R.B. 8/NOV/17 "Para dizer que o presidente não disse o que todo mundo escutou ele dizer"



"Para dizer que o presidente não disse o que todo mundo escutou ele dizer"

São Paulo, 8 de novembro de 2017 (QUARTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, tentando recuperar uma parte das perdas acumuladas nos últimos 30 dias (-4,8%), influenciada pela divulgação de boas notícias corporativas e beneficiada pela valorização das commodities, porem deve-se ressaltar que o patamar é interessante para vendas, diante da crescente possibilidade de rebaixamento da “nota” do país e (2) o DÓLAR pode cair, acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana, a esperada melhora do “humor” na bolsa tupiniquim e o fluxo positivo de recursos externos.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -2,5%, para passar a acumular baixa exatamente deste patamar em NOV/17, prejudicada pelo recuo das commodities e com os investidores finalmente percebendo que é baixíssima a chance de aprovação da Reforma da Previdência e (2) o DÓLAR subiu 0,6% à R$ 3,28, recuperando parte das perdas do pregão anterior (-1,4%) e influenciado pelos “rumores”, cada dia maiores, de rebaixamento da “nota” do Brasil por conta da não aprovação das reformas.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 1,7% e China 0,7%, acompanhando o movimento ascendente das bolsas de NY no dia anterior e também beneficiadas pela valorização das commodities, (2) da EUROPA, Inglaterra -0,6%, França -0,5% e Alemanha -0,7%, realizando lucros recentes, diante da divulgação de resultados corporativos abaixo do esperado e do recuo das commodities e (3) dos EUA, próximas da estabilidade e sem uma tendência única, S&P -0,1%, DJ 0,1% e NASDAQ -0,3%, com as ações de bancos, como Goldman Sachs (-1,5%) e J.P. Morgan (-2,0%), prejudicadas pelo recuo dos juros dos títulos da dívida norte-americana e as ações de fabricantes de chips, como a Qualcomm (2,5%), beneficiadas pela especulação sobre possíveis fusões e aquisições.

Com Trump notoriamente mais enfraquecido do que seu colega chinês Xi Jinping, hoje acontece em Pequim o encontro dos referidos líderes de EUA e China, as duas maiores economias do mundo, e no “script” certamente estará, além da assinatura de vários acordos bilaterais, o programa nuclear da Coreia do Norte.

Como fruto da crise e da maior educação financeira do brasileiro, em OUT/17 a caderneta de poupança, que infelizmente continua sendo o investimento mais popular do país, registrou saída líquida de R$ -2,0bi, elevando o saldo negativo do ano para R$ -6,2bi.

Escancarando, pela enésima vez, a falta de infraestrutura do país, segundo um estudo feito pela Confederação Nacional dos Transportes a qualidade geral das rodovias brasileiras caiu em 2017, já que o percentual considerado regular, ruim ou péssimo subiu de 58,2% em 2016 para 61,8% neste ano.

Para ajudar, pela enésima vez, a construção civil, que mesmo com a Lava Jato segue sendo o setor “queridinho” do Estado tupiniquim, a Caixa Econômica Federal, corrupta, ineficiente e nociva ao desenvolvimento da economia, anunciou a liberação de R$ 8,7bi para destravar contratos de crédito imobiliário, principalmente do Minha Casa Minha Vida, até 30/NOV/17.

Já que na crise, “pirão pouco o meu primeiro”, o Brasil, pensando só nos seus problemas, rejeitou um esforço informal do governo da Arábia Saudita para participar do empenho da Opep, o nefasto cartel dos países exportadores de petróleo, para cortar a produção e reduzir o excesso de oferta global de petróleo, que tem pressionado os preços internacionais e prejudicado os grandes produtores da commodity.

O Brasil vive uma crise econômica, política e moral, com posição fiscal insustentável e escândalos de corrupção envolvendo a grande maioria dos políticos e alguns dos empresários mais importantes do país, porém, caso impulsione mudanças, a crise pode ser uma oportunidade para o país avançar.

Mostrando que finalmente o consumidor tupiniquim está aprendendo a consumir de forma consciente, apesar da conversa fiada governamental de que a crise está passando, uma pesquisa da Deloitte verificou que 57,3% dos brasileiros pretendem gastar menos no Natal deste ano do que em 2016 e 47,0% planejam usar os recursos do décimo terceiro salário para pagar dívidas.

