R.B. 31/AGO/17 "A fragilidade política do atual governo"



"A fragilidade política do atual governo"

São Paulo, 31 de agosto de 2017 (QUINTA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, ampliando a valorização acumulada no mês (7,5%) e no ano (17,7%), acompanhando a valorização das commodities e o movimento ascendente das principais bolsas mundiais, porém é importante ressaltar que o patamar é interessante para vendas, principalmente para quem “aposta” na piora do cenário político tupiniquim e (2) o DÓLAR pode cair, devolvendo uma parte da alta acumulada no mês (1,3%), seguindo a esperada melhora do “humor” na bolsa brasileira e influenciado pelo fluxo positivo de recursos externos.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -0,6%, desprezando a valorização das bolsas de NY, diante da queda das commodities, da redução das “apostas” de aprovação das reformas e do aumento possibilidade do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar nova denúncia contra o presidente Temer e (2) o DÓLAR caiu -0,2% à R$ 3,16, com pouca volatilidade, acompanhando a trajetória internacional da moeda norte-americana e influenciado pela aprovação do texto que cria a Taxa de Longo Prazo, que balizará os empréstimos do BNDES a partir de 2018.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, Japão 0,7% e China 0,2%, influenciadas pela redução dos temores iniciais causados pelo último teste de míssil da Coreia do Norte e seguindo o bom desempenho das bolsas de NY no dia anterior, (2) da EUROPA, levando o índice pan-europeu Stoxx 600 para o maior patamar em 6 meses, Inglaterra 0,4%, França 0,5% e Alemanha 0,5%, com as exportadoras beneficiadas pelo recuo forte do euro em relação ao dólar, diante da divulgação de dados positivos sobre a economia norte-americana e (3) dos EUA, S&P 0,5%, DJ 0,1% e NASDAQ 1,0%, impulsionadas por dados positivos da economia local como o crescimento de 3,0% do PIB no primeiro semestre e a criação de 237 mil empregos no setor privado em AGO/17.

Apresentando a primeira alta após 4 meses consecutivos de deflação, em AGO/17 o IGP-M, que é o índice de inflação usado principalmente para reajustar o valor dos aligueis, ficou em 0,10%, reduzindo com isto para -1,71% o valor negativo acumulando nos últimos 12 meses.

Podendo reduzir bastante o monopólio dos bancos nas operações de credito, estimulando a concorrência, modernizando o sistema financeiro e reduzindo assim as taxas de juros, o Banco Central brasileiro colocou em discussão uma consulta para que pessoas físicas emprestem até R$ 50 mil a tomadores de recursos por intermédio de plataformas eletrônicas, o que segundo cálculos preliminares pode aumentar em R$ 20bi o volume de empréstimos para pessoas físicas e jurídicas e dará para pessoas físicas alternativas rentáveis de investimento diante da queda da Selic.

Apresentando mais uma mazela da ideia estúpida do Brasil dar a uma estatal o monopólio do petróleo, ontem a Petrobras confirmou que um "inesperado aumento" na geração térmica teve impacto na oferta de combustível marítimo no país, o que tem gerado enormes transtornos para empresas de navegação de cabotagem, que dependem do combustível fornecido pela estatal.

Com a arrecadação fraca e gastos crescentes com a Previdência, o setor público registrou um déficit primário de R$ -16,1bi em JUL/17, acumulando com isto um saldo negativo de R$ -51,3bi no ano, o que em ambos os casos representam os piores resultados para esses períodos desde o início da série histórica, em 2001.

Coberta de razão, diante de questionamentos do Japão e da União Europeia, a Organização Mundial do Comercio deu prazo de 90 dias para o Brasil suspender 7 programas de apoio à indústria que foram considerados como subsídios ilegais, segundo decisão do painel que analisou os casos.

Após um 2016 sofrido, mas um 2017 com bons rendimentos, os produtores brasileiros de algodão se animam e projetam uma constante evolução da área a ser destinada a esse produto a partir de agora, que segundo planejamento deve dobrar nos próximos 5 anos.

Política:

Confirmando “a fragilidade política do atual governo”, ontem, com Temer já na China, a oposição, depois de mais de 11 horas de sessão, conseguiu imprimir uma derrota para a base aliada, já que o Congresso não concluiu a votação da meta fiscal para 2017 e 2018.

Fragilizado diante de acusações de corrupção, o presidente Temer, tentando manter uma agenda positiva, já está na China, onde participa de uma reunião de cúpula dos Brics, mas está “de olho” na nova denúncia contra ele que deve ser apresentada ao Supremo Tribunal Federal como novo desdobramento das delações do grupo JBS e do doleiro Lúcio Bolonha Funaro.

Comprando briga com o funcionalismo para ter dinheiro para comprar deputados e senadores, o governo Temer confirmou que encaminhará ao Congresso Nacional nos próximos dias uma proposta de postergação do reajuste salarial dos servidores públicos federais, que ocorreria no primeiro semestre de 2018, para 2019.

Com a capacidade de raciocínio limitada, Dilma quer se candidatar ao Senado em 2018, pelo RJ ou pelo RS, e já avisou que tem certeza da vitória, porém é quase consenso no PT que suas chances são limitadas, inclusive se a referida ex-presidenta disputar uma vaga de deputada federal.

Falando para um público cada vez menor, e mais caro de se conseguir, Lula, que segue na sua Caravana pelo Nordeste, afirmou ontem que Temer destruiu o setor de construção civil e atacou a intenção do governo federal de privatizar a Eletrobras e a Casa da Moeda.

Parlamentares dizem que interlocutores de Rodrigo Janot, procurador Geral da República, sondaram deputados da base para medir a temperatura da Câmara antes da apresentação da segunda denúncia contra Temer e ouviram de um dirigente do centrão que, hoje, há forte insatisfação com o governo.

-    O constante assédio do PMDB a membros do PSB estreme cada dia mais as relações do governo com o DEM, que também atua para atrair os dissidentes do PSB.
-    Relegando Aécio ao ostracismo, a maioria dos governadores do PSDB promete apoiar Marconi Perillo para a presidência da sigla, na votação que ocorrerá em DEZ/17.

Crítica:

Bastante feliz em sua análise, a consultoria política Eurasia, que avalia riscos políticos para investidores, alertou que o grande obstáculo para a agenda econômica no Brasil é a ausência de um candidato competitivo pró-reformas em 2018, ressaltando que Alckmin, governador de SP, é a Hillary Clinton do Brasil, pois também é identificado como parte do establishment (formado pela elite política).

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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