R.B. 23/MAI/17 "Justificar o injustificável"



"Justificar o injustificável"

São Paulo, 23 de maio de 2017 (TERÇA-FEIRA).

Mercados e Economia:

Hoje (1) a BOVESPA deve subir, tentando recuperar parte das perdas recentes, beneficiada pela valorização das commodities, acompanhando o movimento ascendente das principais bolsas mundiais e impulsionada principalmente pelo aumento das “apostas” de queda do presidente Temer e (2) o DÓLAR pode cair, influenciado pelos mesmos motivos que devem melhorar o “animo” da bolsa tupiniquim e também pressionado pelos leilões de venda do BC.

Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA caiu -1,5%, com ótimo volume de negócios (R$ 12,2bi), alheia ao movimento ascendente das bolsas de NY e a valorização das commodities, já que seguiu prejudicada pela insistência do presidente Temer em se manter no poder para assim continuar com fórum privilegiado e escapar da cadeia e (2) o DÓLAR subiu 0,6% à R$ 3,27, acompanhando o “humor negativo” da bolsa tupiniquim e influenciado pela inevitável fuga de investidores do país.

Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão 0,5%, aliviada com a redução da tensão política nos EUA e com as exportadoras beneficiadas pela valorização do dólar frente a moeda local (o iene) e China -0,5%, diante do ressurgimento dos “temores” de que Pequim endureça a regulação para as operações bancárias paralelas de corretoras, (2) da EUROPA, também sem uma tendência única, em um dia de agenda esvaziada de indicadores, Inglaterra 0,3%, França -0,1% e Alemanha -0,2%, divididas entre a valorização do petróleo e as declarações Angela Merkel, chanceler alemã, que causaram valorização do euro frente ao dólar e a libra, prejudicando as ações de empresas exportadoras recuassem e (3) dos EUA, retornando às suas trajetórias de alta, S&P 0,5%, DJ 0,4% e NASDAQ 0,8%, impulsionadas principalmente pelas ações das gigantes dos setores de tecnologia e da indústria, após a notícia de um acordo de mais de US$ 100bi entre o país e a Arábia Saudita, o que beneficiou o setor de defesa.

“Escalado” para acalmar o “mercado”, Ilan Goldfajn, presidente do BC tupiniquim, voltou a ressaltar a importância do país continuar no caminho das reformas na economia apesar do cenário de maior incerteza política e destacou que política monetária não deve reagir à volatilidade do mercado de câmbio.

Ainda sem entender direito os efeitos da crise política no país, o “mercado” reduziu pela 11ª semana consecutiva suas “apostas” para a inflação medida pelo IPCA este ano, desta vez de 3,93% para 3,92%, e manteve em 0,5% suas previsões para o desempenho PIB de 2017.

“Apresentando rapidamente a conta” da falta de patriotismo do presidente Temer, que insiste em se manter na presidência para se livrar da cadeia, ontem, coberta de razão, a agencia de classificação de risco S&P anunciou que colocou sua “nota” para o Brasil em revisão para possível rebaixamento nos próximos 3 meses, ressaltando que a decisão se baseia no quadro de elevação das incertezas políticas.

Inchada de vagabundos e corruptos, como aliás acontece em 9,9 entre 10 estatais, a Eletrobrás deu uma ótima notícia ao “mercado” ao anunciar o lançamento de um plano de incentivos para o desligamento de 4.600 empregados que já tem condições de se aposentar.

Como o BNDES só empresta para “amigos do poder”, como JBS e Odebrecht, e os juros dos bancos tupiniquins são estratosféricos, segundo uma pesquisa realização pela SPC Brasil 60% dos empresários brasileiros dos setores de comércio e serviços nunca obtiveram um financiamento bancário para seus negócios.

Podendo afetar diretamente as exportações brasileiras, ontem a China anunciou que irá impor pesadas taxas sobre importações de açúcar, após um movimento de usinas domésticas em prol da medida, mas especialistas dizem que a regra pode não ser o suficiente para conter o fluxo do produto barato para o maior importador do mundo.

