R.B. 7/NOV/17 "Sem reunir apoio necessário"



"Sem reunir apoio necessário "

São Paulo, 7 de novembro de 2017 (QUINTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve cair, devolvendo os ganhos do pregão anterior, influenciada pelo anúncio de que o presidente Temer decidiu não fixar uma data para votação da reforma da Previdência e (2) o DÓLAR pode subir, acompanhando a esperada priora do “humor” na bolsa tupiniquim, seguindo a trajetória internacional da moeda norte-americana e influenciado pela redução dos juros reais do país após o corte da taxa básica pelo Copom.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 1,0%, já que, após um pregão com boa volatilidade, cresceu no final do dia a “aposta” de aprovação da reforma da Previdência após a confirmação de que o PMDB decidiu obrigar toda sua bancada de 60 deputados a votar a favor do tema e (2) o DÓLAR caiu -0,1% à R$ 3,23, influenciado pelo mesmo motivo que “animou” a bolsa tupiniquim, mesmo diante da expectativa, confirmada após o fechamento do pregão, de corte da taxa básica de juros brasileira para o menor patamar da história (7,0%).

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão -2,0% e China -0,4%, pressionadas pela fraqueza de ações de tecnologia e pela forte queda nos preços de metais básicos motivada por renovadas preocupações com a economia chinesa, (2) da EUROPA, Inglaterra -0,2%, França -0,2% e Alemanha -0,4%, prejudicadas pelos impasses nas negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia e pela baixa do petróleo e (3) dos EUA, sem uma tendência única, S&P -0,1% e DJ -0,2%, diante da possibilidade do governo federal sofrer com a paralisação parcial de suas atividades, caso não haja um acordo no Legislativo para elevar o teto de gastos, do anúncio de Trump do reconhecimento de Jerusalém como a capital de Israel, porem NASDAQ 0,2%, sustentada pela recuperação das ações do setor de tecnologia, como Adobe (3,6%) e Facebook (1,0%).

Ontem, após o fechamento do pregão, conforme esperado por mais de 95% do “mercado” o Copom, diante de um cenário de inflação controlada e de fraqueza da economia, anunciou um corte de -0,5% na taxa básica de juros brasileira, de 7,5% para 7,0% ao ano, o que representa o menor patamar da história e, ao menos em tese, estimula investimentos no setor produtivo da economia.

Ao afirmar, em seu comunicado, que uma nova redução da taxa básica de juros pode ser "adequada" caso o cenário econômico evolua conforme a expectativa do BC, o Copom fez indicou ao “mercado” que seus próximos passos dependem do cenário inflacionário e da reforma da Previdência.

Segundo um estudo feito pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade, com a taxa básica de juros a 7,0% ao ano apenas os fundos de renda fixa com taxa de administração abaixo de 1,0% ao ano, algo que é praticamente impossível encontrar nos bancões tupiniquins, conseguem superar o rendimento da poupança.

Confirmando que, mesmo ainda discretamente, “os gringos estão tirando as fichas do Brasil”, em NOV/17 o fluxo cambial ficou negativo em US$ -636mi, o que interrompeu a sequência de 2 meses consecutivos de fluxo positivo, principalmente por conta das remessas de lucros para o exterior das multinacionais que costumam ser realizadas em DEZ/17.

Se beneficiando de subsídios do governo e da falta de educação financeira da população brasileira, que não se importa em pagar caro por algo ruim, nos 11 primeiros meses deste ano a produção de veículos no Brasil cresceu 27,1% na comparação com o mesmo período de 2017, cuja base aliás é bem fraca.

Segundo Rodrigo Santos, presidente da gigante mundial de alimento Monsanto, safra 2017/18 será um período desafiador para a agricultura, tanto para produtores como para os segmentos fornecedores de insumos para o setor.

-    A DaVita subiu 14,0% na bolsa de NY, após o UnitedHealth Group anunciar que compraria o grupo médico por US$ 4,9bi.

