentou recordes históricos de entrada nos últimos meses, ficou negativo em R$ -278 milhões nos 10 primeiros dias de JUN/09.
Indicando que a inflação está controlada e que, diante da desaceleração da economia, o Copom pode,e deve, seguir cortando a Selic, o IPC da segunda quadrissemana de JUN/09 ficou em 0,19%, resultado abaixo do anterior (0,23%) e menor do que as ''apostas do mercado'' (0,21%).
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Política:
Pego com a ''boca na botija'', Sarney, que ao que tudo indica tinha, ou ainda tem, o costume de ''presentear'' parentes e amigos com empregos públicos, quer jogar porcaria no ventilador e, apelando para o corporativismo político, afirmou na tribuna do Senado que a crise não e dele, e sim da Casa, ressaltando que sua vida publica sempre foi ilibada.
Mostrando que ''a brincadeira era séria'', as lideranças nacionais do PT, para o desespero de Serra, irão debater na próxima segunda-feira a possibilidade de lançar Ciro Gomes como cabeça de chapa do partido nas eleições para governador de SP em 2010.
Visivelmente incomodados e tentando mostrar indignação com a crise que atinge o Senado, vários parlamentares já acreditam que só uma reforma profunda na estrutura administrativa deverá cessar a onda de denúncias que assolam a Casa.
Como querem começar logo a CPI da Petrobrás, o PSDB e o DEM já admitiram reservadamente devolver aos governistas a relatoria da CPI das ONGs, o que deveria por fim à alegação da base aliada para não iniciar a investigação sobre irregularidades na estatal.
Engrossando, ao lado de FHC, a lista dos ''pro-maconha'', Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, comparou o efeito da maconha ao do cigarro e do álcool ao defender a legalização da droga em audiência na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara.
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Crítica:
Confirmando que o ''modelo brasileiro'' deve, ou deveria, servir de base para a refundação do sistema financeiro mundial, ontem (1) Obama, presidente dos EUA, anunciou que o controle dos grandes bancos será feito uma única agência reguladora, que terá poderes como a CVM brasileira e (2) segundo uma reportagem do diário britânico Financial Times, o fraudulento esquema montado pelo picareta norte-americano Madoff jamais teria ocorrido no Brasil, já que as autoridades brasileiras mantêm um sistema regulador que prevê que os investidores prestem contas de todos os investimentos de seus clientes, alem de exigir uma proporção de capital em relação aos ativos de pelo menos 11%.
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PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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