"Uma oportunidade para o país fazer uma limpeza geral"
São Paulo, 6 de abril de 2016 (QUARTA-FEIRA).
Mercados e Economia:
Hoje (1) a BOVESPA deve seguir em alta, acompanhando a valorização internacional das commodities e beneficiada principalmente pelo crescimento do apoio à proposta de convocação de eleições gerais (para presidente, senador e deputado federal) no Brasil ainda este ano e (2) o DÓLAR pode cair, devolvendo parte da forte alta registrada no pregão anterior, seguindo a esperada melhora do "humor" na bolsa brasileira e o consequente fluxo positivo de recursos externos.
Ontem, no BRASIL, (1) a BOVESPA subiu 0,6%, na contramão do movimento descendente das principais bolsas mundiais, com baixo volume de negócios (R$ 5,6bi), grande volatilidade (máxima de 1,7% e mínima de –1,3%) e terminando o dia beneficiada pelo aumento das "apostas" de queda do governo de Dilma e (2) o DÓLAR subiu 1,8% à R$ 3,68, retornando à sua "trajetória natural", influenciado pela valorização internacional da moeda norte-americana e pelos leilões de compra do BC.
Também ontem, nas principais bolsas (1) da ÁSIA, sem uma tendência única, Japão –2,4%, acumulando perdas por 6 pregões consecutivos, à medida que preocupações com a desaceleração da economia japonesa e um ambiente prolongado de juros baixos afetaram ações do setor bancário, como Mizuho Financial (-4,8%) e Sumitomo Mitsui (-4,4%) e China 1,4%, atingindo o maior nível em quase 3 meses, diante da divulgação de uma série de medidas de estímulos do governo chinês e de dados econômicos do país melhores do que o esperado, (2) da EUROPA, Inglaterra –1,2%, França –2,2% e Alemanha –2,6%, prejudicada pela divulgação de dados fracos da indústria alemã e do setor de serviços da zona do euro, além de comentários de autoridades sobre a fraqueza da economia ao redor do planeta e (3) dos EUA, em queda pelo segundo dia consecutivo, ainda realizando lucros recentes, S&P –1,0%, DJ –0,7% e NASDAQ –1,0%, também em um movimento de cautela dos investidores antes de uma temporada de balanços e diante de preços de petróleo que permanecem historicamente baixos.
Mostrando um certo pessimismo, (1) Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI, alertou para os sinais incertos da economia mundial, ressaltando que as perspectivas já modestas vão cair ainda mais a não ser que as autoridades tomem ações mais fortes para impulsionar o crescimento e (2) o secretário-geral do gabinete do Japão, Yoshihide Suga, alertou sobre a valorização excessiva da moeda japonesa (o iene).
Pressionado pelos preços dos alimentos e acelerando-se tanto em relação à leitura de FEV/16 (0,89%) quanto comparado à da terceira quadrissemana do mês passado (0,92%), o IPC de MAR/16 ficou em 0,97%, patamar acima da média das "apostas do mercado" (0,89%), e com isto acumula uma alta estratosférica de 10,73% nos últimos 12 meses.
Dando mais um sinal negativo da economia brasileira, causado principalmente pela insegurança com o futuro diante de um governo incompetente e acéfalo, nos 3 primeiros meses deste ano o número de pedidos de falência no Brasil foi 31,6% maior do que no mesmo período de 2015 e os pedidos de recuperação judicial dispararam 165,7% na mesma base de comparação.
Em uma crise que parece sem fim, em FEV/16 a construção civil fechou 23,99 mil postos de trabalho em todo o país, o que representa uma queda de -0,83% na comparação com JAN/16, e o principal motivo continua sendo a paralisia das obras públicas e de infraestrutura, que são responsáveis por empregar um grande contingente de trabalhadores.
- Apresentando mais uma prova da falta de educação financeira dos brasileiros, apenas 0,3% dos imóveis do país contam com proteção de uma apólice de seguro.
Mostrando como é nocivo ao país um governo incompetente, fraco e desesperado para se manter no poder, a presidenta Dilma tentou reduzir o preço da gasolina e do diesel com o objetivo de criar uma agenda positiva para enfrentar a crise política, mas acabou não sendo adotada por causa da reação contrária do conselho de administração da Petrobras, que alertou sobre as notórias dificuldades de caixa enfrentadas pela estatal.
Ressaltando, com toda a razão, que a presidenta Dilma e o vice Temer são responsáveis pela crise brasileira, o Rede Sustentabilidade, capitaneado por Marina Silva, lançou ontem a campanha "Nem Dilma Nem Temer, Nova Eleição é a Solução" em um ato, em Brasília, que teve a participação de parlamentares da Câmara e do Senado.
- No final do dia de ontem as "apostas" da empresa de consultoria política Tendências eram de 70% de chance de afastamento da presidente, dos quais 40% por impeachment e 30% por nova eleição.
Notoriamente conhecido como "mais um petista de toga", Marco Aurélio Mello, ministro do STF e primo do ex-presidente Fernando Collor, enfrentará um pedido abertura de impeachment do Movimento Brasil Livre, que o acusa de passar por cima da separação dos Poderes ao desfazer um ato interno da Câmara.
Colocando mais um bandido para mofar na cadeia, Ronan Maria Pinto, amigo de Lula e suspeito de ter mandado matar, juntamente com o referido ex-presidente, o petista Celso Daniel, teve ontem sua prisão temporária transformada em preventiva (sem prazo determinado) pelo juiz federal Sergio Moro.
Acreditando que está acima da Lei, causou perplexidade, na oposição e até na base aliada, a decisão do ministro Marco Aurélio de Mello determinando que Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, desse seguimento ao pedido de impeachment contra o vice-presidente Michel Temer.
Conforme já era esperado, deputados de oposição e do governo afirmaram ser praticamente certo que o deputado Jovair Arantes, do PTB de Goiás e relator da comissão especial que analisa o pedido de afastamento da presidente da República, apresentará amanha um parecer favorável ao pedido de impeachment de Dilma, corroborando com a acusação de que a presidenta cometeu crime de responsabilidade ao praticar as chamadas "pedaladas fiscais" e ao liberar créditos suplementares sem que houvesse autorização do Congresso Nacional.
Mostrando o baixo nível da política nacional, ontem Paulo Maluf, provavelmente chateado por não ter sido convidado para o ministério de Dilma, veio à publico para acusar o governo de comprar votos de deputados do seu partido, o PP, em troca de cargos no governo e ressaltar que agora votará à favor do impeachment da presidenta.
A ala pró-impeachment do PP disse que a reunião da sigla, convocada para hoje, com a presença apenas dos deputados e senadores do partido, para definir a posição oficial da legenda em relação ao governo "não terá condição de deliberar" e pediu que o diretório nacional seja convocado para decidir.
Exemplo de país sério, a Islândia acordou na manhã de ontem com a notícia de que seu primeiro-ministro omitiu ser proprietário, juntamente com a sua esposa, de uma empresa radicada num paraíso fiscal, na parte da tarde a população já estava nas ruas protestando e no começo da noite Gunnlaugsson, o referido primeiro-ministro, se demitiu e pediu ao Presidente do país para dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas.
Alfredo Sequeira Filho
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