R.B. 16/DEZ/08 "Dinheiro fácil"

São Paulo, 16 de dezembro de 2008 (TERÇA-FEIRA).

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Mercados:

HOJE
- A BOVESPA deve subir, retomando sua trajetória de alta desta vez ''animada'' com a provável redução da taxa de juros nos EUA, de 1% para 0,5% ao ano, que, diante dos sinais de controle da inflação e de desaceleração da economia brasileira, deve ''estimular'' o Copom brasileiro a reduzir a Selic por aqui logo no começo de 2009.
- O DÓLAR pode cair, devolvendo a alta acumulada no pregão anterior, seguindo a provável melhora do ''humor'' nas bolsas mundiais e o ainda constante fluxo positivo de recursos externos.

ONTEM
- BOVESPA -2,7%, abriu em alta, para na máxima avançar 0,8%, porem passou a cair na parte da tarde, sucumbindo ao ''humor negativo'' das bolsas mundiais, diante da divulgação de uma fraude financeira da ordem de bilhões de dólares nos EUA.
- DÓLAR 1,0% à R$ 2,39, abriu em queda, para na mínima recuar -0,8%, porem passou a subir ainda na parte da manhã, seguindo a piora do ''humor'' das bolsas mundiais e pressionado pela elevação do risco-Brasil (1,4%).
- Na ÁSIA, ''animadas'' pelo anuncio de que o governo dos EUA estuda a possibilidade de usar o pacote de US$ 700bi de socorro ao mercado financeiro para evitar um colapso das montadoras do país, JAPÃO 5,2%, com destaques de alta para as ações das montadoras Toyota (9,8%) e Honda (8,5%), CHINA 0,5%, após o governo local anunciar o Estado poderá comprar ações de empresas de recursos naturais e de energia e CORÉIA 4,9%, influenciada positivamente pela aprovação do orçamento do governo local para 2009 que, com o objetivo de estimular a economia, projeta uma expansão de 26% nos gastos de infra-estrutura social.
- Na EUROPA, pressionadas por receios sobre a exposição dos bancos ao esquema de pirâmide financeira de ''guru'' Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq, que pode ter provocado prejuízos de US$ -50bi, INGLATERRA -0,2%, FRANÇA -0,9% e ALEMANHA -0,2%, obviamente com destaques de queda para os bancos como BNP (-10,0%), HSBC (-1,2%), Crédit Agricole (-2,3%) e BBVA (-1,7%).
- Nos EUA, reagindo às revelações sobre a fraude bilionária do ''guru'' Bernard Madoff, S&P -1,3%, DJ -0,7% e NASDAQ -2,1%, também prejudicadas pelo anuncio de que a produção industrial do país recuou -0,6% em NOV/08 e pela divulgação de que o índice que mede a atividade industrial na região de Nova York registrou contração recorde em DEZ/08.

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Economia:

Indicando que não tem a intenção de estimular a economia via redução da taxa básica de juros, Meirelles, presidente do BC, afirmou que o Brasil não deve usar os "mesmos remédios" dos demais países contra a crise financeira internacional, ressaltando também que remédios têm efeito colaterais.

Confirmando, pela enésima vez, que a autoridade monetária brasileira ''na pratica'' é independente, Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, afirmou que não considera o BC como parte do governo, já que o órgão consegue manter uma política monetária separada da vontade do governo federal.

Apesar do setor prever dificuldades em 2009, já que a queda do petróleo pode desestimular o uso de fontes renováveis de energia, a safra de cana-de-açúcar cresceu 13,9% na comparação entre 2007 e 2008, com a produção recorde de 571,4 milhões de toneladas.

Mostrando que o brasileiro está ''com dinheiro no bolso'' e só precisa de um ''estimulo'' para gasta-lo, no primeiro final de semana após o anuncio da redução do IPI para a indústria automotiva a venda de carros novos cresceu 30%.

Esperando uma redução da taxa de juros para 13% no final do próximo ano, o que representaria um conte de ''apenas'' -0,75% ao longo de todo ano de 2009, segundo o boletim semanal Focus o ''mercado'' elevou sua previsão para o crescimento do PIB deste ano, de 5,24% para 5,59%, e também aumentou suas ''apostas'' para o dólar no final de 2008, de R$ 2,27 para R$ 2,30.

Causando uma derrota às pretensões brasileiras, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai não conseguiram concluir as negociações para eliminar a dupla cobrança da Tarifa Externa Comum, que é o imposto de importação em vigor nos países do Mercosul incidente sobre certos produtos de fora do bloco, o que provavelmente dificultará futuros acordos de comércio do Mercosul com outras regiões.

Apresentando um resultado muito positivo, na semana passada as exportações brasileiras, cada vez mais estimuladas pela alta do dólar, registraram um aumento de 19,7%, pela média diária, na comparação com a primeira semana do mês, principalmente diante do crescimento das vendas externas de produtos básicos (+37,8%), como petróleo, minério de ferro, soja em grão, milho em grão, fumo em folhas e minério de cobre.

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Política:

''Colhendo os frutos'' de uma política econômica e social cujo principal ''cliente'' é a população de baixa renda, o governo Lula alcançou, para ''desespero'' da oposição, a aprovação recorde de 73% da população brasileira.

Apesar das criticas da imprensa, os ''nobres parlamentares'' correm contra o tempo já que, às vésperas do início do recesso parlamentar, tentam votar e aprovar nesta semana a emenda à Constituição que aumenta em mais de 7 mil o número de vagas de vereadores no Brasil.

Promovendo mais uma ''fartura com dinheiro publico'', o Senado prepara um ''trem da alegria'' de Natal para os funcionários de carreira, já que já está na pauta da Mesa Diretora um ato que estende a gratificação de especialização a quem não se qualificou, já que pagará a partir de 2009 um adicional de até R$ 1,6 mil no salário de um servidor com cargo de chefia há mais de um ano, mas que não possui nem certificado de curso superior.

Beneficiando 3,7 mil milionários brasileiros, hoje a Câmara dos Deputados pode votar a proposta que tem o objetivo de efetivar na função, sem concurso público, responsáveis por 3.700 dos 13.418 cartórios de todo país.

Apesar de já ter sido cassado 2 vezes pela Justiça Eleitoral do Estado e 1 pelo Tribunal Superior Eleitoral, acusado de abuso de poder político e poder econômico na eleição de 2006, o governador tucano Cássio Cunha Lima, da Paraíba, agora manobra para que o TSE não julgue esta semana os recursos que ele impetrou para tentar salvar o mandato.

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Crítica:

A ganância e a soberba sempre foram as piores armadilhas e as maiores fraquezas dos homens, o caso do ''guru'' Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq, que provocou prejuízos de US$ -50bi, mostra como um grande banco, com departamentos abarrotados de bons analistas, pode, assim como um investidor ''comum'', cair no velho golpe do ''dinheiro fácil'' e da pirâmide financeira.

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PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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