Política:

Após mentir, e causar manipulações no mercado financeiro, dizendo que teria votos para aprovar a matéria, o presidente Temer, “sem reunir apoio necessário”, decidiu aguardar os próximos dias para avaliar se será possível votar na próxima semana as mudanças nas regras de aposentadoria.

Confirmando, como era de se esperar, porque as centrais sindicais cancelaram a greve que fariam na semana passada, Temer, em troca de votos para aprovação da reforma da previdência, garantiu que baixará portaria semana que vem para liberar o pagamento de cerca de R$ 500mi em verbas do imposto sindical que estavam retidas na União por falhas no preenchimento de dados obrigatórios para o pagamento.

Em mais uma ofensiva para tentar aprovar a reforma da Previdência, o presidente Temer vai aumentar em R$ 1,0bi o Fundo Eleitoral e estuda aprovar mais R$ 3bi em emendas de bancada em 2018.

A pedido do senador Randolfe Rodrigues, da rede do Amapá, a consultoria do Senado estimou em R$ 1,6bi por ano o gasto com o pagamento de auxílio-moradia ao Judiciário, Ministério Público e tribunais de Contas.

Apesar de ter apenas 1% das intenções de voto na última pesquisa divulgada, João Amoêdo, do partido no NOVO, foi o candidato à presidente que mais cresceu em número de seguidores no Facebook nesta semana.

Reforçando as “apostas” de quem acredita que a reforma da Previdência não será aprovada, Agripino Maia, presidente nacional do DEM, e Ciro Nogueira, presidente nacional do PP, colocaram em dúvida a possibilidade de se votar a referida matéria ainda neste ano e, como em 2018 tem eleições parlamentares, é muito difícil o tema avançar antes da próxima legislatura.

Como já era de se esperar, principalmente de um partido covarde que não consegue nem expulsar um bandido, ontem o PSDB decidiu que não vai decidir nada sobre a reforma da Previdência, liberando seus parlamentares a votar de acordo com a vontade de cada um.

Ajudando prefeitos incompetentes e na maioria das vezes corruptos a fecharem as contas de seus municípios, o governo Temer, em troca de votos à Favor da reforma da Previdência, aprovou no plenário do Senado uma proposta de emenda à Constituição que aumenta o repasse de recursos arrecadados pela União aos municípios em R$ 1,1bi, R$ 1,2bi, R$ 2,6bi e R$ 5,6bi, respectivamente, em 2018, 2019, 2020 e 2021.

Coberta de razão, a economista Elena Landau, que após 25 anos de militância deixou o PSDB, afirmou que sua saída foi motivada por divergências com a cúpula do partido, tanto em questões econômicas como éticas, ressaltando que se decepcionou muito com a divulgação, pelo Instituto Teôtonio Vilela, de um programa econômico "envelhecido".

Colocando mais um petista à caminho da cadeia, ontem, por unanimidade, a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça recebeu a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o governador de Minas, Fernando Pimentel, acusado de corrupção passiva.

Crítica:

Tomando “uma das atitudes mais idiotas da história para tentar prejudicar a concorrência”, Bradesco e Itaú, os 2 maiores bancos do Brasil que vendem livremente previdência para aposentado e capitalização como se fosse investimento, decidiram fechar as contas correntes de 2 das maiores corretoras brasileiras de bitcoin.

Provando mais uma vez o uso indevido do dinheiro do trabalhador, o governo Temer intercedeu pela Caixa Econômica Federal e conseguiu aprovar ontem na Câmara um projeto de lei que autoriza o uso de recursos do FGTS na capitalização do banco estatal, que é corrupto, ineficiente e obviamente deficitário.

Apesar de estar praticamente quebrado, os Correios, estatal corrupta e ineficiente que passa por um PDV e por profundos cortes de gastos, arrumou uma bela grana para patrocinar um evento do Lide, grupo do prefeito tucano Doria, de SP, que homenageará na próxima segunda-feira Henrique Meirelles, do PSD, “coincidentemente” o mesmo partido do presidente dos Correios, Guilherme Campos.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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