R.B. 22/JAN/09 "O lado mais injusto do capitalismo"

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R.B.
"O lado mais injusto do capitalismo"

São Paulo, 22 de janeiro de 2009 (QUINTA-FEIRA).
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Mercados:

HOJE
- A BOVESPA deve subir, ''animada'' com a redução de -1,0% da taxa de juros que, alem de incentivar os investimentos no setor produtivo da economia, mostra que a autoridade monetária fará o que estiver ao seu alcance para, mantendo sua premissa de controlar a inflação, estimular o crescimento econômico.
- O DÓLAR pode seguir em queda, acompanhando a provável melhora substancial do ''humor'' na Bovespa, já que, apesar do corte da Selic reduzir a taxa real de juros da economia brasileira, as expectativas de crescimento sustentável devem continuar atraindo ''investidores'' externos.

ONTEM
- BOVESPA 3,4%, já abriu em alta e, acompanhando a recuperação das bolsas de NY, manteve a trajetória ascendente ao longo de todo pregão, para fechar na máxima do dia, também influenciada pelo aumentos das ''apostas'', confirmadas após o fechamento, de corte de -1% da Selic.
- DÓLAR -0,8% à R$ 2,35, já abriu em queda e, acompanhando a melhora do ''humor'' nas bolsas mundiais, manteve a trajetória descendente ao longo de ''quase'' todo pregão, também influenciado pelos leilões de venda do BC e pelo recuo do risco-Brasil (-3,1%).
- Na ÁSIA, seguindo as perdas das bolsas mundiais no dia anterior, JAPÃO -2,0%, abaixo dos 8.000pts pela primeira vez desde o início de DEZ/08, novamente pressionada pelas perdas entre as ações de empresas do setor financeiro, como Mitsubishi UFJ (-3,8%) e Sumitomo Mitsui (-5,4%), CHINA -0,5%, prejudicadas pela queda nas ações de produtores de metais, por conta da desvalorização dos preços globais das commodities, e de fabricantes de utensílios domésticos e varejistas, em virtude de sinais de leve redução na demanda dos consumidores e CORÉIA -2,1%, também pressionada pelas ações dos bancos, diante do temor de que os custos de provisão das instituições aumentem fortemente com o programa de reestruturação de empresas liderado pelo governo.
- Na EUROPA, prejudicadas, apesar da recuperação das bolsas de NY, pela divulgação de que a economia alemã deve sofrer uma contração de -2,25% em 2009, INGLATERRA -0,8%, FRANÇA -0,7% e ALEMANHA -0,5%, com destaques de queda para papéis de companhias petrolíferas e do setor farmacêutico, como Royal Dutch Shell (-3,2%) e GlaxoSmithKline (-4,4%).
- Nos EUA, revertendo uma abertura negativa, S&P 4,3%, DJ 3,5% e NASDAQ 4,6%, em uma sessão marcada pelo bom desempenho das ações de bancos, após a divulgação de balanços mostrando que as empresas do setor estão bem capitalizadas, e impulsionada pela IBM, que ''surpreendentemente'' registrou um crescimento de 12% em seu lucro no quarto trimestre.
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Economia:

Ainda mantendo a taxa de real de juros do Brasil como a maior do planeta, porem surpreendendo, pela primeira vez positivamente, o mercado financeiro e também o setor produtivo, o Copom, com o objetivo de estimular a economia e ciente de que a inflação está ''110% controlada'', decidiu, por 5 votos a 3, cortar a Selic em -1,0%, de 13,75% para 12,75%, o que, alem de ser a primeira redução desde SET/07, foi o maior corte desde DEZ/03.

Na mensagem que enviou à Obama para felicita-lo pela posse, Lula, após afirmar que o Brasil e os EUA são sociedades multiétnicas, democráticas e de grande diversidade cultural, ressaltou ao novo presidente norte-americano que os impactos da crise financeira mundial não podem prejudicar os países em desenvolvimento.

Mostrando que, ao menos na inadimplência, os impactos da crise financeira mundial no Brasil foram bem menores do que o esperado, ao longo de todo ano de 2008 o número de cheques devolvidos por falta de fundos foi apenas 1,5% maior do que em 2007.

Confirmando a competência do atual governo na administração das contas publicas, em 2008 a Previdência Social acumulou um déficit de R$ -36,2bi, valor -19,3% menor do que o apurado em 2007 e que também é a maior queda desde 1995 e o menor déficit desde 2004.

Como fruto da escassez de crédito e da falta de apetite por operações de longo prazo, que teve seu pior momento no final do ano passado, ao longo de 2008 as operações de emissões de dívida e de ações tiverem um volume -30,7% menor do que em 2007.

Dando mais um sinal de que a inflação está controlada, a segunda estimativa do IGP-M de JAN/09, também influenciado pela redução do consumo, apontou deflação de -0,58%, resultado melhor do que o esperado pelo ''mercado'' (-0,50%).

- A Petrobrás subiu 5,2%, acompanhando a alta do petróleo (6,6%).
- A Vale subiu 2,6%, porem, após o fechamento do pregão, anunciou que sua produção de minério de ferro caiu -21% no quarto trimestre de 2008 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
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Política:

Como que dando continuidade ao seu projeto de ficar cada dia mais parecido com o PT do governo FHC, os ''nobres'' deputados do PSDB, que aliás entregaram em 2002 para Lula uma Selic acima de 40%, reclamaram que o BC não colocou viés de baixa na taxa de juros, ressaltando que isto pode dar a impressão de a autoridade monetária não está firme em sua decisão.

Mostrando uma confiança cada dia maior, Sergio Guerra, presidente do PSDB, ''garantiu'' que, disputando as eleições com Serra ou com Aécio, seu partido voltará a presidência da republica em 2011.

Interessados na adesão do PMDB à candidatura de Serra ao Palácio do Planalto, o alto tucanato e o comando do DEM se mobilizam para fechar o apoio dos dois partidos à eleição do peemedebista Sarney para a presidência do Senado.
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Crítica:

Confirmando mais uma vez ''o lado mais injusto do capitalismo'', que é a privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos, o setor da indústria que mais demitiu nos 2 últimos meses de 2008, o de alimentos e bebidas, foi justamente o que recebeu mais recursos do BNDES entre JAN e NOV/08.
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PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho
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