R.B. 16/JUN/09 ''Língua afiada''

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R.B.

"Língua afiada"

São Paulo, 16 de junho de 2009 (TERÇA-FEIRA).
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Mercados:

HOJE
- A BOVESPA pode subir, recuperando uma boa parte das perdas acumuladas no pregão anterior, seguindo a provável valorização dos demais mercados internacionais e influenciada pelas boas perspectivas para a reunião dos líderes do países que formam o grupo BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China).
- O DÓLAR deve cair, retomando sua ''trajetória natural'' após a valorização apresentada no pregão anterior, acompanhando a provável melhora do ''humor mundial'' e influenciado pelo ainda atraente patamar da taxa real de juros da economia brasileira (4,9%).

ONTEM
- BOVESPA -2,8%, já abriu em queda e, acompanhando a trajetória descendente das demais bolsas mundiais, manteve-se em baixa ao longo de todo pregão, para na mínima recuar -4,2%, também influenciada pelo recuo dos preços das commodities.
- DÓLAR 1,5% à R$ 1,95, já abriu em alta e, seguindo o ''humor negativo'' das bolsas mundiais, manteve a trajetória positiva ao longo de todo pregão, também influenciado pela elevação do risco-Brasil (2,6%) e pelos leilões de compra do BC.
- Na ÁSIA, sem uma tendência única, JAPÃO -1,0%, já que declínio das cotações dos metais básicos e dos contratos futuros de petróleo levou a uma realização de lucros em ações do setor de commodities, como Inpex (-1,9%) e Sumitomo Metal Mining (-4,6%), CHINA 1,7%, sustentada pela demanda por papéis dos setores bancário, alimentício e varejista e CORÉIA -1,1%, prejudicada pelo aumento das tensões com a Coréia do Norte, que ao longo do fim de semana fez novas ameaças nucleares.
- Na EUROPA, desanimadas pelo anuncio e que a economia europeia registrou uma perda histórica de -1,220 milhão de empregos no primeiro trimestre deste ano, INGLATERRA -2,6%, FRANÇA -3,2% e ALEMANHA -3,5%, com destaques de queda para ações de mineradoras e de empresas do segmento petrolífero, como Rio Tinto (-6,9%), Vedanta (-7,2%) e Lonmin (-9,8%).
- Nos EUA, prejudicadas pelo fortalecimento do dólar no mercado internacional, que empurrou os preços das commodities para baixo, S&P -2,4%, DJ -2,1% e NASDAQ -2,3%, também influenciadas negativamente pelo anuncio de que o índice Empire State de atividade manufatureira elaborado pelo Fed de Nova York ficou em -9,4pts, contra -4,6pts em MAI/09.
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Economia:

Ressaltando que os EUA e a Europa passarão de 1 a até 3 anos com suas economias fracas, Mantega, ministro da Fazenda, afirmou que os países do chamado grupo dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) têm de "assumir o protagonismo" da cena econômica mundial, tendo mais influencia no FMI e valorizando o G20.

''Animada e determinada'', Dilma, ministra chefe da Casa Civil, afirmou que, diante do aumento dos investimentos em infraestrutura, o Brasil começou o processo de saída da crise econômica, ressaltando que atualmente a economia brasileira já pode reduzir seus juros e distribuir renda sem comprometer sua estabilidade.

Diante da recente redução da Selic, que já está no menor patamar da história (9,25%), e dos sinais de recuperação da economia interna, o ''mercado'' reduziu, de -0,71% para -0,55%, suas ''apostas'' para a retração do PIB brasileiro em 2009.

Ocupando, aos poucos, ''seu lugar de direito'' no cenário financeiro mundial, a BM&FBovespa, beneficiada pelo fato de ter sua própria clearing, já aparece em quarto lugar no ranking mundial das bolsas de valores pelo critério de capitalização de mercado, ficando atrás apenas das bolsas de NY, China e Alemanha.

Dando novos sinais de recuperação da economia interna, (1) em ABR/09 o volume de crédito liberado para financiamento de veículos cresceu 18,4% na comparação com ABR/08 puxado, principalmente, pela modalidade leasing e (2) segundo projeções da FGV, a produção industrial no Estado de SP deve apresentar expansão de 3,8% em MAI/09 na comparação com ABR/09.

Com o objetivo de estimular os investimentos no setor produtivo da economia, o Banco do Brasil, também ''estimulado'' pela recente redução da Selic, anunciou a ampliação do crédito para micro e pequenas empresas em R$ 11,6bi e a redução das taxas de juros para operações com recebíveis (desconto de cheques e duplicatas) e capital de giro.

Apesar das recentes quedas do dólar, nas 2 primeiras semanas de JUN/09 a balança comercial brasileira acumulou um superávit de US$ 1,9bi, já que na comparação o mesmo período de MAI/09 as exportações apresentam alta de 12% e as importações caíram -2,5%.
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Política:

Apesar dos próprios senadores estarem cientes de que a população não acreditará em nenhuma investigação conduzida por eles, Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, afirmou, convencendo só quem acredita em Papai Noel, que a Polícia Federal não precisará investigar os ''nobres parlamentares'' suspeitos de nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários de servidores por meio dos chamados atos secretos.

Carlos Minc, o ministro do Meio Ambiente que hoje irá à Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para explicar a participação na Marca da Maconha, anunciou ontem que vai lançar até o final do mês um programa para agilizar a concessão de licenças ambientais no país.

Hoje os líderes partidários da Câmara retomam as discussões da minirreforma eleitoral, cujo texto deve ser fatiado para viabilizar a aprovação dos pontos consensuais da matéria, como a liberação do uso da internet nas campanhas eleitorais, até SET/09, permitindo que as mudanças entrem em vigor nas eleições de 2010 e jogando questões polêmicas, como a fidelidade partidária e o financiamento de campanha, para serem discutidos e votados em outra ocasião.
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Crítica:

Com sua ''língua afiada'', Lula, durante sua visita à Suiça, foi aplaudido de pé e com entusiasmo na ONU ao (1) fazer uma critica pesada à direita européia, afirmando que não são os imigrantes e os pobres do mundo os responsáveis pela atual crise econômica, (2) criticar duramente o modelo econômico pregado pelo neoliberalismo e defender um Estado forte capaz de investir e amparar os cidadãos e (3) lembrar a recente aprovação no Congresso brasileiro de um projeto de anistia a imigrantes proposto do Executivo.
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PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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