Com exportações 11,4% maiores do que no mesmo período de 2016, na semana passada a balança comercial brasileira registrou um superávit US$ 1,8bi, elevando assim o saldo positivo no ano para US$ 26,2bi, resultado 51% maior do que o auferido no mesmo período de 2016 (US$ 17,2bi).

-    A Ford subiu 1,6% na bolsa de NY, depois da notícia de que Jim Hackett foi nomeado executivo-chefe da montadora.
-    A Petrobrás caiu -1,6% e ontem, após o fechamento do pregão, a empresa anunciou que deu início ao processo de venda do campo de gás de Juruá, no Amazonas.
-    A JBS despencou -31,3%, em meio às incertezas em torno da empresa e dos seus controladores.

Política:

Cogitado para ser eleito presidente do Brasil em uma provável eleição indireta no Congresso Nacional, Meirelles, ministro brasileiro da Fazenda, admitiu que o cronograma da reforma da Previdência deverá sofrer atrasos em função da crise política deflagrada na semana passada, mas “garantiu” que a proposta será aprovada mesmo se o presidente Temer não seguir no comando do país.

Sócio, via doação, do BTG Pactual, amigão de FHC, companheiro de Lula, ex-ministro do Supremo e ex-ministro da defesa durante o governo Dilma, o jurista Nelson Jobim está surgindo como nome de consenso para ser o presidente-tampão do Brasil até 2018 em caso da queda do presidente Temer.

Tentando dar um ar de normalidade, o presidente do PSDB e da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Tasso Jereissati, e do relator da reforma trabalhista, o tucano Ricardo Ferraço, “garantiram” que o parecer da proposta será lido hoje na comissão hoje e que o calendário de tramitação da referida reforma está mantido.

Se aproximando do presidente, hoje a Polícia Federal prendeu Tadeu Filippelli, que atua como assessor de Temer, despacha do terceiro andar do Palácio do Planalto e, assim como Rodrigo Rocha Loures, filmado recebendo propina da JBS, fazia interlocução com o Congresso Nacional e empresários.

Mostrando que tem uma “carta na manga”, a Procuradoria Geral da República avisou que tem outras interceptações telefônicas, feitas na fase em que a Polícia Federal passou a acompanhar o caso, e que não depende da gravação feita por Joesley Batista, dono da Friboi, para provar a culpa do presidente Temer.

Abrindo a carteira para tentar segurar a base aliada e se manter no poder, ontem o presidente Temer determinou que o Ministério do Planejamento libere R$ 3,1bi do Orçamento de 2017 para atender projetos dos parlamentares.

Ainda fingindo que está ao lado de Temer, ontem, em sua primeira manifestação pública desde que estourou a crise política, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, disse, em resposta a jornalistas insistiram sobre o que ele faria em relação aos 13 pedidos impeachment do presidente, que não servirá de instrumento para desestabilizar o governo.

Obstinada em colocar o bandido tucano atrás das grades, ontem a Procuradoria Geral da República recorreu da decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, que indeferiu a prisão preventiva de Aécio Neves, pedindo que o recurso seja levado com urgência ao plenário do STF e ressaltando que o referido senador vêm adotando, constante e reiteradamente, estratégias de obstrução de investigações da Operação Lava Jato.

Como não quer “bater de frente” com o PMDB, que será fundamental para a escolha do novo presidente na eleição indireta a ser realizado pelo Congresso Nacional, o PSDB decidiu que só vai decidir se sai ou não do governo Temer após o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral da chapa Dilma-Temer, que vai ocorrer no dia 6/JUN/17.

Com o acordo tácito de que terá o suporte do PSDB e do DEM até, ao menos, o desfecho de seu julgamento do TSE, em 6/JUN/17, o presidente Temer trabalha agora para conter a construção de uma alternativa viável para substituí-lo no Planalto.

Crítica:

“Se complicando cada dia mais”, ontem, em entrevista para “justificar o injustificável”, que foi receber um bandido na calada da noite no Palácio do Jaburu, o presidente Temer afirmou que o dono da Friboi foi reclamar com ele da operação carne fraca, que efetivamente ocorreu apenas 10 dias após o fatídico encontro.

PAZ, amor e bons negócios;
Alfredo Sequeira Filho

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