Pesando no bolso da população mais carente, que já é a que mais sofre com a crise, desde a posse de Temer, quando a Petrobrás decidiu, com toda razão, mudar sua política de preços, o preço médio do botijão de gás subiu 66,1% nas refinarias do país.

-    A 21st Century Fox viu seus papéis avançarem 1,1% na bolsa de NY, após relatos de que a Walt Disney, cujas ações subiram 0,9%, estava negociando a compra de uma grande fatia da companhia de entretenimento.
-    A Priceline Group recuou -13,8% e a TripAdvisor despencou -23,6%, ambas na bolsa de NY, após as companhias de reservas online para viagens frustrarem os investidores com seus resultados.

Política:

Escalado por Temer “para dizer que o presidente não disse o que todo mundo escutou ele dizer”, Meirelles, ministro da Fazenda, “garantiu” que o governo não vai recuar na reforma da Previdência, ressaltando que ele apenas se reconheceu a dificuldade do processo.

Indicando que o governo Temer “está perdendo até os apoiadores mais baratos”, o economista Delfin Neto, filhote da ditadura e defensor dos governos Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma, afirmou em sua coluna da Folha de SP que o Brasil é um lugar ruim para se fazer negócios.

Sem perder nenhuma oportunidade para escancarar sua força frente ao Palácio do Planalto, o democrata Rodrigo Maia, presidente da Câmara, afirmou que a situação da base "é muito difícil" depois da votação que barrou a segunda denúncia contra Temer mas que, mesmo assim, o governo precisa se esforçar para que avance a Reforma da Previdência.

Colocando mais uma raposa para tomar conta do galinheiro, o peemedebista Luiz Fernando Pezão, que se não fosse governador do RJ, com fórum privilegiado, já estaria enjaulado como seu antecessor e comparsa Sergio Cabral, indicou para o Tribunal de Contas do Estado o deputado estadual Edson Albertassi, líder de seu governo na Assembleia Legislativa do Rio.

Escancarando às portas do seu partido, o PPS, Roberto Freire afirmou que a candidatura de Luciano Huck pode se tornar realidade, pois (1) os partidos todos estão em deterioração e está claro que os brasileiros não querem mais do mesmo e (2) o apresentador global tem boa formação e está cercado de pessoas capacitadas e com ética.

Votado à toque de caixa, ontem foi aprovado na Câmara um pacote de segurança que (1) obriga as operadoras de telefonia a instalar bloqueadores de celular em presídios e (2) acaba com o atenuante automático de pena para menores de 21 anos.

Acusado de ter recebido R$ 23mi do departamento de propinas da Odebrecht, o tucano Serra, que tinha o codinome Vizinho, teve a cara de pau de dizer, em um jantar com poucos amigos que tem, que a imprensa criminaliza fatos triviais e causa revolta na população contra políticos tradicionais e profissionais como ele.

Crítica:

Atuando em prol da censura, o que sempre deve ser repudiado, e à favor dos bancões, que vendem previdência para aposentado e título de capitalização como se fosse investimento, a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais decidiu, de forma autoritária, caçar por 30 dias o credenciamento de 3 analistas de polemica e inovadora Empiricus, que pode até ter sua qualidade questionável, mas que deve ter resguardado seu direto de dizer o que pensa e também da forma que quer, por mais idiota que seja.

Chegando a uma conclusão óbvia, segundo um relatório de conjuntura preparado pela Secretaria de Ações Estratégicas do governo federal, definir o interesse público como interesse de empresas distorce a estrutura de incentivos e leva as companhias a produzir bens inferiores e a tentar influenciar governos, "legal ou ilegalmente", para garantir crescimento sem investir em inovação.

Provando, também pela enésima vez, que para quem não tem escrúpulos o crime compensa muito no Brasil, a JBS aderiu ao programa de refinanciamento de débitos tributários da União, o chamado Refis, para regularizar débitos com valor nominal de aproximadamente R$ 4,2bi, gerando assim uma economia total de R$ 1,1bi para a empresa mais corrupta do país.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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